domingo, 24 de dezembro de 2006

O PROJETO ÉTICO-POLÍTICO E O ANO DE 2007

Garantir direitos é, antes de tudo, dar condições ao direito de se existir com dignidade!

O ano que está indo deixa como compromisso aos assistentes sociais o desafio de consolidar a garantia de direitos.

Estamos terminando um ano em que o recrudescimento das forças conservadoras estão se consolidando e vagarosamente se instituindo na categoria dos assistentes sociais.

É necessário, neste ano de 2007, que todos - alunos e assistentes sociais - que atuam, quer no espaço acadêmico, quer nos ditos campos de prática, se apropriem, como expressou José Paulo Neto no X ENPESS, pela totalidade como pedra angular categorial para o Serviço Social.

Neto aponta que, se os assistentes sociais não se apropriarem de fato da Questão Social como seu objeto na prática, consolidarão a violação de direitos, pois ignorarão a fonte mantenedora da desigualdade social.

E, para tanto, é necessário ultrapassar as dificuldades teóricas, que muitos de nós vivenciamos, para aprofundarmos o conhecimento através do estudo permanente, que é uma das únicas maneiras de enfrentarmos uma sociedade que está se constituindo, no cenário atual, como avessa aos direitos.

Logo, o Projeto Ético-Político deve fazer parte do cotidiano profissional dos assistentes sociais, de sua ação profissional, deixando de ser somente seu discurso favorito.

Este, portanto, se constituí no nosso compromisso e no desafio que 2007 nos confronta.
Neste momento em que estamos em um processo de reflexão sobre o que foi 2006, desejamos a todos os companheiros nessa jornada, assistentes sociais e alunos de Serviço Social, um Natal em que possamos compartilhar e partilhar esperanças, força e determinação e um novo ano que consolide o nosso caminho para a garantia de direitos.

Até 2007!

sábado, 16 de dezembro de 2006

Capacitação de Redes Sociais

Neste dia 18 de dezembro a Professora e Assistente Social Maria da Graça Türck estará, em Três de Maio, ministrando uma Capacitação de Redes Sociais pela Secretaria de Assistência Social do Município. O evento é destinado a integrantes da Rede do local.

quinta-feira, 14 de dezembro de 2006

REFLEXÕES SOBRE O X ENPESS - ENCONTRO NACIONAL DE PESQUISADORES EM SERVIÇO SOCIAL (2006.2)

Recife, bela capital de Pernambuco, que retrata com muita crueza a desigualdade social brasileira. Um povo cordato, trabalhador e explorado. É nessa cidade que os contrastes aparecem com intensidade. De um lado o mar, o sol, os banhistas, de outro, a areia – o trabalho informal, a exploração sexual infanto-juvenil e os estrangeiros, sedentos para comercializar o prazer...

A praia de Boa Viagem e os grandes arranha-céus que escancaram a voracidade da exploração imobiliária, em que grandes muros separam os ricos e os pobres, estes, os ricos, guardados a sete chaves pelos muros e pela segurança particular. O medo da violência que a concentração de renda e a desigualdade social criam permanentemente na sociedade brasileira.

População empobrecida e alcoolizada, entorpecida e explorada, este é o retrato do Brasil invisível que tão bem foi explicitado em Recife.

O X ENPESS, cuja temática – “Crise Contemporânea, Emancipação Política e Emancipação Humana” – articulou para a discussão a realidade vivida e as possibilidades de enfrentamento.

Três grandes conferencistas: Dr.José Paulo Neto (UFRJ), Dr.Marildo Menegat (UERJ) e Dra. Marilda Iamamoto (UFRJ), que nos levaram a refletir sobre este mundo real, tão perverso, que faz parte do cotidiano de todos os assistentes sociais.

Dr. José Paulo Neto trouxe para a reflexão a “Crise Contemporânea, Emancipação Política e Emancipação Humana”. Segundo ele, o Serviço Social não pode se render ao que está vindo como retrocesso. É necessário navegar contra a corrente. Esta corrente está centrada em três pilares:

1º - Polaridade mundial entre países ricos e pobres (1980), que vem aumentando desde a primeira década de 1970, pela polarização crescente entre os estados nacionais;

2º - Generalização da xenofobia e do racismo, com limites físicos entre a mobilidade das pessoas;

3º - Crise Ecológica, relacionada aos recursos naturais, principalmente, aos recursos hídricos.

Polemizou a discussão sobre a sociedade civil, a definindo como um espaço mercantil das relações. Um espaço do privatismo, em que é constituído o indivíduo possessivo.
Segundo ele, ao Serviço Social é imperativo o Código de Ética. É necessário ver o homem como ser genérico (Marx). Levantou a premissa que a emancipação humana é incompatível com a ordem do capital.

E que a pedra angular categorial para o Serviço Social é a totalidade.

E, em relação à pesquisa, Neto deu o recado: quem define a pesquisa é seu interlocutor teórico.

Já, na segunda Conferência, Dr. Marildo Menegat e Dra. Marilda Iamamoto trouxeram para a reflexão “A Conjuntura Brasileira, Lutas Sociais e Desafios do Serviço Social”.
Dr. Marildo iniciou as suas reflexões em tempo de barbárie a partir do esgotamento do modelo de exportação a partir de 1990 – em que o capitalismo iniciou uma nova fase – sua reestruturação, que, por sua vez, colocou limites intransponíveis, e foi chamado de globalização. Que este contexto traz três contra tendências:

1ª) Contra tendência – A revolução da microeletrônica, que trouxe a eliminação do trabalho humano, junto com o surgimento de novas matérias-primas oriundas da nafta (um produto do petróleo).

Logo, em seguida, vem a 3ª Revolução Tecnológica, pautada pela energia nuclear, que vai trazer uma mudança orgânica entre o capital variável (mais-valia, exploração) e o capital fixo (estrutural). O que se vê, é sempre uma renovação no processo de produção. Isto é, o que é liberado em um primeiro momento é absorvido no segundo momento.
Segundo Marildo, pela primeira vez na história do capitalismo temos o desemprego estrutural. O então chamado exército de reserva, hoje, é composto pelo o desemprego estrutural. Logo, este contexto aponta para uma crise do capital: em que a menor taxa de lucro depende da exclusão da força de trabalho.

2ª) Contra tendência – em que é possível explorar a força de trabalho profundamente, logo, a recriação do trabalho escravo para a supervalorização do capital.

3ª) Contra tendência – destruição do meio-ambiente para evitar a queda das taxas de juros.

Segundo Marildo, o mundo hoje é um grande mercado de produção de mercadorias. E o capitalismo encontra-se limitado dentro dele mesmo, pelo limite das taxas de juros, que já está posto, e pelo limite que encontra para sua expansão externa.

Segundo ele, a humanidade, se não se constituírem sujeitos sociais, para fazer frente a isto, estará fadada a desaparecer com o capitalismo.

Em relação a este movimento do capital, segundo Marildo, o Brasil passou a ter importância primária, pelo extravismo e pelo agronegócio, que encontra espaço pela desnacionalização de nossa economia e pela desestatização do estado brasileiro. Este quadro é difícil para o desenvolvimento econômico. Se tem aí, então, reflexos para um grande retrocesso.

Segundo o conferencista o Brasil é urbano e industrial e a tendência atual é de estreitar mais a relação entre o campo e a cidade. Logo, a sociedade que se desmorona, também vai se manter. É um tecido social em franca deterioração. Neste contexto a violência é endêmica e permanente. Segundo Marildo, temos duas décadas perdidas. Morrem jovens de 15 a 20 anos e quem morre, são os jovens negros.

A questão então, segundo ele, é, se este quadro permite uma grande saída. Respondeu trazendo que o caminho é pelos Movimentos Sociais. Exemplificou sua resposta através do Movimento dos Sem Terra (MST), que segundo ele, é um sintoma de que seus integrantes não aceitam a forma estrutural da sociedade. Logo, o MST é uma convulsão, é uma reação a tessitura da sociedade atual.

Segundo Marildo, o MST é uma organização da imensa massa de sobrantes, produto destas transformações. Seus integrantes são compostos pelos agricultores, pelos trabalhadores urbanos que voltam para o campo e, atualmente, mais uma segunda massa, composta pelos desempregados estruturais.

Segundo o conferencista, seu contraponto é realizado pela Revolução Verde que tem uma conexão visceral com o capital financeiro.

Já, Marilda Iamamoto, trouxe para a reflexão a necessidade dos assistentes sociais aprofundarem sua competência teórica para decifrar o capitalismo. É necessária, segundo ela, a apropriação da leitura crítica para fazer frente ao cenário atual, que é avesso aos direitos. Para tanto, é preciso realizar uma análise da profissão, e da relação entre as classes e o estado. É necessário avançarmos na crítica teórico-metodológica para dar um tratamento teórico a intervenção. Segundo Iamamoto, devemos reconhecer que o nosso Projeto é dotado de uma dimensão ético e política. Que permite aos homens reconhecer e superar os determinismos que o capital nos impõe. Que ele dá origem a novas formas de enfrentamento.

Em relação a pesquisa, Iamamoto trouxe que os desafios que esta realidade nos impõe é decifrar as novas formas da instituição do capital financeiro.

Tanto Neto, como Iamamoto sugeriram aos assistentes sociais o aprofundamento teórico para a garantia de direitos.

Logo, retomar o cenário social de Recife exposto no cotidiano de sua população é decifrar o monstro que aprisiona os brasileiros a um processo de violação de direitos para garantir a consolidação do capital financeiro.

domingo, 10 de dezembro de 2006

Saiu por Aí

Mais contribuição do boa noite pro porco. Acesse pelo menu o Saiu por Aí.

Paranóia

A edição dominical de hoje do Correio do Povo noticiou a apreensão, na madrugada de sábado, por parte de policiais militares e civis que integram uma Força-Tarefa do Ministério Público do RS, de 115 comprimidos de ecstasy, bem como a prisão de três jovens de classe média, dois dos quais estudantes universitários, com os quais foram apreendidos os referidos comprimidos, que seriam vendidos em uma festa rave no bairro Navegantes. Um dos distintos jovens ainda ofereceu aos policiais a módica quantia de R$7 mil para não ser preso.

quarta-feira, 6 de dezembro de 2006

Saiu por Aí

No blog boa noite pro porco saiu artigo sobre a banalização do sexo na exploração do tema pela RBS (afiliada da Rede Globo) promovendo o evento Planeta Atlântida. Leia a íntegra acessando pelo menu o Saiu por Aí.

Essência e aparência

É inadmissível que um evento lúdico que congrega adolescentes em fase de descoberta emocional e psicológica e que mal sabem lidar com sua sexualidade se transforme em uma ode à irresponsabilidade sexual. Crianças e adolescentes em sua maioria absolutamente não têm capacidade intelectual de lidar com mensagens maliciosas de sentido duplo.

quinta-feira, 30 de novembro de 2006

Encontro em Recife-PE

Entre os dias 4 e 8 de dezembro estará acontecendo, em Recife, na Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), o X Encontro Nacional de Pesquisadores em Serviço Social, com a temática: Crise Contemporanea, Emancipação Humana: questões e desafios do Serviço Social no Brasil.

A Professora e Assistente Social Maria da Graça Türck estará embarcando de Porto Alegre no dia 1º de dezembro. Foram enviados, ainda, 350 Cadernos GRATURCK 001 - Processo de Trabalho do Assistente Social: Elaboração de Documentação - Implementação e Aplicabilidade, para comercialização no evento, pela Cortez Editora.

Saiu por Aí

Seguindo o caso do assassinato de uma garota de 13 anos pelo seu professor de piano:

Os professores das alunas dos professores de piano
Não é preciso nem se ir muito longe. É só passar de vez em quando pelo portal Terra para confirmar: a banalização do sexo veio para ficar.
Faço, então, um recorte de duas coisas que permanecem sendo destacadas na capa deste arremedo de veículo de comunicação.
- "Na cama, mando ver nas fantasias", diz Eliana


No Saiu por Aí - acessando pelo menu ao lado -, você vê a íntegra de artigo escrito por Gustavo Türck.

Tem, também, matéria de hoje no Correio do Povo sobre a preocupação com a exploração sexual no Brasil.

quarta-feira, 29 de novembro de 2006

Bibliografia Social

Confira as indicações dos livros Inveja Criativa e Mulheres Espancadas.

Acesse através do link Bibliografia Social no menu ao lado.

segunda-feira, 27 de novembro de 2006

SUPERVISÃO: UM ESPAÇO PARA A CONSOLIDAÇÃO DO PROTAGONISMO PROFISSIONAL

Semanticamente, a palavra supervisão implica em “orientação ou inspeção em plano superior”. Esta implicação semântica estabelece dois patamares de uma relação, que pode ser estruturada a partir de um poder sustentado por um saber inquestionável, em que o supervisor se torna o dono deste saber e o aluno-estagiário, o receptáculo deste mesmo saber. É uma relação de aprendizagem em que se exige que este aluno absorva o conhecimento transmitido, sem questionar, sem refletir. Em quantos espaços acadêmicos e institucionais encontramos esta relação de aprendizagem?

Em muitos. E o resultado é encontrarmos alunos preocupados em executar tarefas propostas, previamente determinadas, assoberbados de trabalho, envolvidos em uma ciranda em que é explorado em sua força de trabalho e sem aprender a diferença entre o exercício tarefeiro imposto e a execução do processo de trabalho do Assistente Social. O que está em jogo nesta relação de ensino-aprendizagem que a supervisão proporciona é a concepção de profissão, de supervisão e, principalmente, a falta, por alguns Assistentes Sociais, da apropriação dos fundamentos teórico-metodológicos, ético-políticos e técnico-operativos e sua operacionalização nos contextos de prática. Postura esta totalmente desconectada com o Projeto Ético-Político da profissão.

E o outro patamar, em que o supervisor assume o poder, não no sentido da relação, mas o poder que emana da responsabilidade de ensinar. Que o ensinar é antes de tudo consolidar o sentido ético da profissão.

Logo, cada aluno-estagiário adquire um significado único em que o supervisor atento não deixará passar a possibilidade de identificar suas potencialidades para ampliá-las. Então, a supervisão se centrará na qualificação deste aluno, oportunizando a conquista de seu protagonismo profissional.

Portanto, a supervisão é um momento de se experienciar relações em que os alunos-estagiários vão interagir com seus iguais e com os usuários, sujeitos de seu processo de trabalho. Eles vão aos poucos aprendendo que nenhuma situação que se apresente deve ser banalizada e que articular a teoria com a prática é consolidar a garantia de direitos. Logo, ser supervisor é estar comprometido com o Projeto Ético-Político. É ensinar, aprender, superar e avançar a partir das dificuldades que o cotidiano apresenta. É saber que se aprende a todo o momento e que só se ensina ao se respeitar a história de cada aluno-estagiário, porque é a partir do vivido que nos disponibilizamos para a mudança e nos humanizamos para estarmos atentas ao outro e, conseqüentemente, para estarmos no mundo.

“É preciso que seja capaz de, estando no mundo, saber-se nele. Saber que, se a forma pela qual está no mundo condiciona a sua consciência deste estar, é capaz, sem dúvida, de ter consciência desta consciência condicionada” (FREIRE, 2006, p.107).

Portanto, o auto-conhecer é um compromisso que o supervisor que busca potencializar o protagonismo do aluno deve incessantemente buscar, porque, antes do aluno-estagiário aprender a fazer, deve aprender a ser...
Maria da Graça M. G. Türck

terça-feira, 21 de novembro de 2006

SERVIÇO SOCIAL: PALAVRAS QUE COMPROMETEM...

É no cotidiano profissional que se explicita a tensão entre os paradigmas – o marxista e o positivista – que permeiam o processo de intervenção dos Assistentes Sociais. Na fala dos profissionais – a garantia de direitos, a superação, o movimento, o usuário a situação, a Questão Social, o processo de trabalho, entre outros. Na sua ação, família desestruturada, o adolescente carente, a família pobre, o público-alvo, o caso, a resolução de problemas, o encaminhamento, a tarefa, o cliente, entre outros.

É um momento difícil para a profissão. Urge uma retomada dos fundamentos teórico-metodológicos, ético-políticos e técnico-operativos, não só na apropriação do conhecimento teórico, mas, principalmente em sua articulação na prática.

Não é mais possível ficar calada ante o retrocesso que se verifica na profissão. Este fazer pelo fazer, este descompromisso com esta articulação, o descomprometimento com o conhecimento e a insegurança dos profissionais no exercício da profissão.

Todos nós somos responsáveis: a academia, os profissionais das “franjas”, os teóricos do Serviço Social, os alunos. Esta profissão é muito mais que “receitar” fórmulas.

Esta profissão assumiu o compromisso de ser a interlocutora de direitos em relação a sua população usuária, que traz em suas vidas todas as expressões da Questão Social, porque se apropriou conscientemente de uma teoria que lhe dá sustentação teórica argumentativa para ocupar os espaços de resistência para tal.

Logo, a garantia de direitos não rima com resolução de problemas, porque garantir direitos implica em se apropriar de um conhecimento teórico que traduz a articulação da classe dominante na manutenção da desigualdade social. Esta vai tecendo o conhecimento do social a partir da consciência crítica, da tomada de posição, da concepção de sociedade e mundo. Vai desmascarando o aparente e qualificando os sujeitos na gestão de suas vidas cotidianas.

Portanto, utilizar teorias reducionistas para se apropriar da realidade é culpabilizar o sujeito pelo seu sofrimento cotidiano. E, aí, tudo vai se explicar pela família desestruturada, pobre e carente, cujo trabalho a ser desenvolvido pelo Assistente Social, se resume em entrevistar e encaminhar, em que a tarefa e a mesmice farão parte integrante de sua ação profissional.

E, conseqüentemente, utilizar palavras carregadas de significados teóricos reducionistas, que vão permeando o cotidiano profissional, é ir consolidando espaços de violação de direitos. Logo, como bem disse Martinelli, “a principal mediação é a consciência”, e esta conquista só será realizada pela articulação dos fundamentos do Serviço Social e pela sua materialização pela ação profissional do Assistente Social.
Maria da Graça Türck

segunda-feira, 13 de novembro de 2006

PROJETO ÉTICO-POLÍTICO: O CAMINHO SEM VOLTA DOS ASSISTENTES SOCIAIS

A tomada de decisão da categoria dos Assistentes Sociais, por volta dos anos 80, de assumir como orientação da profissão a defesa intransigente dos direitos humanos e a busca por uma sociedade mais justa e igualitária, passou pela constatação que já vinha sendo eixo de discussão na categoria, isto é, que seu cotidiano profissional era e continua sendo um espaço de desigualdade social.

A posição corajosa assumida pela categoria, após 200 oficinas promovidas pela Associação Brasileira de Ensino e Pesquisa em Serviço Social (ABEPSS), foi publicizar e oficializar a violação de direitos ao reconhecer que seu campo de luta é a Questão Social.

É um caminho sem volta, porque esta profissão nasceu com o estigma da caridade e da ajuda aos esfomeados, aos miseráveis, a esta população que se caracteriza pelos sem nada e que ainda se constitui em usuários do Serviço Social, independente dos Assistentes Sociais vê-los como carentes ou, então, como sujeitos com seus direitos violados.

Logo, negar a vertente teórica que ampliou o conhecimento dos Assistentes Sociais, que indicou o caminho a ser seguido, que consolidou sua identidade, é negar, que na trajetória de vida de nossos usuários, a violação de direitos existe.

O Projeto Ético-Político não deixa escolha. É o reconhecimento da Questão Social como produto da sociedade capitalista contemporânea, que tem “seu núcleo constitutivo formado pelo tripé capital, trabalho e Estado”. E cuja sustentação é realizada pelo “pilar fundamental, dado pelo sistema hierarquizado de trabalho, com sua alienante divisão social, que subordina o trabalho ao capital, tendo como elo de complementação o Estado político” (ANTUNES).

Esta é a essência necessária para a apropriação da desigualdade social e do contraponto que o Projeto Ético-Político faz ao que esta aí, a violação de direitos constituída na vida dos sujeitos que chegam nas diversas instituições que executam as políticas públicas, em busca de uma sobrevivência marginal.

O caminho dos Assistentes Sociais é, portanto, avançar, qualificar e enfrentar teorias pós-modernas, que, frente a esta sociedade perversa e excludente, propõe para o Serviço Social a negação da Questão Social, em um franco retrocesso às conquistas teóricas que fizemos e à possibilidade de romper na prática com o tarefismo profissional a partir da apropriação do aparente, com a entrevista pura e simples, utilizada como processo de trabalho e como os resultado deste trabalho, os encaminhamentos intermináveis que não levam a nada, a não ser, com a permanente violação de direitos.

O Projeto Ético-Político nos compromete como Assistentes Sociais, não permite recuos e nem negociação. Quem não se qualifica para ver além do aparente, de se comprometer com este mundo invisível dos sem direitos, escolheu errado a profissão, logo, ainda há tempo para ir em busca de outras plagas.

Já quem tem o Projeto Ético-Político como sua bússola sabe que a luta é constante e permanente e, principalmente, sabe que esta profissão é a única que tem como compromisso profissional e ético a garantia de direitos e que transforma seu conhecimento e sua competência em instrumentos de interlocução dos que não têm voz nem vez nesta sociedade que prima pela violação dos mesmos.

Maria da Graça Türck

sexta-feira, 10 de novembro de 2006

Caso Emir Sader

Para quem acha que a Ditadura Militar acabou, há alguns dias o articulista da Agência Carta Maior e professor universitário foi condenado pela Justiça por ter comentado as declarações de Jorge Bornhausen, presidente do PFL, que afirmou peremptoriamente: "Nos livramos dessa raça por 30 anos!" - acerca dos problemas que o PT enfrentava nas infindáveis CPIs. Pois Emir usufruiu do seu direito constitucional de livre expressão e comentou em um artigo e em uma de suas aulas que Bornhausen era racista.

Resultado: foi condenado ao regime semi-aberto, além de ser impedido de prestar serviços para quaisquer veículo de comunicação por alguns anos e perdeu, sumariamente, seu cargo na universidade.

Em um país que jornalistas chamam o presidente de bêbado, ou dizem que o mesmo tem que ir para a guilhotina e nada acontece, entende-se uma atitude dessas como um atentado à democracia e à livre expressão.

Pois parece que um Promotor, com um mínimo de bom senso, solicitou a anulação da sentença.

Não ignore estes fatos. CLIQUE AQUI e entenda melhor o que está acontecendo em um tribunal pertinho de você.

quarta-feira, 8 de novembro de 2006

Bibliografia Social

Ditadura e Serviço Social e Dinheiro e Liberdade são as indicações de literatura da semana.

Para conferir, acesse Bibliografia Social pelo link no menu ao lado.

segunda-feira, 6 de novembro de 2006

SERVIÇO SOCIAL, OBJETO E IDENTIDADE

Que complicado ser assistente social e a toda hora nos espaços institucionais e sócio-ocupacionais estarmos constantemente explicando que profissão é esta...

Nesta minha caminhada profissional, os assistentes sociais com quem venho mantendo contato, independente do estado em que residem, dos espaços profissionais por onde transitam, muitos trazem consigo a desesperança pela profissão. Não se reconhecem como assistentes sociais e, cansados de tanto explicar, ou, então, de buscar esta “identidade oculta” que consolida a nossa diferença no social, se conformam com o exercício da tarefa institucional ou desistem de serem assistentes sociais.

Ao participar de palestras ou seminários que tratam de responder a uma simples questão: "Eu sou assistente social e agora?", me confronto com respostas dadas a partir da identificação da profissão com as demandas institucionais e com os locais onde exercem a profissão.

Ah! O Mercado.

É preciso se preparar para o Mercado.

Existe uma “avalanche” de Cursos de Serviço Social no Brasil, formando cada vez mais assistentes sociais.

E a pergunta se faz presente.

Como, então, vamos entrar no Mercado, já que também somos trabalhadores e necessitamos sobreviver mediante um emprego e um salário?

Como se faz a diferença?

Mercado e Projeto Ético-Político, eis a grande contradição. É uma escolha difícil. Porque optar pelo Mercado é estar a favor, se qualificar para atender as demandas do Mercado.

Logo, pelo Projeto Ético-Político, é garantir direitos, é ter uma leitura das relações sociais postas em uma sociedade capitalista como a nossa. É compreender que esta luta se faz através da articulação da teoria com a prática.

Competência rima com conhecimento. E conhecimento não se acha na “esquina”. É preciso aprofundar o paradigma teórico que dá sustentação ao processo de trabalho do assistente social, para, depois, ir aos autores do Serviço Social para se direcionar este conhecimento à intervenção na articulação dos fundamentos teórico-metodológicos, éticos-políticos e técnico-operativos.

Sem conhecimento profundo da raiz teórica não adianta decorar Iamamoto, José Paulo Neto, Faleiros, Martinelli e tantos outros, porque retornamos ao começo. E agora? O que fazer?

Questão Social é o objeto do Serviço Social. É a categoria que dá argumentação e sustentação ao Projeto Ético-Político. Que denuncia a exploração, a desigualdade social, que escancara a sociedade de classes e desmascara a fala daquele jornalista da Globo News, no dia 04.11.2006, ao explicar acabrunhado o resultado das eleições: “foi o Brasil que não paga impostos que ganhou”, denunciando, sem querer, a desigualdade social com que vive a imensa maioria da população brasileira.

E é esta população, excluída, desfiliada, sem direitos, que se constitui no nosso universo de usuários, que necessita da interlocução profissional para a garantia de seus direitos.

Portanto, a nossa identidade profissional se consolida a partir da Questão Social ao ser apropriada na teoria, desvendada no cotidiano dos sujeitos e superada através do nosso processo de trabalho. Para quem aprofunda seu conhecimento teórico e se apropria dos fundamentos do Serviço Social, assumindo na prática a Questão Social como seu objeto profissional, sempre haverá trabalho.

Mas para quem se conforma com um conhecimento pífio, que se especializa em ser eficiente e eficaz e engole o eterno discurso que na prática a teoria é outra. Para estes, o Mercado reserva o espaço da tarefa, da subserviência, do espectador, da mesmice cotidiana. Porque assume o objeto institucional como seu, perde a identidade, trabalha no aparente e viola direitos.

sexta-feira, 3 de novembro de 2006

Redes Sociais

Nos dias 30 e 31 de outubro foi ministrado o Curso de Recursos e Redes Sociais. Cerca de 30 representantes de instituições - como APAE, entidades que cuidam de idosos, Abrigos, o Canta Brasil, dentre outros - participaram utilizando as suas vivências e a discussão teórica sobre importantes categorias na criação de Redes. Os temas seguintes foram aqueles abordados com mais intensidade: identidade individual e coletiva, auto-conhecimento e pertencimento.

Partindo-se do pressuposto da quebra de paradigmas, que estão incrustrados na cultura de uma sociedade como a brasileira, para a construção de uma Rede, alguns outros pontos foram sendo observados nos participantes: paciência, frustração, mediação, confiabilidade, interesse comum, ética, inveja, poder, competição, protagonismo e espectador.

Com o passar do curso, então, o grupo foi se dando conta que um processo de Rede tem uma lógica própria e única e o que vai se agregando é um conhecimento específico em relação à demanda que se vai trabalhar. E que Rede, antes de tudo, se dá a partir de uma sinergia entre sujeitos em relação a um objetivo comum, que demanda responsablidade, compromisso, comunicação, concepção de mundo e movimento.

"Falar em Rede é fácil, o difícil é o movimento que se deve realizar para a construção de uma estratégia metodológica de intervenção, que se constitui a Rede. O movimento que se vai realizar para estar na Rede, por si só, já é difícil, porque devemos sair da posição de mando, de disputa, para se compartilhar nas diferenças e na busca da garantia de direitos" - analisa a Assistente Social e Professora Maria da Graça Türck.

"Ao terminar o Curso, saí na certeza de que o caminho para consolidar a estratégia de Rede é arduo e difícil de se trilhar, porque o movimento depende da nossa própria mudança e não basta querer, temos que ir para a ação para podermos articular as instituições em Rede para a garantia de direitos. É uma luta permanente e constante, porque é mais fácil a posição vitimizadora e conformista, que faz parte de nossa cultura individualista, do que a de protagonista que sempre tem que se tomar decisões" - completa.

Documentário


Estréia no próximo dia 07 de novembro (terça-feira), às 19 horas, na sala P. F. Gastal da Usina do Gasômetro (Porto Alegre), a reportagem cinematográfica Kuaray do Sul (58 min / português / 2006).

Esta obra integra o Projeto Sepé Tiaraju – 250 anos, uma iniciativa de valorização da cultura milenar guarani e de mobilização popular pelo respeito aos povos indígenas. Com organização da Fundep – Região Celeiro e patrocínio do Ministério da Cultura e da Petrobras. A realização do filme é da Cooperativa Catarse – Coletivo de Comunicação. Contou com apoio da Via Campesina e do Centro Indigenista Missionário (CIMI).

A exibição será única e com ENTRADA GRATUITA, seguida de debate com a presença de representantes indígenas e dos movimentos sociais.

Kuaray do Sul está na seleção oficial da 11ª Mostra Internacional do Filme Etnográfico, que ocorrerá no Rio de Janeiro na segunda semana de novembro.

Sinopse
Um filme em busca do mito guarani Sepé Tiaraju junto aos movimentos populares. De como sua luz se manifesta na atualidade: no espírito, no coração e nas ações de pessoas simples.

250 anos depois, a luta por terra e dignidade ainda é a mesma: a realização da Assembléia Continental dos Povos Indígenas, em fevereiro de 2006, na cidade gaúcha de São Gabriel, antigo povoado de Batovi, nas Missões jesuíticas, que conseguiu reunir mais de 10 mil pessoas, entre índios guaranis (do Brasil, Paraguay e Argentina) e kaingangs, agricultores sem-terra, trabalhadores do campo e da cidade, comunidades quilombolas, a juventude de movimento. Lutadores. No mesmo local onde, em 1756, Sepé e seu povo morreram enfrentando a tirania do desenvolvimento cego do homem branco colonizador. O selvagem português. O selvagem espanhol.

Kuaray do Sul conta história de uma liderança verdadeira, que representa o sentimento de força do índio em seu modo de estar vivo até hoje. Apesar do massacre que se abateu sobre o povo guarani. Apesar dos 250 anos de uma tristeza que não se apaga. Porque nasce a cada dia para manter a resistência dos que têm o destino e o direito de serem indígenas.

Batalha por terra e liberdade. São as falas deste filme.



Ficha Técnica:
(Direção coletiva)
Fotografia: André de Oliveira / Entrevistas: Jefferson Pinheiro / Som Direto: Rafael Corrêa
Edição: Jefferson Pinheiro e André de Oliveira / Montagem: Julia Aguiar

Contatos:
André de Oliveira - 51-9665.9295
Jefferson Pinheiro - 51-9835.9760
Catarse - Coletivo de Comunicação - 51-3012.5509

sexta-feira, 27 de outubro de 2006

Filmografia Social


Paul volta para casa 17 anos depois de deixá-la para trás. Seu pai acaba de morrer. Um Refúgio no Passado conta com uma narrativa bem entrecortada, na qual se vai descobrindo a história de uma família. Os problemas afloram à medida que Paul retoma a convivência com sua vida...




É mais um filme que você encontra no Centro de Entretenimento E o Vídeo Levou.


Acesse pelo menu
e veja a resenha do filme!

quinta-feira, 26 de outubro de 2006

Curso em Maceió-AL

Terminou no último final de semana o curso ministrado pela Assistente Social Maria da Graça Türck em Maceió. Contando com a presença de 30 profissionais, teve como temática o Processo de Trabalho na execução da Perícia Social.

Segundo Maria da Graça, a turma correspondeu às expectativas, conseguindo realizar, a partir de um exercício, a articulação entre a teoria e a prática. "Além dessa articulação, as Assistentes Sociais se deram conta da necessidade de se reelaborar o objeto Questão Social nos espaços institucionais para se consolidar sua identidade profissional. Se deram conta, ainda, que, sem a articulação dos fundamentos teóricos-metodológicos, éticos-políticos e técnicos-operativos, o processo de trabalho se reduz a uma simples tarefa, trabalhando-se, assim, apenas com o aparente", analisa Türck.

Abaixo, uma das avaliações sobre o curso:

1. Em que o conteúdo do curso contribuiu para o processo de trabalho?
Contribuiu para o desvendamento dos objetivos institucionais e profissionais, contribuindo para a definição da identidade profissional.

2. Em que o processo pedagógico contribuiu para a articulação entre a teoria e a prática?
A partir da metodologia desenvolvida no decorrer do curso fiz uma conexão com a minha prática cotidiana profissional, conseguindo dessa forma ter mais clareza da importância do embasamento teórico redimensionando a prática e conduzindo para o rompimento de práticas imediatistas e mecânicas.

Fernanda Ramos Costa - 20.10.2006

Artur, o arteiro!


Essa semana, Rafael Corrêa, cartunista e membro da Cooperativa Catarse - Coletivo de Comunicação (assessoria de comunicação da Graturck), lançou o seu primeiro livro de tirinhas. Com um talento desses, é bem provável que seja um grande sucesso. As tiras são sobre Artur - um guri que vive sua infância nos anos 80, com muitas arteirices e grandes amizades. Sua turma é formada por Micuim, Bolacha e Capincho – parceiros de aventuras. DIRETO PRO SOE! conta um pouco da história deste piá medonho.

Alguém sentiu cheiro de autobiografia?

Pois é... Se diz que sem a alma do artista não há obra-de-arte. E o Artur tem a alma do Rafael.

Quem quiser ver um pouco mais do que o cara faz, acessa o blog dele. Quem quiser adquirir o livro, manda um e-mail para mim (gustavo.turck@terra.com.br) que a gente dá um jeito! Vai até autógrafo junto!

Ah! É 15 pilas com envio pelo correio...

quarta-feira, 18 de outubro de 2006

Saiu por Aí

Aqueles que esperam a televisão digital e, talvez, um âmbito mais democrático para a produção televisiva ainda não conhecem o YOUTUBE (www.youtube.com). Este site, que em tão pouco tempo se transformou na grande vedete da rede, foi comprado há alguns dias por BILHÕES de dólares pela gigante Google - esperamos que isso não signifique restrições aos usuários.

Pois bem. Começamos a utilizar este grande recurso no site da Graturck. Abaixo já há um vídeo postado assim e, na seção SAIU POR AÍ, postamos agora um curta-metragem produzido pela Catarse - Coletivo de Comunicação. Com apenas um minuto, sua temática é profunda e questiona a indiferença das pessoas perante uma saciedade caracterizada pelas desigualdades.

Acesse pelo menu e assista!

terça-feira, 17 de outubro de 2006

Equilíbrio


Incrível animação de origem alemã sobre o equilíbrio...

Bibliografia Social

Mais dois novos livros postados como sugestão na seção Bibliografia Social do site. Acesse pelo menu e confira as sinopses dos livros:

* História do Estupro - Violência Sexual nos Séculos XXVI - XX;

* A Construção Social da Realidade.

domingo, 15 de outubro de 2006

Curso de Perícia Social

Entre os dias 16 e 20, em Maceió, a Assistente Social Maria da Graça M. G. Türck ministra, para 32 profissionais da área, a segunda edição do Curso de Perícia Social. O curso tem a carga horária de 40 h/a.

Conteúdo Programático:

- A Perícia como atividade meio para auxiliar a justiça;
- A Perícia como atividade legal;- Diferenças e semelhanças entre Perito e Assistente Técnico;
- Breve histórico: o Serviço Social no exercício da Perícia;
- Perícia Social como especificidade do Serviço Social na área jurídica;
- A ética como balizador do exercício da Perícia;
- Perícia Social e Questão Social;
- O exercício da Perícia Social nas áreas cível, penal e seguridade social (Lei 8069/90 - criança e adolescente). Adulto;
- A instrumentalidade no exercício da Perícia Social;
- Documentação: Laudo Pericial;
- Estudo Social e Parecer Técnico.

quarta-feira, 4 de outubro de 2006

Bibliografia Social e Saiu por Aí

Na Bibliografia Social tu podes conferir novas indicações de livros sobre técnicas de dinâmica de grupo e sobre fundamentos do serviço social. Além disso, veja em Saiu por Aí uma charge do cartunista Santiago.

Acesse pelo menu ao lado!

segunda-feira, 2 de outubro de 2006

Jornada em Rio Grande

A assistente social Maria da Graça Maurer Gomes Türck participou como palestrante na I Jornada Municipal de Enfrentamento à Violência contra Criança e Adolescente. O encontro aconteceu nos dias 18 e 19 de setembro em Rio Grande e foi Organizado pelo Serviço Sentinela*.

* Serviço Sentinela é um programa de atendimento e proteção a crianças e adolescentes vítimas de várias manifestações de violência, priorizando a sexual. É um conjunto articulado de ações com a parceria do Governo Federal, Estadual e Municipal, coordenado pela Secretaria Municipal de Cidadania e Assistência Social de Rio Grande (SMCAS).

O objetivo da jornada foi a discussão e reflexão acerca do alto índice de violência contra crianças e adolescentes no município de Rio Grande, a fim de articular, com os diversos segmentos da sociedade, formas de enfrentamento e combate à violência.


Palestra ministrada pela Assistente Social Maria da Graça M. G. Türck

Violência: Uma Construção Coletiva que se Concretiza no Comportamento Individual do Sujeito

CLIQUE AQUI PARA PEGAR O ARQUIVO DA PALESTRA.

quarta-feira, 27 de setembro de 2006

Filmografia Social


O Pântano conta a história de dois núcleos familiares de características matriarcais, encabeçados pelas primas: Mecha e Tali. A família de Mecha representa a classe média decadente. O relacionamento de afeto entre as pessoas, o casamento e suas próprias vidas estão ruindo.




É mais um filme que você encontra no Centro de Entretenimento E o Vídeo Levou.


Acesse pelo menu
e veja a resenha do filme!

quinta-feira, 21 de setembro de 2006

Saiu por Aí

Confira no Saiu por Aí um relato sobre a situação social em Roraima.

"Pra começar o mais difícil de se encontrar por aqui é roraimense. Pra falar a verdade, acho que a proporção de um roraimense para cada 10 pessoas é bem razoável; tem gaúcho, carioca, cearense, amazonense, piauiense, maranhense e por aí vai".

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terça-feira, 19 de setembro de 2006

Bibliografia Social

Confira a sinopse das seguintes sugestões de literatura:

- O Cidadão de Papel, de Gilberto Dimenstein;
- A Teoria da Alienação em Marx, István Mészáros;
- O Teatro do Bem e do Mal, Eduardo Galeano.

Acesse a Bibliografia Social no menu ao lado.

quinta-feira, 14 de setembro de 2006

Filmografia Social



O Caminho para Casa é um filme que existe para passar um sentimento apenas, mas passar de uma maneira essencial, pura. É extremamente poético em tratar das relações humanas e ao mostrar a cultura chinesa.




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quarta-feira, 13 de setembro de 2006

Saiu por Aí

"Em um artigo na Veja, Lya Luft faz um inventário seletivo de indignações. Iguala sem-terras a facínoras, critica política de cotas para “pessoas de cor”, denuncia “frouxidão das instituições” e expressa vontade de “sumir de aspectos da realidade”. E diz não entender “como chegamos à tamanha decadência”. O cineasta Gillo Pontecorvo talvez tenha a resposta".

Acesse o link Saiu por Aí no menu lateral e leia o artigo "A lição de Pontecorvo para não descer a lomba", de Marco Aurélio Weissheimer.

terça-feira, 12 de setembro de 2006

Bibliografia Social

O Livro Negro do Capitalismo e Trabajo Social Familiar são as duas indicações de livros desta semana.

Acesse Bibliografia Social no menu e confira.

segunda-feira, 11 de setembro de 2006

REFLEXÕES COTIDIANAS: SERVIÇO SOCIAL E A BUROCRATIZAÇÃO DA PRÁTICA

“Quem sou eu neste espaço profissional? Se eu perder este emprego, como vou me inserir em outro espaço, se eu só sei fazer isto?”.

Estas falas que ecoam no cotidiano de muitos assistentes sociais contextualizam o grande “nó górdio” que vem se instituindo entre nós, assistentes sociais.

Muitas vezes nos “agarramos” nos empregos e perdemos o nosso prumo como profissionais, porque, quando perdemos nosso emprego, perdemos a nossa identidade.

Esta insegurança que nos persegue como profissionais está diretamente relacionada a um fazer burocrático, que constantemente nos leva a questionar esta prática.

Logo, a burocratização da prática do assistente social tem sua origem na questão da identidade da profissão, visceralmente ligada ao seu objeto. Esta realidade se concretiza quando encontramos alguns assistentes sociais que se apropriam das demandas institucionais como uma especificidade que lhes garante uma identidade. É, portanto, através de um fazer permanente, em relação a uma demanda, que vamos nos “especializando” nas demandas e vamos desenvolvendo uma prática burocrática, resolvendo os problemas institucionais e dos usuários, nos tornando “imprescindíveis” nos espaços institucionais.

“Aqui, tudo tem que passar pelo Serviço Social!".

E isto é visto como um elogio, como um “certificado” de importância no espaço institucional.

E nestes espaços, os assistentes sociais se tornam profissionais que abarcam todas as demandas institucionais, “ouvindo”, encaminhando, desatando todos os “qui-pro-cós” institucionais. E, mais ainda, quando nos municípios vamos trabalhar na Assistência Social e somos “brindadas” com a exigência do Judiciário de exercer a Perícia Social, como um “plus” a mais, e, inconformadas, temos que ouvir: “o Serviço Social está sendo prestigiado!”.

Será?!

Prestigiado pela exploração do trabalho dos assistentes sociais? Prestigiado pela precarização do trabalho? Prestigiado pelo excesso de tarefas, que agrava a burocratização da prática?

E, assim, vamos indo...

Cheias de tarefas sem sentido profissional nenhum. Temos que dar conta de tudo e, ao fim do dia, aquele sentimento de desvalia, aquele cansaço que vem do trabalho braçal. Aquele sentimento de desesperança.

E, aos poucos, uma pequena incomodação começa a se fazer presente em forma de pergunta silenciosa – “por que escolhi esta profissão?”. E, junto a ela, outras indagações passam a fazer parte deste contexto. Mas todas trazem na sua essência a mesma questão:

“Que profissão é esta? Que fazer é este que está me tornando uma profissional burocrata?”.

- “Tu sabes que eu sozinha tenho que dar conta deste programa e tenho que atender uns 40 usuários em um dia? Como pensar em qualidade? Como pensar em articulação teórico-prática? Vou me manter até achar 'coisa' melhor! Quem sabe vou fazer aquele curso de Terapia Familiar, este, sim, vai me ensinar a trabalhar” (Fragmentos de Falas de Assistentes Sociais, 2006).

E vamos construindo saídas que podem nos levar ao conformismo, como de ficarmos na resolução de tarefas. Ou, então, buscarmos especializações, como Terapia Familiar para a mudança de profissão. Se esta for a opção, deixamos de ser assistentes sociais para nos tornarmos terapeutas familiares. Ou, então, optamos em continuarmos inconformadas, buscando um caminho que consolidará nossa identidade, deixando de lado a prática burocrática, para que o nosso processo de trabalho possa realmente garantir o Projeto Ético-Político desta profissão. E, se esta é a decisão, retomamos a pergunta inicial com outro direcionamento.

Onde está a fragilidade que permeia o processo de trabalho dos assistentes sociais da “ponta”, das “franjas”?

Retorna-se, então, para o eixo principal: a questão do objeto – a Questão Social – e, naturalmente, para os Fundamentos Teórico-Metodológicos, Éticos-Políticos e Técnico-Operativos.

Esta é a diferença entre uma prática burocrática e o processo de trabalho dos assistentes sociais nos espaços institucionais. No entanto, não é só uma apropriação teórica, esta nós temos. O que está no cerne da questão é sua aplicabilidade nos contextos de prática para que o processo de trabalho se faça presente na garantia de direitos.

Maria da Graça Maurer Gomes Türck

segunda-feira, 4 de setembro de 2006

Artigos Diversos - TRANSEXUALISMO

Transexualismo é entrar em contato com o seu ser interior, é se conhecer ao extremo e abraçar toda sua essência, feminina ou masculina. É assumir seus defeitos e qualidades e se assumir como um ser humano igual a todos os outros. São pessoas fortes, decididas, revolucionárias. São honestas com um mundo que não merece a sua honestidade, por todos os dias duvidar de sua condição e tornar a própria existência extremamente desgastante.

Leia o artigo de Têmis Nicolaidis na íntegra na seção Artigos Diversos - acesse pelo menu ao lado!

sexta-feira, 1 de setembro de 2006

Filmografia Social


O Silêncio de Melinda retrata bem as relações dos jovens na idade da adolescência: os populares da escola de um lado e de outro os que são motivo de chacota. É nesse contexto que Melinda sofre abuso sexual, porém nunca conta a ninguém o que aconteceu. Mas como lidar com essa situação?



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terça-feira, 29 de agosto de 2006

VIOLÊNCIA E SERVIÇO SOCIAL

Violência abarca relações de poder, de submissão, de medo, de ganhos e de perdas. A violência não se constitui em uma via de mão única. Ela implica em uma construção de relações ao longo de uma vida. Embora seja explicitada no cotidiano, na vida dos sujeitos, ela traz implícita neste cotidiano as manifestações produzidas nas relações sociais, a partir da constituição de uma determinada sociedade.

A violência pode ser explicada a partir de diversos ângulos, dependendo de onde nasce o olhar e o conhecimento de quem explica.

Por exemplo, se este olhar e este conhecimento nascem do alto da pirâmide social de uma sociedade capitalista terceiro mundista, as categorias que emergem deste conhecimento propiciam que se resolva a violência através de mais presídios, mais segurança, mais redução da idade penal, mais controle de natalidade.

A forma de enfrentamento da violência, então, vai se centrar em um movimento de proteção entre os “cidadãos de bem” em relação aos outros – “os bandidos”.

É um olhar e um conhecimento que buscam explicar o fenômeno da violência a partir da culpabilização da pobreza e de uma concepção de sociedade centrada no paradigma positivista – “os errados devem ser adaptados”.

E o Serviço Social? O que tem a ver com isso?

Muito, considerando que, em sua trajetória histórica, a marca de sua origem trouxe para a sua intervenção na realidade o pensamento hegemônico para conhecer, explicar e intervir na desigualdade social e no seu produto – a violência.

Pobre é carente. Logo, sua carência nasce de sua impossibilidade de adaptar-se à sociedade, pela falta de responsabilidade, de qualificação para o trabalho, pela sua dificuldade em se inserir na sociedade ou pela sua dependência química ou etílica. Provavelmente, a família não foi competente. Portanto, durante um longo período os assistentes sociais explicaram a violência através da causa e do efeito.

Era nessa explicação reducionista e setorizada da violência que os assistentes sociais desenvolviam sua intervenção, através de seu objeto, na época – resolução de problemas.

Culpa nossa?

Não, porque o desconhecimento é intencionalmente produzido, e o conhecimento setorizado traz a intencionalidade na manutenção dos privilégios.

É fácil traduzir a violência pelo aparente e buscar soluções imediatas na resolução de problemas. É fácil assumir posições postas pela unanimidade descomprometida. É fácil solucionar a violência pelo armamento dos “homens de bem” ou pela “pena-de-morte”. É fácil ser assistente social em um contexto em que a pobreza é “solucionada” por políticas sociais compensatórias, sem questionamento. É fácil aceitar a guerra em nome da democracia. É fácil aceitar a morte pelo preconceito, quando sua explicação não passa de argumentação em relação à aceitação da violência. É fácil ser assistente social quando nos tornamos espectadores da própria violência, pela ausência de tomada de decisão, porque burocratizamos a intervenção.

No entanto, difícil é ser assistente social quando a consciência se apropria da violência como um fenômeno que nasce da relação capital e trabalho. Em que uma nova concepção de sociedade passa a fazer parte do cotidiano profissional. Quando a categoria rompe com o pensamento hegemônico, trazendo para sua prática uma nova leitura teórica para conhecer, explicar, interpretar e intervir na realidade social.

É difícil ser assistente social quando, ao nos defrontarmos com a violência no cotidiano, também nos apropriamos do conhecimento de que a relação capital e trabalho produz a desigualdade social e a elege como essência de sua própria manutenção.

É difícil ser assistente social e se apropriar da Questão Social como objeto do processo de trabalho que, como uma linha invisível, vai delimitar a violação de direitos como espaço de trabalho.

É difícil ser assistente social e se contrapor ao pensamento hegemônico e lutar pela garantia de direitos. É difícil ser assistente social e lutar pelos direitos humanos de qualquer sujeito, independentemente de seu comportamento. É difícil ser assistente social nos espaços institucionais em que a burocracia é mais importante que as pessoas. É difícil ser assistente social quando nos apropriamos da violência como construção de um coletivo que teima em se desresponsabilizar pela sua existência.

É difícil ser assistente social na conquista de espaços de resistência, porque ser assistente social é, antes de tudo, priorizar o Projeto Ético-Político a todo instante no cotidiano, é ter a certeza de que o caminho que vai ser percorrido é o caminho da esperança e da interlocução de direitos, para quem não tem voz nem vez em uma sociedade pródiga à violação de direitos.

Maria da Graça Maurer Gomes Türck

quinta-feira, 24 de agosto de 2006

GRATURCK lança Caderno

A partir de hoje, está à venda o CADERNO GRATURCK 001 - ELABORAÇÃO DE DOCUMENTAÇÃO (implementação e aplicabilidade).

Com o custo de R$ 10,00 (com despesas de envio inclusas para todo o Rio Grande do Sul), é possível adquiri-lo entrando em contato com a Graturck pelo telefone (51) 3223.0280, ou mandando e-mail para comercial@graturck.com.br.

Resenha:

Este Caderno se constitui em um manual de articulação dos fundamentos teórico-metodológicos, ético-políticos e técnico-operativos na elaboração da documentação em Serviço Social. Tem como objetivo operacionalizar o Método Dialético Materialista através de uma metodologia especialmente criada para tal, na execução do processo de trabalho do assistente social.

Seu conteúdo também contempla a estrutura da documentação utilizada para a supervisão de campo ou acadêmica, ilustrada por exemplos, com o objetivo de contribuir para a formação de futuros assistentes sociais. Contempla, também, exemplos de documentação do Serviço Social para circular nos espaços públicos, como Estudo Social, Parecer Técnico ou Parecer Social, na interlocução entre as instituições e os usuários na garantia de seus direitos.

quarta-feira, 23 de agosto de 2006

Filmografia Social

A ceia de natal de uma família tradicional italiana vai bem, até que a matriarca declara que ela e o marido estão muito velhos para morarem sozinhos e por isso querem mudar para a casa de um dos filhos. Daí em diante, as relações aparentemente boas daquela família começam a ruir. Parente... é Serpente é uma obra trágico-cômica sobre os resultados da violência produzida ao longo de uma vida.



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terça-feira, 22 de agosto de 2006

ESTUDO SOCIAL: UM DOCUMENTO OU UMA METODOLOGIA DE AVALIAÇÃO?

No contexto acadêmico e nos mais diferentes fóruns de participação dos assistentes sociais, vem circulando um posicionamento diferenciado entre considerar o Estudo Social como um documento específico dos assistentes sociais para propagar em espaços públicos o conteúdo de seu processo de trabalho ou, então, considerá-lo como uma metodologia de avaliação.

Se este posicionamento ficasse restrito somente a uma mera discussão acadêmica, trazê-lo a público não teria significado. No entanto, essas diferentes posições estão refletindo no cotidiano profissional dos assistentes sociais, urgindo um debate na categoria para esclarecer e direcionar o seu uso.

A posição que aqui assumimos é a de considerar o Estudo Social como o principal documento que deve circular como um instrumento de articulação e interlocução entre a garantia de direitos dos usuários e as instituições ou espaços sócio-ocupacionais. É um elemento poderoso na qualificação e na interlocução não presencial do profissional.

O Estudo Social está visceralmente articulado com o Serviço Social. Sua história é a história desta profissão, logo, compõe também a sua identidade nos espaços profissionais. Logo, manter sua estrutura e consolidá-lo como documento é garantir aos assistentes sociais um instrumento específico da categoria para garantir os direitos dos usuários e, conseqüentemente, dar visibilidade a seu Projeto Ético-Político. É, ainda, permitir a qualificação do processo de trabalho, através da explicitação de seu conteúdo, na articulação de seus fundamentos teórico-metodológicos e técnico-operativos, não permitindo que os assistentes sociais fiquem “à deriva”, quando estes necessitam explicitar seu processo de trabalho, através de uma documentação “pró-forma”, cujo conteúdo, muitas vezes, os estão levando a enfrentar denúncias em seu próprio órgão de classe.

Nesse sentido, a falta de uma definição da categoria a respeito do Estudo Social está levando alguns assistentes sociais à retomada de uma documentação articulada com o paradigma teórico que dava sustentação ao Serviço Social tradicional, como, por exemplo, o Estudo Sócio-Econômico, na implantação de serviços de triagens, de plantões nas instituições, prefeituras e extensões dos Cursos de Serviço Social. O retorno ao uso desse tipo de documentação nada mais é do que ignorar o Projeto Ético-Político do Serviço Social, a Questão Social como seu objeto e, principalmente, manter um processo de análise linear, abarcando uma realidade setorizada, cuja concepção de sociedade está alicerçada no paradigma positivista.

Além desse caminho em que estão se constituindo algumas práticas dos assistentes sociais, o uso do Estudo Social como uma metodologia de avaliação vem possibilitando a vivências profissionais constrangedoras, para não se dizer de exploração do trabalho de alguns profissionais. Seguido circula entre a categoria a pressão que alguns assistentes sociais no interior do Rio Grande do Sul estão sofrendo ao ser exigido que estes realizem “estudos sociais” para o Judiciário, a partir do entendimento de parte da categoria, de que é uma metodologia de avaliação e perícia social, ou seja, um mero instrumento.

Se o Estudo Social consta como mais uma atividade a ser executada pelos assistentes sociais, na descrição de cargos em alguns municípios, na execução de políticas públicas, ele está posto como uma metodologia de avaliação. E, se a perícia social é entendida como um instrumento a mais para se executar o estudo social, naturalmente, os assistentes sociais deverão trabalhar para o Judiciário gratuitamente, como se este trabalho fizesse parte de suas atividades nas Prefeituras em que exercem um trabalho profissional específico, na execução de políticas públicas.

No entanto, Perícia Social é uma especificidade do Serviço Social para se atuar na área Jurídica. É um exercício em que o assistente social pode e deve cobrar particularmente por seus serviços nesta área, como perito nomeado, ou, então, como assistente técnico. Existe orçamento tanto na Justiça Federal, Seção Judiciária do Rio Grande do Sul, na área de Seguridade Social, como na Justiça Estadual, previsto pelo Ato Nº 12/2004-P, para pagamento, por exemplo, de perícias, exames técnicos e de traduções e versões no âmbito do Poder Judiciário Estadual, nos casos de Assistência Judiciária Gratuita. No âmbito particular, a Perícia Social pode ser realizada através da contratação de assistente social como assistente técnico, por qualquer sujeito que entenda que seus direitos estão sendo violados.

Agora, em qualquer situação, a documentação específica do Serviço Social que deve conter o processo de trabalho do assistente social para circular no público, na garantia de direitos, é o Estudo Social. Ele vai publicizar o produto final do processo de trabalho deste profissional em qualquer espaço institucional ou sócio-ocupacional.

Portanto, retomar o Estudo Social como documentação específica da categoria para garantir direitos é se posicionar frente ao que vem circulando “à boca pequena”, quando outras categorias profissionais vêm chamando a atenção de alguns assistentes sociais para determinarem o que se utilizar no conteúdo de documentos que contemplem o seu processo de trabalho.

A indefinição em relação ao uso da documentação específica dos assistentes sociais está intimamente relacionada na apropriação dos fundamentos teórico-metodológicos, éticos-políticos e técnico-operativos. Porque a qualidade do conteúdo é que vai consolidar o Estudo Social como documento específico do assistente social para circular no público, na luta pela garantia de direitos.
Maria da Graça Maurer Gomes Türck

segunda-feira, 21 de agosto de 2006

2 Cursos na Projecto

A Professora e Assistente Social Maria da Graça Türck está ministrando 2 cursos na Projecto sobre Perícia Social (PERÍCIA SOCIAL e PERÍCIA SOCIAL AVANÇADA). Com início na primeira metade de agosto, os cursos estarão em andamento até a segunda quinzena de novembro.

O Conteúdo Programático dos cursos é o seguinte:

- PERÍCIA SOCIAL
A Perícia como atividade meio para auxiliar a Justiça. A Perícia como atividade legal. Diferenças e semelhanças entre Perito e Assistente Técnico. Breve histórico: o Serviço Social no exercício da Perícia. Perícia Social como especificidade do Serviço Social Jurídico. A ética como balizador do exercício da Perícia. Perícia Social e Questão Social. O exercício da Perícia Social nas áreas cível e penal (Lei 8069/90 - criança e adolescente. Adulto). A instrumentalidade no exercício da Perícia Social. Documentação: Laudo Pericial; Estudo Social; e Parecer Técnico.

- PERÍCIA SOCIAL AVANÇADA
O Processo de Trabalho do Assistente Social no exercício da Perícia Social através da documentação como instrumental técnico-operativo para circular nos espaços públicos na garantia de direitos. Articular os Fundamentos Teórico-Metodológicos, Ético-Políticos e Técnico-Operativos na elaboração da documentação em Serviço Social no exercício da Perícia Social. Diferenciar, se apropriar e elaborar a documentação utilizada pelos Assistentes Sociais no exercício da Perícia Social relativos a Laudo Pericial, Estudo Social e Parecer Técnico com diferentes demandas para garantir os direitos dos usuários na interlocução com a Justiça.

Ambos os cursos se direcionaram para Assistentes Sociais, Psicólogos, Educadores e outros profissionais da saúde.

A Projecto (www.projecto-psi.com.br) tem como linha de trabalho a cultura, a inovação, a ética, a responsabilidade e o compromisso social. É uma instituição que tem 10 anos de atividade e está situada na Lucas de Oliveira, 1580, Porto Alegre, Rio Grande do Sul.

sexta-feira, 18 de agosto de 2006

Bibliografia Social

Mais duas dicas de livros na seção BIBLIOGRAFIA SOCIAL.

As obras "Conheça Marx - em quadrinho" "lógica formal/lógica dialética".

Acesse pelo menu e confira a sinopse e outras informações.

terça-feira, 15 de agosto de 2006

ESTÃO BRINCANDO...

A elite brasileira está brincando quando fecha os olhos para o resultado da exploração do capital em relação à população brasileira, que traz em suas vidas todas as expressões da Questão Social.

Estão brincando quando a mídia massiva argumenta que os atos do PCC em São Paulo são produtos somente dos criminosos. Na sua cegueira contumaz e na sua surdez permanente, não enxergam os sinais e não ouvem o clamor por justiça.

Estão brincando quando discutem o seqüestro dos dois jornalistas da Globo pelo PCC e só o reduzem a um ato criminoso simplesmente.

Estão brincando quando comentam que o documento do PCC entregue para a Rede Globo reivndicava privilégios e que esta “quase máfia, tem nos seus quadros gente instruída”.

Estão brincando quando querem recrudescer a lei e violar direitos conquistados, como os indultos aos presos, porque suas bases de segurança estão tremendo.

Estão brincando quando reduzem o assassinato do turista português, ocorrido em 14/08/2006, a um ato somente de um jovem de 23 anos, drogado e morador do morro.

Esquecem o narcotráfico e a corrupção que o sustenta.

Estão brincando quando a Mídia tenta minimizar a responsabilidade da maioria dos “sanguessugas” no desvio do dinheiro destinado à saúde, ignorando que a população excluída de direitos tem consciência adquirida pelo sofrimento e pelas injustiças.

Estão brincando quando esquecem a perversidade da concentração de renda, da corrupção das instituições, dos crimes de “colarinho branco”.

Estão brincando quando a única solução que querem está posta na criminalização da pobreza.

Estão brincando quando ignoram o grito e o cansaço dos oprimidos.

Estão brincando quando querem usar a consciência crítica de quem já se apropriou do conhecimento de onde vem a exploração, para usá-la na garantia de seus privilégios, em um movimento chamado “Quero mais Brasil”.

Esta elite está brincando enquanto a paciência está se esgotando...

Maria da Graça Maurer Gomes Türck

quinta-feira, 10 de agosto de 2006

Filmografia Social



Lila Diz se desenvolve como um filme tenro dentro de um ambiente opressor. Um ambiente que transforma comportamentos inocentes em isca para situações extremamente violentas.





É mais um filme que você encontra no Centro de Entretenimento E o Vídeo Levou.

Acesse pelo menu
e veja a resenha do filme!

quarta-feira, 9 de agosto de 2006

SERVIÇO SOCIAL NA ÁREA JURÍDICA

Perícia Social como Especificidade do Serviço Social

O exercício da Perícia requer um conhecimento específico relativo à profissão de qualquer categoria profissional que transite na Justiça para subsidiar as sentenças judiciais. Seu exercício implica em um conhecimento adquirido pela experiência. Portanto, qualquer categoria profissional pode exercer a Perícia a partir da sua especificidade mediante remuneração - conforme a hora-técnica definida pelo Conselho Federal, no caso do Serviço Social - pelos serviços prestados quando chamado pela Justiça, ou contratado como assistente técnico, desde que estes profissionais possam estar protegidos pelos seus respectivos Código de Ética. Na Justiça, então, em qualquer dessas modalidades, o profissional que vai exercer a Perícia trará para o contexto jurídico um conhecimento específico pertinente a sua profissão.

Em relação ao Serviço Social na Área Jurídica, o Assistente Social, ao exercer a Perícia Social, o fará, portanto, a partir do direcionamento de seu processo de avaliação, tendo como eixo central a Questão Social, seu objeto de trabalho articulado com seu Projeto Ético-Político. Nesse sentido, ao se trazer a Perícia Social como especificidade da profissão, é necessário buscar um pouco da sua história junto ao Judiciário, detendo-se mais especificamente em Porto Alegre, Rio Grande do Sul.

Os Assistentes Sociais do antigo Juizado de Menores vêm atuando como Peritos Sociais desde 1955. A partir desta época, então, a Perícia Social como especificidade do Serviço Social foi se consolidando na Justiça Infanto-Juvenil na área da criança e do adolescente. E, a partir de 14 de novembro de 1986, pelo provimento de nº 07/1986, a direção do Foro Central de Porto Alegre abriu vagas para concurso de Assistente Social Judiciário, para implantar a Perícia Social como especificidade do Serviço Social na Vara de Família, para assessor aos Juízes de Direito, bem como para executar atividades de sua competência. Atualmente, no Foro Central de Porto Alegre, o Serviço Social atua através da Perícia Social no Juizado da Infância e da Juventude, nas Varas de Família e de Execução das Penas Alternativas e nas das Comarcas do interior do estado.

É nesse contexto que se observa que, para os Assistentes Sociais, o campo de trabalho na área da Perícia Social, como trabalho autônomo, vem se ampliando. Estes já participam do cadastro na Justiça Federal Previdenciária para serem nomeados como peritos sociais, mediante remuneração por cada Perícia Social executada. Logo, torna-se um trabalho qualificado no qual vai se implementar os fundamentos teórico-metodológicos, éticos-políticos e técnico-operativos do Serviço Social, articulados com o conhecimento das demandas que emergem através das diversas expressões da Questão Social e através das leis que devem dar conta destas.

Maria da Graça Maurer Gomes Türck

quarta-feira, 2 de agosto de 2006

A ESPERANÇA!!!

Esperança rima com inusitado, com surpresa, com resistência. Onde existe esperança, existe a mudança. Os espaços de resistência só podem ser ocupados pela esperança.

Quem tem esperança sabe esperar. Mas esta espera não é uma espera resignada, não é a espera do milagre. Não é a espera a partir da imobilidade.

É uma espera do movimento, da tática, da busca, da contestação e do combate.

Onde a exclusão está posta, a esperança surge e questiona: quem disse que tenho que aceitar passivamente a exclusão sem contestar?

Onde o preconceito aparece, a esperança questiona: por que uns são mais iguais que outros?

Onde a concentração de renda é determinada por uma minoria, a esperança surge e questiona: que história é esta de manter a desigualdade pelo poder e pelo interesse de uma minoria?

Onde a opressão é coordenada pelo analfabetismo e pelo salário de fome dos professores, a esperança questiona: quem são vocês, minoria poderosa, que pensa que poderá oprimir sem resposta?

Onde os poucos donos dos latifúndios optam pelo pasto para o gado, ignorando a fome da população, a esperança questiona: quem são vocês que ignoram o movimento do campo?

Onde a violência institucional age sem repressão, a esperança questiona: quem são vocês que ignoram o descrédito nas instituições?

Onde a monocultura dos eucaliptos assume o espaço da agricultura de sustento com as benesses dos poderosos, a esperança questiona: quem são vocês que debocham da seriedade de quem defende o respeito à agricultura de alimentos?

Onde se joga aos quatro ventos que todos têm preço, a esperança responde: quem são vocês que tratam as pessoas como mercadoria e que ignoram que quem tem princípios não tem preço?

Onde inocentes são mortos em nome da democracia, a esperança responde: quem são vocês que, em nome da "democracia", fazem a limpeza étnica, se apropriam das riquezas dos países, matam inocentes e justificam a matança! Esquecem que quem tem esperanças também tem fome de justiça?

Onde o descompromisso passou a fazer parte das relações, a esperança ataca: tem compromisso quem tem fé na humanidade, que busca na esperança o caminho para mudanças, que sabe que os poucos que dominam não são os donos do mundo e que podemos realizar as mudanças, quando a esperança avança contra o imobilismo, quando transforma a apatia em indignação e a indignação em luta.

A esperança aponta o caminho, porque este é o espaço de resistência que os oprimidos devem ocupar para garantir direito à dignidade.

Maria da Graça M. G. Türck

Saiu por Aí

Tá na Agência Carta Maior. Eles fizeram uma iniciativa de pedir que várias pessoas escrevessem cartas ao "arqueólogo do futuro". Uma delas é essa que publicamos aqui, neste site, de Luís Fernando Veríssimo.

Os últimos anos de paciência
"O Brasil sempre foi de uma minoria autoperpetuada, mas nunca, no passado, a maioria teve como agora uma noção tão nítida do seu banimento interno, do seu exílio sem sair do lugar".

Acesse Saiu por Aí pelo menu e leia o artigo na íntegra!

terça-feira, 1 de agosto de 2006

Bibliografia

Confira mais dua indicacações de literatura: "Gêmeas Silenciosas" e "A Insegurança Social - O que é ser Protegido?".

Clique no Menu ao lado e leia as informações.

sexta-feira, 28 de julho de 2006

Filmografia Social

Hoje, a indicação é o filme Mistérios da Carne. Um retrato fiel de um dos maiores problemas que crianças e adolescentes têm efrentado hoje em dia: a pedofilia. Mas o filme não é só isso. Com uma temática forte, aborda também a relação nas famílias destas crianças e como passado vários anos eles efrentam uma nova realidade.


Mistérios da Carne é mais um filme que você encontra no Centro de Entretenimento E o Vídeo Levou.

Acesse pelo menu
e veja a resenha do filme!

Espaços de Resistência


Clique no link ESPAÇOS DE RESISTÊNCIA no menu para saber mais sobre o Independize oseu Pensamento!



quinta-feira, 27 de julho de 2006

Entrevistas

Foto e entrevista: André de Oliveira


Tu podes ler na seção ENTREVISTA a conversa com Prego, artista do Rap e Hip Hop do bairro Bom Jesus.

Acesse pelo menu e leia a entrevista!

Bibliografia Social

Tem mais duas dicas de livros na seção BIBLIOGRAFIA SOCIAL. São as obras "A Fome - Crise ou Escândalo?" e "O Significado $ecreto do Dinheiro - ...e como ele atua nas famílias despertando amor, inveja, compaixão e raiva".

Acesse pelo menu e confira a sinopse e outras informações.

Saiu Por Aí

Acrescentamos na seção SAIU POR AÍ uma seqüência de ilustrações e charges de humor inteligente em powerpoint.

Acesse pelo menu e confira!

terça-feira, 25 de julho de 2006

ESCUTE!!!

Escute este choro silencioso que só eu escuto, porque ele nasce de dentro de mim.

Onde ir quando se olha ao redor e o cotidiano está cada vez mais denso, mais pesado?

Quando a esperança de um mundo melhor está cada vez mais distante?

Quando as esperanças pela justiça social vão por terra, após anos de luta?

Onde encontrar forças para continuar na luta, quando ao nosso redor tudo grita pelo consumo, pelo reducionismo, pelo esquecimento, pela negação de responsabilidades na violação de direitos?

- Eu não agüento mais...

Eu não agüento mais olhar para aquele adolescente na esquina que implora por comida a transeuntes indiferentes.

Eu não agüento mais ter que esperar que um banco estatal, que perdeu na justiça um processo trabalhista, não pague o que deve, levando ao desespero seu ex-funcionário que está perdendo tudo, porque não pode utilizar o dinheiro que é seu e que se encontra em depósito judicial.

Eu não agüento mais, porque quem tem seus direitos negados, não encontra voz e vez para garantí-los.

Eu não agüento mais ouvir o pensamento hegemônico circulando livremente por uma mídia comprometida e manipuladora.

Eu não agüento mais ouvir mentiras oficiais, oficiosas e cotidianas.

Eu não agüento mais a argumentação costumeira para manter privilégios e negar direitos.

Eu não agüento mais a desinformação, a falta de solidariedade, a falta de respeito.

Eu não agüento mais o desrespeito à Constituição Brasileira.

Eu não agüento mais saber que a educação virou mercadoria.

Eu não agüento mais tantas crianças na rua, tanta exploração sexual infanto-juvenil.

Eu não agüento mais saber que “um novo mundo é possível” e a todo instante me confrontar com as barreiras sociais, econômicas e políticas para destruí-lo.

Eu não agüento mais a dor de quem tem fome de justiça.

Eu não agüento mais a vaidade nas relações.

Eu não agüento mais o silêncio frente às injustiças.

Eu não agüento mais as drogas lícitas e ilícitas que amordaçam a rebeldia da juventude.

Eu não agüento mais o preconceito.

Eu não agüento mais o massacre de inocentes em guerras fratricidas justificadas pela ganância de poder.

Eu não agüento mais a destruição das florestas, a morte dos pássaros, o desrespeito à natureza.

Eu não agüento mais a ambição desmedida dos homens que pouco a pouco vão destruindo a sua própria humanidade.

Eu não agüento mais a minha consciência que me fez ver este mundo invisível e me deu a dimensão exata do significado da Questão Social!

Por qual caminho devo seguir?

Transformar esta angústia infinita em raiva incontrolável e sair aos quatro cantos numa batalha solitária de denúncias?

Ou parar e escutar o mundo invisível?

Escutar o choro da desesperança e não se imobilizar, porque, junto ao choro, posso agregar a esperança e a luta por mudanças cotidianas.

Escutar e olhar, para me dar conta do significado que é poder contribuir, ensinando quem não sabe ler a descobrir um novo mundo em que as letras articuladas lhe darão dignidade e sentido para a luta.

Olhar e se comprometer é transitar junto aos amortecidos pelo álcool e pelas drogas, trazendo para o debate que a luta pela dignidade e por um mundo melhor se faz pelo movimento e não por uma retórica passiva de quem se tornou um espectador da própria vida por não ter tido a coragem de lidar com suas próprias limitações e seguir adiante.

Logo, é se apropriar de que escutar é olhar, olhar é se comprometer e se comprometer é seguir na luta, mesmo que não se agüente mais...
100% Maria da Graça Maurer Gomes Türck

sexta-feira, 21 de julho de 2006

Artigos Diversos

Artigo retirado da Agência Carta Maior, feito pelo jornalista Marco Aurélio Weissheimer (autor do blog RS Urgente, indicado aqui para acesso diário), acerca do terrorismo de Estado praticado por Israel no Líbano:

Direito de defesa?

Defensores dos ataques de Israel no Líbano reivindicam direito de defesa do país contra agressões de grupos terroristas. Mortes de civis, incluindo crianças, seriam um preço a pagar. Além do problema moral, esse argumento apresenta fragilidades factuais e políticas.

Acesse pelo menu e leia!

Filmografia Social

Todas as quintas-feiras, contando agora com o apoio do Centro de Entretenimento E o Vídeo Levou, se estará apresentando uma nova sugestão de filme que tenha a temática relacionada com Questão Social.



Nesta semana, sugere-se o filme O Mundo de Leland. Uma obra que constrói o retrato do abandono de maneira muito sensível através da vida de um garoto de 15 anos.

Acesse pelo menu
e veja a resenha do filme!

terça-feira, 18 de julho de 2006

Bibliografia Social

Acesse a seção Bibliografia Social pelo menu ao lado e confira mais duas indicações de livros: Ética, um discurso ou uma prática social?; e Adolescência: pelos caminhos da violência.

segunda-feira, 17 de julho de 2006

O PROJETO ÉTICO-POLÍTICO E A DENÚNCIA: GARANTIR DIREITOS DE QUEM?

Na emergência de um hospital qualquer, em uma cidade qualquer, em um estado brasileiro qualquer, em uma noite fria de inverno, em um ano qualquer, como acontece todas as noites, um morador de rua chega para ser atendido.

Em sua aparência, em sua dor, em sua saúde debilitada, se apresenta toda a crueza explicitada pelo aparente. É atirado em uma maca, ao descaso, esperando por um atendimento que nunca chega. É um morador de rua...

Suas condições de vida são precárias e seu estado de saúde mais ainda. Agoniza na maca – o morador de rua!

Um médico qualquer, destes que ignora o seu juramento profissional* – (...) “Aplicarei os regimes para o bem do doente, segundo o meu poder e entendimento, nunca para causar dano ou mal a alguém”, se nega a atendê-lo: “Não vou ver este fedorento!”, diz.

Nesta recusa de atendimento a alguém que traz em sua vida todas as expressões da Questão Social, está posta a luta de classes de uma sociedade capitalista terceiro-mundista, representada ali pelo “homem de branco”, que exerce o poder de vida ou de morte, já que tem a qualificação técnica para salvar uma vida.

O pensamento hegemônico da classe dominante utiliza-se da infra-estrutura e da superestrutura para manter-se, utilizando como instrumento principal este próprio “homem de branco”, que ignora o seu juramento.

Mas e quem liga para um morador de rua?! Sempre está bêbado. Não tem família. Mora na rua. E incomoda...

“Não vou atender este fedorento!” – é uma frase constantemente repetida em relação a este que também tem direito ao atendimento médico, em um hospital qualquer, com uma emergência qualquer. De tão repetida, se banaliza. A escuta se torna inútil, a boca se cala, e a indiferença se institui em um espaço que deve priorizar o atendimento integral à saúde. À saúde de qualquer um.

“Art. 5º - Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se, aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País, a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade” (CONSTITUIÇÃO BRASILEIRA, 1988, p.223).

Para quem este artigo garante direitos?! Com certeza, não para este morador de rua, que agoniza esperando atendimento em um hospital qualquer...

Mesmo assim, um “homem de branco” qualquer, que não respeita as premissas de sua profissão, não está sozinho no exercício de salvar vidas. E onde estão os outros? São tantas as categorias profissionais necessárias para se fazer uma emergência funcionar...

Pode-se afirmar, então, que a resignação, em um hospital qualquer, na aceitação do descaso em relação ao morador de rua que agoniza, sem se ir contra esta situação, explicita, sim, uma expressão da Questão Social. O controle social foi transformado por um grupo de profissionais pela subjetivação – campo de valores –, que vem diretamente do mecanismo ideológico que compõe a superestrutura, e pela objetivação – as relações sociais determinadas pelo modo de produção capitalista.

“A resignação é um dos mecanismos mais eficientes de controle social porque se estabelece no interior, na subjetividade do próprio sujeito social, seja ele indivíduo ou classe social. Se aceita a ordem social, suas leis, seus mecanismos, seus horizontes, como algo inevitável e que não tem como nem por que sofrer mudanças. Se existe miséria é porque assim tem que ser, é parte do destino de cada um, é a vontade de Deus” (SOUZA, HERBERT, 2004, P.35).

Então, em um hospital qualquer, as regras postas para o atendimento foram determinadas pela idéia de não se atender ao “fedorento”, contrariando-se, assim, um juramento que – este, sim – não é qualquer: “(...) se eu cumprir este juramento com fidelidade, que me seja dado gozar felizmente da vida e da minha profissão, honrado para sempre entre os homens; se eu dele me afastar, ou infringir, que o contrário aconteça”*.

Em um corredor qualquer, morre alguém após horas agonizando. Seu pecado mortal: ser morador de rua e estar fedendo por falta de banho.

Ledo engano. Ele morreu porque faz parte de uma camada da população que carrega consigo a desigualdade social. São coisas que se explicitam nas relações sociais, na reificação, fetichização, mais valia, alienação e na luta de classes, que permanentemente se fazem presentes no cotidiano dos sujeitos, mantendo, assim, as relações de violência e de violação de direitos.

E aqueles dentre os “homens de branco”, que respeitam o seu “Juramento de Hipócrates”, ou dentre as outras categorias de profissionais, por que não ajudam?

Será que ignoram que, na existência de um pensamento hegemônico, é necessário o seu contraponto? Que um pensamento contra-hegemônico poderia, sim, ocupar alguns espaços de resistência em um hospital qualquer? Será que eles desconhecem que, na própria negação, está posta a confirmação de seu contrário? E que a negação de atendimento a este morador de rua fedorento e doente é uma violação constitucional?

As coisas poderiam acontecer de maneira diferente nestes hospitais quaisquer. A resignação bem que poderia se transformar em resistência. A violação, em garantia de direitos. Dessa forma, com certeza, as noites anoiteceriam de maneira bem diferente naquela cidade qualquer. Para quaisquer que fossem os profissionais, mas, principalmente, para aqueles fedorentos e maltrapilhos seres humanos. Aliás, para estes basta apenas um bom banho e uma roupa limpa.

Já para os outros...
Maria da Graça Maurer Gomes Türck


*Juramento de Hipócrates, acessado em GINECO.com.br, em 16.07.2006, às 18:30.

Luta de Classes

Bastilha x Carandiru

O que a Revolução Francesa tem a ver com o que se passa em São Paulo? Leia este artigo retirado do blog Diário Gauche (http://diariogauche.zip.net) e escrito por Cristóvão Feil. Acesse a seção ARTIGOS DIVERSOS pelo menu e confira uma análise bem interessante sobre mais esta expressão da Questão Social na sociedade brasileira.

Este é um dos blogs indicados para acesso diário por este site/blog. Você encontra o link ali ao lado ou na sessão Espaços de Resistência.

Acesse TODOS os dias!

Saiu por Aí

Foi postada na seção SAIU POR AÍ deste blog/site uma mensagem de Bono Vox, vocalista da banda U2, para os Estados Unidos e para todos aqueles que assistiram ao seu show ao vivo, ou pela HBO (canal estadunidense retransmitido, no Brasil, pela NET/SKY e Directv). Acesse pelo menu ao lado e assista!

sexta-feira, 7 de julho de 2006

PROCESSOS SOCIAIS E EXPRESSÕES DA QUESTÃO SOCIAL: UM DESAFIO NO COTIDIANO DOS ASSISTENTES SOCIAIS

A Violência contra o idoso é uma expressão da Questão Social.

Ao nos determos sobre a violência contra esta faixa da população, vamos detalhadamente identificando os Processos Sociais que estão imbricados nesta expressão: preconceito, isolamento social, abandono, violência física e aposentadoria indigna. Ao mesmo tempo, se tem também os movimentos dos idosos na garantia de seus direitos, que redundaram, por exemplo, no Estatuto do Idoso, a partir da Política Nacional do Idoso – Lei nº 8.842 de 4 de janeiro de 1994.

Logo, ter nesse contexto a Questão Social como objeto do Serviço Social é também se apropriar dos espaços de resistência para se fazer frente, de forma competente, à violação de direitos. Para o Assistente Social, o desafio no exercício de sua profissão é trazer a articulação do cotidiano com os Processos Sociais, entendidos como um espaço de tensão entre o capital e o trabalho, e se apropriar da contradição posta nesta relação. É a partir daí que o Projeto Ético-Político dá o direcionamento para que a profissão não se exima de ter uma posição.

Como, então, ter este entendimento amplo, a partir do Método Dialético Materialista, e trabalhá-lo no “miúdo”? No cotidiano?

A Questão Social chega para nós profissionais na figura de um usuário, neste caso, o idoso, trazendo em sua fala seu sofrimento: “meu filho bate em mim todos os dias!”. Esta fala está carregada por processos que foram moldando sua subjetividade, através da subjetivação/objetivação, e delineando seus espaços relacionais de violência.

Ignorar que o Processo de Trabalho do Assistente Social se inicia por um sujeito e pelo seu sofrimento, é negar este indivíduo singular. E não vê-lo inserido em uma sociedade capitalista, em que as relações sociais se articulam a partir da reificação, fetichização, mais-valia, alienação e da luta de classes, é reduzir a desigualdade social a um mero “problema Social” de responsabilidade individual e obscura.

Mas é neste movimento dialético de apropriação de um contexto social amplo, a partir da leitura de um fenômeno através das categorias de historicidade, totalidade e contradição, que o Processo de Trabalho do Assistente Social vai garantindo direitos a um sujeito singular, sim, cujo sofrimento vai explicitando a Questão Social em toda a sua trajetória de vida.

Maria da Graça Maurer Gomes Türck

quarta-feira, 28 de junho de 2006

O FIM É SEMPRE UM RECOMEÇO!

O processo de conhecimento é estar sempre atento. É acordar pela manhã, olhar o sol e enxergar a paisagem. É se dar conta de que esta sempre será diferente a cada manhã que eu acordar.

Nada é igual. O igual é o aparente, que não explicita o movimento das superações sucessivas que acontecem todos os dias, a todos os momentos.

Trabalho de Conclusão de Curso para os futuros Assistentes Sociais é um momento único na vida de quem aceita o desafio de ir em busca da síntese de anos de aprendizagem, às vezes articulada, às vezes fragmentada. É um movimento de superações, não só do conhecimento, mas de superações de nossa própria vida, porque ele implica em tomada de decisões. Decisões de ir fundo e sair renovada, diferente, satisfeita, porque estou nele. Porque, ao buscar a articulação do conhecimento a partir das Diretrizes Curriculares do Serviço Social, vou aos poucos compreendendo a profissão que escolhi. E sinto um friozinho percorrendo minha espinha.

Esta profissão não flexibiliza a realidade. Não dialoga com a mesmice. Não contemporiza com a dubiedade. Não aceita a argumentação teórica que ignora a desigualdade. Pelo contrário, ao nos apropriarmos dos Fundamentos Teórico-Metodológicos, Ético-Políticos e Técnico-Operativos, vamos nos dando conta que o Serviço Social tem um lado.

O que é o fim, para alguns, é sempre um recomeço para os Assistentes Sociais que caminham na luta pelos direitos.

Logo, orientar Trabalho de Conclusão de Curso é estar construindo junto aos alunos um conhecimento vivo, porque ele se articula com o vivido e traz presente esta profissão difícil de encarar, porque ela exige posição, concepção de mundo e um vir a ser que constantemente renova o anteriormente aprendido.

Portanto, o fim traz na sua essência o recomeço, um recomeço que não aceita conformismo, acomodação e conhecimento aos pedaços, porque “tem que partir ao mesmo tempo do pré-existente e do esperado, recorrer não só ao contexto imediato, mas também ao passado e à expectativa do futuro” (ARRUDA).
Maria da Graça Maurer Gomes Türck
Foto: Fabiana Mendonça (Catarse - Coletivo de Comunicação)