terça-feira, 2 de julho de 2013

SERVIÇO SOCIAL: PROJETO ÉTICO-POLÍTICO E A ‘CURA GAY’!

Estamos às vésperas de uma votação importante no Congresso Nacional. Depois das náuseas provocadas pela aprovação em meados de junho do projeto apelidado de "cura gay" pela Comissão de Direitos Humanos, capitaneada pelo fundamentalista religioso deputado Marco Feliciano, o Brasil tem a oportunidade de mostrar, para além das mobilizações que estão na rua, que este é, sim, um novo momento na nossa história, que, finalmente, estamos chegando na maturidade de um país desenvolvido.

Mesmo assim, é preciso analisar a aprovação pela Comissão de Direitos Humanos da Câmara deste projeto de decreto legislativo que autoriza o tratamento psicológico para alterar a orientação sexual de homossexuais. Este ato, infelizmente, dá guarida ao que de mais torpe existe no ser humano: a legalização do preconceito – a partir da prepotência, da ignorância, da desumanidade, ao lançar, em pleno século XXI, as trevas da Idade Média. Esta decisão retoma na história o recrudescimento da "caça às bruxas" – do tempo do Macartismo estadunidense e da inquisição católica europeia – os motivos são diferentes, mas a INTOLERÂNCIA é a mesma.

A orientação sexual, alguns afirmam, é uma determinação biológica, outros, uma opção, mas, independente de sua origem, com certeza não é uma doença que deva ser curada. Dentre tantos caminhos, é mais uma maneira de se amar e de se viver a intimidade, sem ameaçar os "homens de bem" – defensores da moral e dos bons costumes! QUE MEDO!

Palavras que lembram os tempos da ditadura militar, que amordaçaram por quarenta anos os anseios de democracia da juventude brasileira, muitas vezes calada pela força das baionetas, muitos, mortos pela tortura perversa e sádica dos torturadores, muitos, ainda hoje, perdidos, aguardam justiça. Novamente, estas vozes voltam para "acender a fogueira da inquisição" com respaldo, novamente, no que existe de mais retrógrado e torpe na sociedade brasileira.

É neste momento, em que a indignação me sufoca, que me manifesto na defesa de nosso Projeto Ético-Político. Como assistente social, independente de minhas crenças, do que levo para pautar minha vida pessoal, que lanço meu grito de indignação contra a barbárie social que está se instituindo na sociedade brasileira através da Comissão de Direitos Humanos – que ironia – da Câmara Federal. Este movimento se inicia apontando à orientação sexual, mas com certeza quer abrir o caminho para instaurar as trevas da Idade Média. É preciso que o coletivo profissional se movimente pela defesa intransigente dos direitos humanos e pela busca permanente de uma sociedade justa e igualitária, porque, segundo Brecht, "na manhã do novo dia, ainda na aurora, os abutres se levantarão em negras nuvens, em costas distantes, em vôo silente, em nome da ordem".
Assistente Social Maria da Graça Maurer Gomes Türck