quarta-feira, 30 de abril de 2008

Prêmio Cidadania em Respeito à Diversidade

A transexualidade como uma refração da Questão Social que desvenda o mundo invisível de preconceito e de exclusão.



Documentário independente sobre Transexualidade ganha o 8º Prêmio Cidadania em Respeito à Diversidade

A Associação da Parada do Orgulho GLBT de São Paulo criou, há oito anos, o Prêmio “Cidadania em Respeito à Diversidade” visando premiar os fatos mais significativos para a comunidade GLBT brasileira no cenário político, social e cultural.

Na categoria Vídeo o premiado desse ano é o documentário Questão de Gênero, por abordar a transexualidade de uma maneira muito bonita, buscando apreender a vivência de sete pessoas transexuais, a partir de seus cotidianos e histórias, de um jeito livre de estereótipos.

A premiação se dará no dia 22 de maio na Praça da República em São Paulo, na 8ª Feira Cultural GLBT.


Sobre o filme:
Questão de Gênero
(clique aqui para acessar o site do filme - informações, contatos, fotos e vídeos)


Questão de Gênero acompanha a vida de sete pessoas que, em comum, têm o sentimento de que nasceram em um corpo que não era seu. Homens que nasceram mulheres, mulheres que nasceram homens contam como se descobriram transexuais e como buscam viver em sua verdadeira identidade de gênero.

O documentário Questão de Gênero foi produzido de maneira independente, na ponte Porto Alegre - São Paulo, ao longo de 1 ano. A característica principal é uma equipe pequena que procurou realizar um trabalho com qualidade, livre para a experimentação, objetivando a produção de conteúdo que venha a contribuir na discussão da transexualidade.


Porquê a transexualidade?

Transexuais são alvos de muito preconceito. Estes vindos de heterossexuais, homossexuais e travestis demonstrando a grande dificuldade em entender o que é ser um transexual, pois é quase sempre confundida com travestismo e tratada como uma "opção", quando, na verdade, se trata de uma condição inerente à pessoa, conflito de identidade de gênero-corpo. Comumente definida como uma alma de mulher aprisionada em um corpo masculino, ou "vice-versa".

Além dos conflitos internos de identidade, o transexual tem que enfrentar um longo caminho de adversidades para alcançar condições básicas de vida. O longo e penoso processo de avaliação antes de obter o laudo para a cirurgia de redesignação sexual: psicoterapia, terapia hormonal; cirurgias plásticas e, ainda, outras batalhas como a alteração dos documentos, a aceitação da família, da sociedade e do mercado de trabalho.

Mas o que sentem as pessoas transexuais? Como foi suas infâncias e adolescências? O que querem? Como vivem num mundo que não as entende como realmente são?

terça-feira, 22 de abril de 2008

Notícia

(clique na imagem para ampliar o mapa)
Dia 23.04.2008 - a GRATURCK estará realizando uma oficina temática "A Perícia Social no Âmbito do Serviço Social" - das 8:30 às 12h e 14:30 às 15:30h, para 30 assistentes sociais em São Luís do Maranhão, promovido pelo Ministério Público da capital.

Perícia Social em Bento Gonçalves











No dia 12.04.2008 iniciou o Curso de Perícia Social promovido pela Associação dos Assistentes Sociais de Bento Gonçalves e ministrado pela GRATURCK.

Compartilhar conhecimento, experiência e consolidar espaços de trabalho autônomo objetivando a interlocução e mediação de direitos é uma das finalidades deste curso.





quarta-feira, 16 de abril de 2008

Graturck em Charqueadas


Algumas imagens da Capacitação da Rede de Atendimento de Mulheres Vítimas de Violência que aconteceu no dia 10 de abril de 2008 em Charqueadas - Rio Grande do Sul.
Em breve postaremos, aqui neste espaço, um vídeo com depoimentos de algumas participantes da Capacitação.























Fotos: Têmis Nicolaidis
Catarse - Coletivo de Comunicação

segunda-feira, 14 de abril de 2008

VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER

Este assunto no âmbito do cotidiano profissional e pessoal vem quase sempre sendo visto sob uma perspectiva reducionista e culpabilizadora. Se há uma mulher vítima é porque tem um homem agressor, logo, uma vítima e um culpado. Esta perspectiva produz um efeito devastador no trato da violência contra a mulher. Por exemplo: se a mulher retorna para o companheiro/marido que a agrediu, é porque ela é tão “sem vergonha” quanto ele. E esta atitude vai consolidando no meio profissional o preconceito, isto é, não vale profissionalmente investir esforço e trabalho na mudança. “Esta mulher gosta de apanhar!” - é a máxima que vai permeando os espaços de construção de possibilidades de garantia de direitos.

Esta realidade então vem desvendando o primeiro espaço para ser trabalhado, antes mesmo de se investir em um trabalho com mulheres vítimas de violência: o espaço profissional. É neste espaço que os pré-conceitos se consolidam e vão minar os atendimentos. Portanto, é necessário, antes de tudo, romper com paradigmas que trazem para o contexto profissional o reducionismo no trato com a violência. É propiciar o entendimento que a violência é construída no coletivo e que vai se manifestar através da expressão das necessidades dos sujeitos. Que, em qualquer relação construída, as responsabilidades no direcionamento destas relações fazem parte de todos os envolvidos.

Este seria o primeiro movimento que se deveria realizar para deflagrar a mudança do instituído nos espaços institucionais e ou sócio-ocupacionais que trabalham com violência contra a mulher. A apropriação da totalidade vai dar conta que a violência contra a mulher é só o aparente, porque através dela vêm a violência contra a criança, com o idoso, com as pessoas portadoras de deficiência, dentre outras. É a violência em uma sociedade capitalista tendo sua origem na relação entre capital e trabalho, cujas relações de produção instituem a sociabilidade reificada. Concomitantemente, vai se reproduzindo através de profissionais que, por se apropriarem de explicações reducionistas para explicar tal violência, vão se tornando “hospedeiros da opressão” em relação a si próprios e em relação aos sujeitos de sua ação profissional.

terça-feira, 8 de abril de 2008

Oficina e Curso

Nos dias 9 e 10 de abril, ocorre a Oficina de Redes em Charqueadas, promovido pela Prefeitura Municipal através da Coordenadoria Municipal da Mulher, que prioriza melhorias nas condições da vida das mulheres em situação de violência, a partir da conjugação de ações de qualificações de profissionais ligados à Rede para Atendimento às Mulheres Vítimas de Violência.
O tema da oficina é:
Redes de Apoio: a) o que são?; b) como organizá-las?
No conteúdo programático, serão utilizadas situações concretas para a operacionalização da oficina.

E, dia 12 de abril, acontece o Curso de Perícia Social, iniciando-se no Centro de Formação Projecto em Porto Alegre e, em 14 de abril, em Bento Gonçalves.

A mídia corporativa constrange

Serviço Social sem análise de conjuntura não é Serviço Social, é subserviência social.
Profissionais que atuam sem contextualizar sua ação são meros tarefeiros e hospedam a própria opressão.
Dentro dessa lógica, abaixo segue um artigo indignado da Ana Paula, que já foi presidente da FASC, sobre um painel "daqueles" promovido e transmitido ao vivo pela RBS.

Constrangimento...

No último dia 2 de abril, participei junto com outros oito convidados de debate promovido pela Rede RBS sobre o tema do “constrangimento gerado pelos moradores de rua aos cidadãos”.

De lá para cá, venho pensado sobre a experiência e os fatos ocorridos no debate, o que me faz trazer algumas questões para a reflexão.

Parto do seguinte questionamento: o que, em toda a temática, deve causar constrangimento?

Penso que o constrangimento real e concreto é o fato de vivermos em uma sociedade em que muitas pessoas são submetidas a circunstâncias de vida sem a mínima dignidade, a tal ponto de ir para as ruas das cidades mendigarem ou buscar a sobrevivência diária, da forma em que esteja a seu alcance.

Constrangimento é ouvir o Subcomandante da Brigada Militar do Rio Grande do Sul, Cel. Mendes, dizer que recolhe pessoas, como se fossem lixo, e as leva sem o menor critério, visto que “são um saco de gatos”, para um quartel da Brigada Militar, mantendo-as privadas de liberdade por algumas horas. Trata-se, portanto, de uma autoridade pública de nosso Estado, que prende pessoas, sem estarem em flagrante delito e sem ordem judicial, pelo simples fato de estarem nas ruas. Como se criminalizar a pobreza estivesse no âmbito da sua absoluta discricionariedade, ou no espaço de poder que lhe está delegado institucionalmente.

Constrangedor é ouvir o juiz de direito Felipe Keunecke de Oliveira, responsável por uma Vara Criminal da Capital, dizendo que a solução para a criminalidade, ou para a pobreza, pois não necessariamente se estivesse tratando de crimes, é a construção de presídios. Visto que o “problema da sua própria atividade jurisdicional” estaria no constrangimento de ter que prender e não ter onde, ou ter que escolher entre autores de crimes de ameaça e latrocidas...

Constrangimento é observar a pressão a que foi submetida a única convidada do debate que trabalha junto à população de rua, Iara Ramos, como se ela, ou organização não-governamental que ela representa, é que estivessem equivocadas ao tratar as pessoas em situação de rua como “seres humanos”.

Parece que estamos vivendo um momento no Estado bastante constrangedor... As instituições e autoridades são capazes de ir aos meios de comunicação expressando-se como se não estivéssemos em um estado democrático de direito, onde existe uma Constituição que há quase vinte anos prevê diretos individuais, como o direito de ir e vir, para “todos os cidadãos”, além de diretos sociais, os quais devem ser tratados com força normativa e institucionalizante de uma ordem social capaz de garantir a dignidade humana.

Parece que temos muito a caminhar no sentido do desvelamento do pré-conceito que fecha os olhos das pessoas frente à humanidade de outras pessoas. A indiferença faz com que se sinta constrangimento frente ao invisível, que só ganha visibilidade quando faz aflorar as contradições sociais, que se prefere estejam escondidas.

Conforme refere Zigmunt Bauman, a sujeira só é sujeira dependendo do lugar em que ela se encontra. E exemplifica: o sapato pode estar limpo, se estiver no pé ou no chão. Se estiver em cima da mesa, por mais limpo que esteja, está fora de lugar, e representa a sujeira.

As pessoas que estão em situação de rua só “são consideradas lixo”, por quem as entende assim, e na medida em que estão “fora de lugar”, ou seja, se estiverem invisíveis à sociedade formal, presas ou encarceradas nas periferias, talvez não causem constrangimento...

Ana Paula Motta Costa