quarta-feira, 31 de janeiro de 2007

Saiu por Aí

"Parece piada de mau gosto. Está lá, no site do Governo do Estado, a notícia de que o advogado Renato Lauri Breunig assumirá na próxima quinta-feira, como diretor-presidente da Fundação Estadual de Proteção Ambiental".

Acesse Saiu por Aí no menu ao lado e leia a notícia na íntegra.

terça-feira, 30 de janeiro de 2007

Bibliografia Social

Confira na Bibliografia Social (acesso pelo menu ao lado) os livros: Elogio de La Culpa, de Marcos Aguinis e Psicanálise da Maternidade, de Nancy Chodorow.

segunda-feira, 29 de janeiro de 2007

O DESAFIO PARA TRABALHAR COM GARANTIA DE DIREITOS

O primeiro desafio que nós, assistentes sociais, temos que nos confrontar para trabalharmos com garantia de direitos é nos apropriarmos da perspectiva teórica que desvenda a violação de direitos em uma sociedade latino-americana. É irmos em busca da contradição, da totalidade e da historicidade. Um trio categorial imprescindível para entender, por exemplo, o morador de rua que cotidianamente atravessa nosso caminho ao perambular pelas ruas de qualquer cidade brasileira.

Não é possível trabalharmos com garantia de direitos a partir do que se está tentando implantar na sociedade gaúcha – que a violência é doença.

As artimanhas que a irresponsabilidade de parte da sociedade hegemônica, dita pensante, utiliza para justificar uma sociedade desigual chega às raias da hipocrisia mais perversa.

Como é cômodo julgar a violência pelo viés da doença. Aí, tudo se explica e intencionalmente a responsabilidade vai se diluindo e consolidando a alienação.

Pai agressor, cidadão desempregado, culpa de quem? Provavelmente deste homem, que naturalmente, não estudou porque não quis, está desempregado porque não se capacitou e agride o filho porque é doente.

Como é fácil e cômodo trabalhar com uma compreensão teórica que nega a sociedade de classe, que ignora a desigualdade e que explica a violência pela desadaptação e pela doença.

Como é fácil propor soluções, como o controle da gravidez precoce com adolescentes “pobres”! Como é fácil utilizar justificativas em que teremos menos “bandidos” para assombrar os “homens de bem” da sociedade brasileira, estes, sim, “trabalhadores” que se beneficiam da concentração de renda, do agronegócio e do sistema financeiro, dentre tantos outros...

Trabalhar com garantia de direitos não é fácil e, para nós, assistentes sociais, que temos como orientação de nossa profissão a garantia intransigente de direitos e a busca por uma sociedade mais justa e igualitária, é mais difícil.

É mais difícil porque temos que assumir que o nosso objeto de trabalho é a Questão Social, e que o nosso espaço de atuação vai se localizar exatamente na contradição, ocupando os espaços de resistência.

Não temos escolha, porque esta profissão assumiu na sua origem os “pobres” como sujeitos de sua intervenção, logo, temos que explicitar a nossa posição frente às desigualdades sociais. Assistente social sem posição em relação à violação de direitos e sem a apropriação da categoria totalidade tem o título, mas não sabe a que veio como profissional. Fazer de conta frente à violência cotidiana é negar a própria profissão que elegeu para exercer. É negar a história de uma profissão que vem sucessivamente se superando para encontrar um caminho para dar voz e vez para quem tem todos os seus direitos negados.

Sabemos que foi no transcorrer da consolidação do Serviço Social como profissão que nós, assistentes sociais brasileiros, como categoria, ampliamos a nossa compreensão teórica do surgimento da “pobreza” latino-americana e encaramos de frente a desigualdade social, não como produto de uma patologia, mas, sim, como produto intencional da relação capital e trabalho que se instituiu a partir da Questão Social.

Logo, é necessário que cada vez mais, nós, assistentes sociais, nos apropriemos do conhecimento teórico que faz o contraponto ao que está posto na sociedade brasileira e que dá sustentação ao nosso processo de trabalho.

Que possamos assumir com ousadia o nosso Projeto Ético-Político para irmos para a luta competente pela garantia de direitos, com a certeza de que a dignidade profissional se conquista a cada dia que a luta se realiza.

Maria da Graça Maurer Gomes Türck

quarta-feira, 17 de janeiro de 2007

A IMBECILIDADE A SERVIÇO DA VIOLAÇÃO DE DIREITOS...

No domingo, 14.01.2007, li no jornal Zero Hora, digno(?) representante da imprensa marrom, que circula no sul do país, o comentário da chamada “articulista política” Rosane Oliveira a respeito do “trato” que a atual gestão da prefeitura de Porto Alegre está “obsequiando” os moradores de rua da capital do Rio Grande do Sul.

"Mesmo que os sem-tetos resistam em se mudar para os abrigos oferecidos pela prefeitura, fechar as pontes do Dilúvio foi uma medida acertada do prefeito José Fogaça, que ofereceu uma opção digna para quem mora em condições desumanas".

Ao me deter sobre este comentário, meu estômago reclamou: “Chega de deglutir! Não vais te expressar, assistente social?! Teu Projeto Ético-Político não é a defesa intransigente de direitos?"

E aqui estou sentindo o nojo Sartreano tomando conta de mim...

Pobre Porto Alegre, que já foi a capital dos direitos, ao sediar o Fórum Social Mundial – ao buscar espaços de convivência nas diferenças étnicas, culturais e de classe.

Pobre Porto Alegre, hoje reduzida à mediocridade, à insensibilidade, à avidez do lucro e ao desrespeito aos direitos.

Como cidadã, como assistente social, não posso me calar frente à tamanha ignomínia, frente à omissão social, frente ao marasmo descomprometido de uma população que vê calada, paralisada e descomprometida a violação de direitos! Esta, escondida atrás de uma retórica emplumada que representa o que há de mais retrógrado e violento nas relações sociais postas em uma sociedade capitalista excludente terceiro mundista.

"É muito difícil para um morador de rua como eu conseguir trabalho formal. A sociedade quer que eu tenha qualificação, experiência de vários anos e também um comprovante de residência. Às vezes, penso que não faço parte mesmo dessa sociedade, pois só tem valor quem tem dinheiro" (L.C.G., 40 anos, 2004).

Ignorar quem são os moradores de rua, de onde eles surgem, é desconhecer a Questão Social, é virar as costas para a violência transvestida pelo desemprego, pelo preconceito, pela dependência química e etílica, pelo abandono, pelo salário de fome, pela fragilidade das políticas públicas, pelo trabalho informal, pela corrupção institucional, pela concentração de renda.

Até entendo que o dito “cidadão de bem”, se sinta mal em olhar para os moradores de rua, para estes, a atual gestão da Prefeitura de Porto Alegre faz bem, porque está “limpando” a cidade. Logo, quem não vê não se envolve e aplaude a medida, justificando que os abrigos estão disponíveis, que esta população está na rua porque quer, ignorando intencionalmente a desfiliação social que a sociedade capitalista brinda aos moradores de rua.

"Quando eu morei no Viaduto da Azenha, nós é que fazíamos nossa comida. Ganhávamos ou juntávamos restos pela cidade e depois juntava e fazia uma comida só para todos. Era bom, pois o cardápio era variado todos os dias" (R.O., 21 anos, 2004).

Agora, não tem mais Viaduto. O único direito de ir e vir, de permanecer, está sendo negado aos moradores de rua, que já têm todos os seus direitos negados na capital que, um dia, foi reconhecida pelo mundo como a capital da garantia de direitos...

Como dói ter consciência...

Maria da Graça Maurer Gomes Türck

quarta-feira, 10 de janeiro de 2007

HOMENAGEM PÓSTUMA

À MESTRA, ASSISTENTE SOCIAL LÚCIA CASTILHO, COM CARINHO E AGRADECIMENTO.

No dia 09/01/2007, ao abrir o e-mail, tomei conhecimento do falecimento de minha Mestra, Professora Assistente Social, Lúcia Castilho.

E quero, neste momento de profundo pesar, prestar minha homenagem àquela que marcou indubitavelmente a minha construção como sujeito e como assistente social.

Mestra que me ensinou a pensar reflexivamente, a buscar o conhecimento, a amar o Serviço Social e a Filosofia, em anos duros de repressão ao livre pensar.

Suas aulas, muitas vezes difíceis de acompanhar pelas metáforas usadas, hoje compreendidas com muito maior discernimento, porque distanciadas da época da ditadura e da mediocridade galopante, continuam a fazer parte permanente de minha essência como pessoa e como profissional.

Com certeza, o Serviço Social ficou mais órfão pela perda de uma das figuras mais humanas, mais comprometidas e pelo imenso conhecimento que legou às gerações de Assistentes Sociais.

Querida Mestra, a dor e a saudades são imensas, e só posso te dizer obrigada.

Obrigada por ter compartilhado a tua humanidade e o teu saber. Obrigado por fazer parte de minha construção.

Obrigado...

POA, PUC/RS – Serviço Social, 10/12/1976

quinta-feira, 4 de janeiro de 2007

O APARTEID É AQUI!...

Tirar uma semana e ir comemorar o 2007 na praia de Balneário Camburiu, Santa Catarina, céu e mar azul, foi tudo o que queria.

Praia maravilhosa, tempo impecável, sol brilhante, mas, de repente, olhamos para os lados, e o aparente começa a ser desvendado.

Carros importados desfilando pela Avenida Atlântica. Ferrari estacionada, brilhante com seu vermelho impecável.

De um lado, o mar azul, no asfalto, o desfile da classe dominante em seus carrões importados, em um espaço de terra em que o m² tem seu valor triplicado, só possível de ser desfrutado por quem pode jogar dinheiro pela janela.

Ao longo da Av. Atlântica, um paredão de edifícios imponentes, que chega a ser assustador pelo poder que deles emana...

Na praia, aparentemente, todos nós nos igualamos, por desfrutarmos da mesma areia, do mesmo sol e do mesmo mar. Mas um olhar mais atento começa a descortinar as diferenças pelas jóias exibidas, pelas bebidas consumidas, pelo comportamento exibicionista de alguns freqüentadores.

Ampliando, então, o olhar, nos damos conta de que a negritude inexiste na praia, a não ser acompanhada por seus companheiros de outra etnia. Portadores de Necessidades Especiais ou Deficiência Física, um número ínfimo, que não figurará em nenhuma estatística, com certeza, e nem pobres.

Mas a desigualdade é explicitada pelos vendedores ambulantes, que o tempo todo caminham no sol escaldante pela orla, para venderem a mercadoria trazida do Nordeste. Ou, então, por vendedores de cerveja, de jornais e de babás.

O Apartheid é aqui. Ele está espraiado em todo o Brasil. E traz a sua marca escancarada pelos muros dos condomínios de luxo, encontrados, por exemplo, na Praia da Boa Viagem, em Recife. Ou na Estrada do Mar, para quem vai para a Praia de Capão da Canoa, no Rio Grande do Sul. Ou no Balneário Camburiu, em Santa Catarina.

O Apartheid é aqui...

2007 entra pedindo um grande debate da sociedade brasileira por parte, ao menos, daqueles que não se conformam com a desigualdade social, daqueles que lutam pelos direitos, daqueles que sabem que, quando a “corda” não segurar mais, a avalanche dos injustiçados cobrará as contas...

Maria da Graça Maurer Gomes Türck