quarta-feira, 7 de novembro de 2007

CONSELHO REGIONAL DE ASSISTENTES SOCIAIS DE ALAGOAS – UM ESPAÇO DE RESISTÊNCIA E DE FORMAÇÃO CONTINUADA

Desde 2004 venho partilhando com o CRESS de Alagoas de seu esforço em proporcionar aos seus filiados um espaço de formação e de discussão sobre a “prática miúda” dos assistentes sociais. E é neste espaço que intensamente temos vivido a resistência no sentido de proporcionar aos assistentes sociais a possibilidade de articulação de sua prática com os fundamentos do Serviço Social. Este tem sido um dos espaços profissionais que vem me proporcionando aprofundar conhecimentos a partir do debate constante com esta categoria comprometida com o Projeto Ético-Político.

E, mais uma vez, no dia 23.10.2007, retornei de Maceió após um intenso convívio com 43 assistentes sociais, em que trabalhamos a Perícia Social como uma especificidade do Serviço Social, na interlocução de direitos dos usuários com os espaços jurídicos.

Diga-se de passagem que venho, ao longo destes quatro anos em que ministro este curso, me defrontando com o grande “nó” da categoria. Este “nó” vem aparecendo com intensidade, independente do lugar onde este Curso vem sendo realizado, quer seja no Rio Grande do Sul, em Alagoas ou no Maranhão, dentre outros.

A dificuldade é sempre a mesma. Como se faz a articulação dos fundamentos do Serviço Social, no concreto, na prática cotidiana?

E, sempre ao finalizar os cursos, as avaliações trazem o mesmo recado, aqui explicitado por uma assistente social alagoana:
“Estamos ‘acostumadas e cansadas’ de sentar para ter um curso ou capacitação, onde só vemos a teoria. Neste, pudemos conviver na prática, ou seja, praticando, como deve ser o trabalho do assistente social, sem deixar de lado os fundamentos do Serviço Social” (L.L., 207.2).

Acredito que esta constatação é no mínimo preocupante e nos remete à seguinte questão: como construir esta “ponte” entre a teoria e a prática para possibilitar a garantia dos direitos de nossos usuários?

Logo, acreditamos que os espaços acadêmicos e os órgãos representantes da categoria necessitam ouvir as vozes que vem das bases.

É necessário construir esta ponte para a preservação do que tão arduamente conquistamos – o projeto Ético-Político e sua sustentação a partir dos fundamentos teórico-metodológicos e técnico-operativos.

E, em todos os momentos em que tenho o privilégio de compartilhar conhecimento com os assistentes sociais que militam no cotidiano profissional, este se torna um momento ímpar, de renovação de energia e de esperança.

Porque são nestes momentos que emerge com toda a sua concretude o Projeto Ético-Político, intensamente vivido pela contradição que nos confrontamos ao nos apropriarmos das fragilidades e da resistência postas a partir de nosso conhecimento no cotidiano profissional.

E ter estado com as assistentes sociais alagoanas para discutirmos nossa prática articulada com os fundamentos foi obter a certeza que a “ponte” vem sendo construída e sedimentada pelo Projeto Ético-Político.