domingo, 30 de dezembro de 2007

SERVIÇO SOCIAL: O QUE FICOU PARA 2008?

Um 2007 que finda foi um ano de muitos desafios para o Serviço Social, uma profissão que vem traçando seu caminho na contramão do instituído consolidado pelo neoconservadorismo que lentamente, mas nem tanto, vem tomando conta do cotidiano das pessoas.
Ouvir nos espaços acadêmicos o discurso da pluralidade para justificar que no Brasil não existem mais classes sociais, no mínimo, para os assistentes sociais, é um contra senso, já que seu campo de atuação sempre foi o da pobreza. Na época, a leitura que o Serviço Social fazia da pobreza trazia embutida a justificava da carência, logo, resolvendo a carência individual, o trabalho estaria realizado.
Bons tempos aqueles, para os acomodados de hoje, em que o Serviço Social tinha como seu objeto a mera “resolução de problemas”, quer fosse individual, quer, institucional. Foi a fase que gosto de chamar infantil, ingênua, necessária para o crescimento de uma profissão jovem ainda, que estava tateando em um mundo desconhecido, levada pela mão de seu pai – o capital.
Hoje, quando o Serviço Social já atingiu a fase adulta, que rompeu teoricamente com esta leitura de realidade e estabeleceu a tensão necessária à mudança nos campos de prática, propiciar o retorno do neoconservadorismo é no mínimo perverso. Perverso porque traz embutida em sua lógica argumentativa a retórica do novo: é novo dizer nas empresas que não se tem mais trabalhador, mas sim colaborador; é novo ensinar para os alunos que a complexidade dá sustentação à intervenção na realidade para o Serviço Social, que, segundo palavras da grande pesquisadora MINAYO, “a complexidade é só uma maneira de pensar a realidade, não tem método, nem metodologia”; é novo pregar aos quatro ventos, na área do Serviço Social, em alguns espaços acadêmicos, as diretrizes curriculares e assassiná-las nas salas de aulas.
Pergunto, então, porque não ir para os pós-graduação e construir este novo para ser discutido no âmbito da categoria, para depois ser ensinado? Não, a moral dessa lógica perversa é ir minando cabeças e mentes iniciantes no mundo acadêmico. É uma lógica que impõe sem discussão e aos poucos vão destruindo o que tão arduamente foi conquistado.
No entanto, espaço e escuta ainda existem. Mas por quê?
E a resposta vem imediata: alguns pensadores atuais do Serviço Social necessitam ouvir a voz das bases. Elas clamam pelo caminho que possa garantir a aplicabilidade da teoria na prática. Para uma profissão eminentemente interventiva é necessário para sua sobrevivência, a partir de sua orientação social dada pelo seu Projeto Ético-Político, a garantia desta articulação tendo como eixo a Questão Social.
Logo, é preciso dar com urgência à ameaça do neoconservadorismo que perpassa pela profissão respostas no enfrentamento do cotidiano através da articulação dos fundamentos em que se saia do discurso para uma ação consistente e qualificada que possibilite a garantia de direitos dos nossos usuários que trazem em suas vidas todas as expressões da Questão Social.
E o que fica para os assistentes sociais em 2008? A luta pela manutenção do Projeto Ético-Político e dos fundamentos do Serviço Social, mas mais do que tudo. É consolidar a articulação entre a teoria na prática para instituir a interlocução de direitos. Fica também a luta pela autonomia da profissão a partir de seu referencial teórico no enfrentamento ao poder instituído pelo seu próprio pai – o capital!

quarta-feira, 7 de novembro de 2007

CONSELHO REGIONAL DE ASSISTENTES SOCIAIS DE ALAGOAS – UM ESPAÇO DE RESISTÊNCIA E DE FORMAÇÃO CONTINUADA

Desde 2004 venho partilhando com o CRESS de Alagoas de seu esforço em proporcionar aos seus filiados um espaço de formação e de discussão sobre a “prática miúda” dos assistentes sociais. E é neste espaço que intensamente temos vivido a resistência no sentido de proporcionar aos assistentes sociais a possibilidade de articulação de sua prática com os fundamentos do Serviço Social. Este tem sido um dos espaços profissionais que vem me proporcionando aprofundar conhecimentos a partir do debate constante com esta categoria comprometida com o Projeto Ético-Político.

E, mais uma vez, no dia 23.10.2007, retornei de Maceió após um intenso convívio com 43 assistentes sociais, em que trabalhamos a Perícia Social como uma especificidade do Serviço Social, na interlocução de direitos dos usuários com os espaços jurídicos.

Diga-se de passagem que venho, ao longo destes quatro anos em que ministro este curso, me defrontando com o grande “nó” da categoria. Este “nó” vem aparecendo com intensidade, independente do lugar onde este Curso vem sendo realizado, quer seja no Rio Grande do Sul, em Alagoas ou no Maranhão, dentre outros.

A dificuldade é sempre a mesma. Como se faz a articulação dos fundamentos do Serviço Social, no concreto, na prática cotidiana?

E, sempre ao finalizar os cursos, as avaliações trazem o mesmo recado, aqui explicitado por uma assistente social alagoana:
“Estamos ‘acostumadas e cansadas’ de sentar para ter um curso ou capacitação, onde só vemos a teoria. Neste, pudemos conviver na prática, ou seja, praticando, como deve ser o trabalho do assistente social, sem deixar de lado os fundamentos do Serviço Social” (L.L., 207.2).

Acredito que esta constatação é no mínimo preocupante e nos remete à seguinte questão: como construir esta “ponte” entre a teoria e a prática para possibilitar a garantia dos direitos de nossos usuários?

Logo, acreditamos que os espaços acadêmicos e os órgãos representantes da categoria necessitam ouvir as vozes que vem das bases.

É necessário construir esta ponte para a preservação do que tão arduamente conquistamos – o projeto Ético-Político e sua sustentação a partir dos fundamentos teórico-metodológicos e técnico-operativos.

E, em todos os momentos em que tenho o privilégio de compartilhar conhecimento com os assistentes sociais que militam no cotidiano profissional, este se torna um momento ímpar, de renovação de energia e de esperança.

Porque são nestes momentos que emerge com toda a sua concretude o Projeto Ético-Político, intensamente vivido pela contradição que nos confrontamos ao nos apropriarmos das fragilidades e da resistência postas a partir de nosso conhecimento no cotidiano profissional.

E ter estado com as assistentes sociais alagoanas para discutirmos nossa prática articulada com os fundamentos foi obter a certeza que a “ponte” vem sendo construída e sedimentada pelo Projeto Ético-Político.

quarta-feira, 3 de outubro de 2007

SERVIÇO SOCIAL: UMA PAIXÃO INTERMINÁVEL!

Às vezes me pergunto: como posso ainda estar apaixonada pela profissão que escolhi há tantos anos?
O que me move nesta paixão por uma profissão que transita na tensão entre a teoria e a prática?
E que traz mais incertezas do que certezas a quem a escolheu?
Uma profissão que luta permanentemente contra a sua identidade historicamente atribuída nos espaços miúdos da prática.
Uma profissão que tem que estar constantemente em luta para ser reconhecida, para garantir espaços de interlocução.
De onde nasce esta paixão?
Ah! Ela nasce dos sujeitos de nossa intervenção, porque eles nos dão o sentido de suas invisibilidades. Porque descobrimos o mundo real em seus cotidianos.
Porque eles nos conectam com nossa própria humanidade e vamos lentamente descobrindo esta profissão que abre este mundo invisível dos excluídos. Que nos proporciona a convivência com sujeitos que nos ensinam a sobrevivermos, apesar da barbárie.
A paixão pelo Serviço Social nasce à medida em que se nutre da paixão que estes mesmos sujeitos de nossa intervenção mantêm viva na nossa humanidade. Porque esta só se manifesta pela conexão visceral com a injustiça, pela sede de justiça e pela permanente esperança “que outro mundo é possível”...
Maria da Graça Türck

terça-feira, 11 de setembro de 2007

Projeto em Sapiranga

Esse Boletim Informativo está sendo desenvolvido pela Catarse - Coletivo de Comunicação em conjunto com a Graturck, desde agosto, no Condomínio Monte Castelo (Sapiranga/RS). O Boletim representa a parte de comunicação do trabalho Técnico Social desenvolvido pela Graturck.

Clique na imagem para ampliar e ler o conteúdo do Informativo.

Primeira Edição - Agosto de 2007

Capa e Contracapa



Página Central




Segunda Edição - Setembro de 2007

Capa e Contracapa



Página Central

segunda-feira, 3 de setembro de 2007

Curso de Perícia Social na Projecto

Esta foto marcou o último dia (4 de agosto) do Curso de Perícia Social ministrado pela Professora Maria da Graça Türck na Projecto Centro Cultural e de Formação, localizada na Rua Lucas de Oliveira, 1580, em Porto Alegre.

13 alunos participaram do curso, que procurou propiciar a articulação entre a teoria e a prática, sendo que um dos produtos foi a elaboração coletiva de Estudo Social, a partir de uma situação concreta trabalhada durante o transcorrer do curso. Dessa forma, tornou-se possível a apropriação, por parte dos alunos, da Perícia Social como uma especificidade do Serviço Social e a importância da operacionalização do Método Dialético Materialista, através do processo de trabalho do assistente social, na interlocução dos direitos dos usuários junto à Justiça.

segunda-feira, 27 de agosto de 2007

A ARTICULAÇÃO ENTRE A TEORIA E A PRÁTICA: SUBALTERNIDADE E AUTONOMIA

A trajetória histórica do Serviço Social vem se constituindo na “eterna” dificuldade de consolidar na prática a teoria, cuja relação direta está posta na subalternidade e na autonomia.
A pergunta é sempre a mesma: como realizar esta articulação no concreto?
Esta questão também vem se constituindo em nossa permanente angústia.
No entanto, mais recentemente, ao nos debruçarmos com mais profundidade sobre o tema, temos nos deparado com a origem da profissão. Mais precisamente, vamos nos dando conta de que para superarmos esta dicotomia é necessário, antes de tudo, nos apropriarmos da gênese da profissão e aceitarmos a identidade atribuída no início de sua origem, em relação à desigualdade social posta na sociedade capitalista brasileira. Esta tomada de consciência é tão necessária como o ar que respiramos, para podermos superá-la, transformando a subalternidade em autonomia profissional na garantia de direitos.
A profissão nasceu com uma identidade atribuída, logo, em seus primórdios, foi se constituindo em um corpo, cuja cabeça já pertencia a outro corpo: o capitalismo.

Isto implica fundamentalmente a tomada de consciência da inquestionável origem do Serviço Social no âmago do projeto político da burguesia capitalista emergente, tendo sido criado como uma estratégia de intervenção amortecedora no tecido social, com vistas a evitar um conflito direto com o proletariado (SEVERINO, apud MARTINELLI, 1989, p.1).

Portanto, seu caminho e seu objeto já estavam determinados, - logo, a subalternidade constituída em sua própria origem. Os assistentes sociais, na época, só deveriam agir a partir da concepção de sociedade vigente e consolidada pelo pensamento hegemônico da classe dominante. Portanto, seus “tutores” já tinham definido a linha mestra de sua intervenção na realidade.
“Essa aliança de berço cria, sem dúvida, uma complicada situação para o Serviço Social quando se propõe, através de seus agentes críticos, a questionar o sentido de sua intervenção na sociedade” (SEVERINO, apud MARTINELLI, 1989, p.1).
Portanto, quando a categoria buscou a articulação entre a teoria e a prática, ao longo das décadas de 1970 a 1980, a contradição se explicitou e o caminho levou, ao mesmo tempo, à ruptura teórica e ao tensionamento da prática no concreto.

A contradição básica entre alienação e crítica, entre prática conservadora e prática política, revolucionária, se não totalmente resolvida, ao longo do tempo tornara-se uma contradição consciente e assumida. A própria identidade, no curso desse processo dialético, deixou de ser encarada como algo estático, imóvel e definitivo. Posta em seu lugar no cerne do movimento, envolvida por múltiplas forças contraditórias, a identidade começou a ganhar uma nova dimensão de força viva, de movimento permanente, de construção incessante (MARTINELLI, 1989, P.133).

Ainda não se conseguiu totalmente romper na prática com a identidade atribuída, com a subalternidade, porque é necessário, antes de tudo, realizar “uma ruptura crucial – a ruptura da alienação – o que por sua vez demanda o abandono da autoconsciência metafísica, essa “relação infinita do espírito consigo mesmo” (Hegel, 1941, &413:238), essa “idealidade abstrata e formal” (1941, &413:238) (MARTINELLI, 1989, p. 123-124), para, então, nos apropriarmos de uma metodologia que está para ser.
No entanto, já adquirimos, nestes 70 anos aproximadamente de existência no Brasil, profundidade nos fundamentos teórico-metodológicos, éticos-políticos e técnico-operativos para avançarmos com qualidade, compromisso e responsabilidade na consolidação do Projeto Ético-Político da profissão e nos posicionarmos na defesa de nossa construção teórica tão arduamente conquistada e ameaçada pelo conservadorismo que está emergindo nos mais diferentes espaços profissionais.

Logo, é no meio da travessia que o Serviço Social se revela cada vez mais claramente como uma instituição componente da organização da sociedade. Assim, perguntar por sua identidade (...) significa perguntar por seu papel no processo de produção de novas relações sociais e de transformação da sociedade, tendo presente que cada momento tem em si a força do inaugural, o impulso criador do novo! (MARTINELLI, 1989, p.144).

terça-feira, 14 de agosto de 2007

TCCs para download

Clique nos títulos e faça o download dos Trabalhos de Conclusão de Curso orientados pela Assistente Social e Professora Maria da Graça Türck já aprovados por banca na Ulbra/Canoas:

Rosa Regina Lima de Souza
TRABALHANDO COM VIOLÊNCIA CONJUGAL NO NÚCLEO DE ESTUDOS DA VIOLÊNCIA, INTERVENÇÃO E DIREITOS SOCIAIS

Patrícia Ferla Ribeiro
A INFORMAÇÃO NA CONSOLIDAÇÃO DA GARANTIA DE DIREITOS

Patrícia Silva La Rosa
SERVIÇO SOCIAL: IDENTIDADE ATRIBUÍDA VERSUS IDENTIDADE REELABORADA

Andréa Eliane Charão de Mattos
FAMÍLIAS HOMOAFETIVAS E A DOR DO PRECONCEITO

Sirlei Terezinha Perius
O VÍNCULO AFETIVO: CONSOLIDAÇÃO DOS DIREITOS DOS SUJEITOS DOENTES DE AIDS

Aline Souza de Souza
A REDE INTERNA NA CONSOLIDAÇÃO DO PERTENCIMENTO NA GARANTIA DE DIREITOS

Zelma Salete Beretta da Silva
CULPA E SUBMISSÃO NAS RELAÇÕES DE GÊNERO E O PROCESSO DE TRABALHO DO ASSISTENTE SOCIAL

obs: os arquivos estão em pdf e você vai precisar do Adobe Acrobat Reader para abri-los - clique aqui caso não tenha.

terça-feira, 7 de agosto de 2007

2º Encontro de Proteção à Criança e ao Adolescente

Local: Anfiteatro SESI
Dia: 08 de Agosto de 2007
Abertura Oficial: 8h30min
Ato de encerramento: 18h

PREFEITURA MUNICIPAL DE PANAMBI
DEPARTAMENTO DE ASSISTÊNCIA SOCIAL

“Projeto Despertar”

Calar é Permitir. Falar é Enfrentar.
“Todo Cidadão Pode Ser Um Sentinela Em Ação”

SEMINÁRIO
8h30min – Cadastramento
9h – Abertura
9h30min – Mesa Redonda - Violência e Paz: Contribuições e desafios dos profissionais das áreas de atuação: Sociologia, Serviço Social, Psicologia, Promotoria de Justiça e Poder Judiciário.
11h – Espaço para debate e perguntas
12h – Intervalo para almoço
13h30min – Abertura: Momento cultural – Grupo de Coreografia Emanuel da Igreja Batista Emanuel.
14h – Palestra: Políticas Públicas para a Infância e Juventude
Palestrante: Socióloga – Andréa Narvaes
15h - Espaço para debate e perguntas
15h30min – Palestra: Rede Social de Apoio: a construção de uma nova estratégia
Palestrante – Assistente Social - Maria da Graça Türck
16h30min - Espaço para debate e perguntas
17h – Happy Hour – Café Colonial
C/ Encerramento – Escola de Talentos

quarta-feira, 25 de julho de 2007

SÃO LUÍS DO MARANHÃO: O QUE FICOU?

Após uma semana intensiva de Curso de Perícia Social (09 a 13/07/2007), ministrado para trinta e uma assistentes sociais, oriundas de diversos espaços institucionais, em São Luís do Maranhão, o que ficou?

Além da hospitalidade, da cidade linda, dos amigos, ficou a certeza de que existe uma tribo de sujeitos, independente da profissão que escolheram, movida pela esperança da mudança, na busca pela garantia de direitos.

Na Academia de Polícia, onde ocorreu o curso, patrocinado pela Secretaria de Estado da Segurança Cidadã, encontramos gestores interessados em trazer para o contexto institucional da Polícia um novo olhar.

Foi um momento ímpar e histórico, em que as assistentes sociais tiveram a oportunidade de conviver com profissionais que têm como objetivo coibir a transgressão.

E, também, foi possível aprender que trabalhar na contradição é também compor com as diferenças, sem se desvincular do Projeto Ético-Político da profissão.

O produto do curso transcendeu a apropriação de conhecimentos. Foi vivência, troca de conhecimentos e de aprendizagem.

Foi surpreendente pelo desejo de aprendizagem e pela sinergia do grupo, não só de assistentes sociais, mas de todos os integrantes da Academia de Polícia e do Centro de Perícia do Complexo de Atendimento à Criança e Adolescente, que, nessa semana do curso, interagiram intensamente.

São nesses momentos de compartilhamento de conhecimento e de relações que a esperança para a garantia de direitos se consolida.

Obrigado, amigos e parceiros de São Luís do Maranhão!

sexta-feira, 6 de julho de 2007

Curso de Perícia Social

Entre os dias 9 e 13 de julho a Assistente Social e Professora Maria da Graça Türck estará realizando Curso de Perícia Social, patrocinado pela Secretaria de Estado da Segurança Cidadã, Academia Integrada de Segurança Cidadã (AISC), em São Luís no Maranhão.

segunda-feira, 25 de junho de 2007

O ASSISTENTE SOCIAL E A LUTA PELA GARANTIA DE DIREITOS

Garantir direitos para os outros implica, primeiramente, garantir os direitos para os assistentes sociais em seus espaços de trabalho.
Quem os garante?
Como podemos em um coletivo organizado enfrentar os desmandos, a falta de respeito e a prepotência que alguns profissionais de outras categorias profissionais nos confrontam no nosso dia-a-dia profissional?
Por que sempre tem um “doutor” dizendo o que devemos fazer?
Sim, sei que temos nossas fragilidades profissionais, nossas dificuldades em articular os fundamentos teórico-metodológicos, ético-políticos e técnico-operativos.
Que categoria profissional não os têm?
Por que, então, em nossos espaços de trabalho, alguns profissionais de outras categorias nos dizem como devemos realizar o nosso processo de trabalho?
Em nossa compreensão, a resposta emerge de alguns lugares:
Em primeiro lugar, de nossa própria origem. Em uma sociedade dividida em classes sociais, em que se privilegia o lucro em detrimento dos sujeitos/trabalhadores, uma profissão que traz em sua origem trabalhar com os sujeitos que estão à margem da sociedade, naturalmente, vai carregar a discriminação que seus próprios usuários estão sujeitos.
Logo, nossa identidade tem que ser assumida, mas assumida pela vertente da garantia de direitos. Nos apropriarmos do espaço de resistência para o confronto permanente com a opressão da classe dominante. Quebrar as amarras da alienação, ao assumirmos o nosso lugar profissional. O lugar da interlocução de direitos.
Mas, antes, é preciso nos darmos conta de que, se esta profissão é contumazmente desvalorizada, é porque carregamos a mesma discriminação que os nossos usuários. E que, nos espaços profissionais, também, divididos em “classes”, pertencemos à classe trabalhadora, logo, segundo a dita “classe intelectual pensante que produz o conhecimento”, os assistentes sociais têm que executar, obedecer, não pensar, não questionar, não construir.
E, o pior, é que obedecemos aos “desmandos” nos espaços institucionais, pela nossa fragilidade de apropriação teórica, pelo nosso sentimento de desvalia, pela nossa auto-estima baixa. Vamos, então, nos tornando hospedeiros da opressão, permitindo a nossa própria opressão e a reproduzindo nas relações com os usuários quando trabalhamos na lógica dominante. Quando não assumimos com orgulho a nossa identidade profissional articulada com o nosso Projeto Ético-Político.
Contra a violação de direitos, é necessário que nós, assistentes sociais, coletivamente vamos ocupando o espaço de resistência para o enfrentamento a situações de trabalho que precarizam nossos espaços e que proporcionam o assédio moral.

(...)Um silêncio de torturas
E gritos de maldição
Um silêncio de fraturas
A se arrastarem no chão.
E o operário ouviu a voz.
De todos os seus irmãos
Os seus irmãos que morreram
Por outros que viverão.
Uma esperança sincera
Cresceu no seu coração
E dentro da tarde mansa
Agigantou-se a razão
De um homem pobre e esquecido
Razão porém que fizera
Em operário construído.

(Vínicius de Moraes – Operário em Construção)

E nós, assistentes sociais, estamos em construção, lutando para romper a alienação, para dizer não à opressão para garantirmos os nossos direitos e conseqüentemente os direitos de nossos usuários.

terça-feira, 29 de maio de 2007

OS DESAFIOS PARA ORIENTAR O TABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO DO ALUNO DE SERVIÇO SOCIAL

Como orientadora de Trabalhos de Conclusão de Curso, venho enfrentando alguns desafios que a nova realidade educacional vem nos confrontando.
A essência de todo o atravessamento que hoje emerge neste contexto acadêmico reflete a contradição do que está posto na sociedade capitalista contemporânea: garantir direitos ou, então, ser hospedeiro da opressão para responder as exigências do mercado.
Logo, para ser Assistente Social e estar professora e orientadora de TCC’s é necessário se apropriar do significado deste trabalho para a formação do profissional Assistente Social.
A primeira opção traz em sua essência a compreensão de que este Trabalho se constitui em um momento ímpar para os alunos que estão concluindo o curso de graduação. É um momento precioso em que o aluno deve se apropriar de todo o conteúdo teórico aprendido e articulá-lo com a prática construída nos Estágios I e II, por exemplo. Em que a experiência da realidade concreta retorna para o conhecimento aprendido e, pela reflexão, produz condições de superá-lo ao se elaborar o TCC.
É o momento do aluno, em que ele vai se apropriando, agora, não mais como aluno, mas como futuro profissional, dos fundamentos do Serviço Social.
E aos professores, ao orientar, cabe acompanhar com mão firme esta caminhada de reflexão em que juntos discutem, refletem e aprendem em movimentos de permanente superação do conhecimento. Este é o sentido do TCC e de sua orientação.
No entanto, o que hoje a realidade nos confronta?
Com a dor do aluno comprometido com a sua escolha. Que, ao chegar neste momento, se dá conta de sua fragilidade teórica, pela fragmentação da aprendizagem. Pela dificuldade de se conectar com as diretrizes curriculares. Pela falta de tempo, por estar sempre no terceiro turno do dia. Pela falta de articulação entre a teoria e a prática.
Também, neste contexto, se tornam visíveis alunos, futuros profissionais, cujo diploma é mais importante do que a profissão. Que seu interesse é o interesse do mercado. Que seu objetivo é se qualificar para somente aquilo que o mercado oferece, banalizando o Projeto Ético-Político da profissão. Logo, este momento que pode ser intensamente produtivo para alguns alunos, para outros é um entrave a mais a ser superado, portanto, os meios acabam justificando os fins. E são estes alunos que vão, então, dar guarida à “falcatrua”, ao contratar serviços de terceiros que vendem os trabalhos prontos, aviltando, dessa forma, a profissão, vendendo o conhecimento e coisificando o futuro profissional. Neste ato, passa a existir a co-responsabilidade através de duas vias que vai validando e consolidando a mercantilização do ensino como bem explicita CHAUÍ:

Se a universidade for um supermercado, então, nela entram felizes consumidores, ignorando todo o trabalho intelectual contido numa aula. (...) Recebem os conhecimentos como se estes nascessem dos toques mágicos de varinhas de condão. E, no momento das provas, ou querem resgatar os preços ou querem sair sem pagar ou abandonam o carrinho com as compras impossíveis xingando os caixas (...). É assim a universidade? Se o for, nossa produtividade será marcada pelo número de produtos arranjados nas estantes, pelo número de objetos que registramos nos caixas, pelo número de fregueses que saem contentes (apud MACIEL, 2006, p. 68).

Assim, aos poucos, vamos “formando” Assistentes Sociais hospedeiros que, para garantirem um lugar no mercado, vão perdendo o sentido ético da profissão.
Maria da Graça Türck

terça-feira, 22 de maio de 2007

ASSISTENTE SOCIAL “PÉ NO CHÃO”!

O acolhimento é um palavrão para os “intelectuais do Serviço Social”. Eles gostam do discurso inflamado, que informa o ponto de chegada, mas não sabe por onde caminhar. Como garantir direitos, sem falar em acolhida, em escuta sensível, em empatia, em vínculo... impossível, o papo fica em um plano ideal, desvinculado da realidade concreta onde ocorre o processo de trabalho do assistente social” (postado por anônimo em 09.05.2007 em resposta ao artigo Acolhimento...).

Ao me defrontar com este comentário, embora anônimo, não pude deixar de trazê-lo para uma reflexão. Este é o grande “nó” do Serviço Social. Ainda não construímos um caminho para articular a teoria com a prática. E, ao assumirmos um paradigma teórico que dá conta de nosso Projeto Ético-Político, ainda não conseguimos concretizá-lo na prática, não indo além do discurso sobre o resultado.
A assistente social Maria Lúcia Martinelli, em suas falas, sempre pontua: “nós somos profissionais que trabalhamos na conjuntura, não com a conjuntura”. Ela é extremamente lúcida ao afirmar permanentemente esta máxima. Ela está dizendo que nós trabalhamos com sujeitos concretos. Que trazem em suas vidas todas as expressões da Questão Social resultado da relação capital e trabalho. Que também se expressa pela conjuntura. Logo, quem traz para nós o objeto a ser desvendado carregado da trama das relações sociais, postas pela sociedade capitalista de cunho periférico, é este sujeito, único em sua concretude, com sua história de vida, com seu sofrimento cotidiano resultado da negação de direitos. E nós, assistentes sociais, ao tê-lo em nossa frente, temos que primeiramente vê-lo como alguém que tem que ser acolhido, não como alguém que tem que ser recepcionado educadamente e ser encaminhado através de uma entrevista informativa.
A acolhida implica em escuta sensível, ao confirmar este sujeito como único, embora seja hospedeiro de sua própria opressão. Esta se consolida por ele por não se constituir como um sujeito de direitos pela própria alienação, que permeia as relações sociais que, para manter a exclusão, se retroalimenta na própria alienação.
Como podemos acolher, como podemos escutar, sem que este sujeito adquira um significado para nós assistentes sociais e sem que tenhamos um significado para eles?
Na essência do acolhimento está a empatia e a capacidade do vínculo como uma estratégia de enfrentamento ao objeto desvendado e de sua superação. Sem este caminhar, este sujeito concreto que chega a nós, continuará a ser tratado como “coisa” e nós continuaremos a ser hospedeiros da opressão, porque continuaremos a reproduzir as relações de opressão.
Assistente Social “pé no chão” é aquele que produz na prática a articulação desta com a teoria. Que se orienta pelo Projeto Ético-Político, ocupando os espaços de resistência na garantia de direitos.
Assistente Social “pé no chão” é aquele que sabe que, para garantir direitos, necessitará aprofundar o conhecimento e permanentemente superá-lo pela realidade concreta que nos confronta, sem que tenhamos que abandonar os fundamentos que dão sustentação a nossa profissão.
Assistente Social “pé no chão” sabe que o caminho é árduo e que só a realidade concreta desafia o conhecimento do Serviço Social, porque é desta realidade concreta que consolidamos o conhecimento e construímos caminhos.
No entanto, os “intelectuais do Serviço Social” estão devendo aos assistentes sociais “pés no chão” a metodologia de aplicação do Método Dialético Materialista para consolidar o nosso processo de trabalho no cotidiano, na garantia de direitos.
Maria da Graça Türck

segunda-feira, 14 de maio de 2007

NA CONTRAMÃO DO QUE ESTÁ AÍ, SEJAM BEM-VINDAS AS “OVELHAS NEGRAS”!

“Ovelhas negras” em um mundo dominado pela desigualdade é heresia para quem deseja só ouvir o “balido” das ovelhas submissas. Este rebanho cresce assustadoramente em todos os cantos, em todas as profissões, porque se contenta com o brilho vazio do sucesso, do dinheiro fácil, das relações fáceis e coisificadas.
É mais fácil aceitar do que lutar!
É mais fácil ser desleal do que manter a ética!
É tão mais fácil ser hospedeiro do que ser protagonista!
Em um mundo com estas relações, estar na luta e na defesa de direitos, é caminhar quase sozinha.
Mas quase, só quase...
Como me dizia uma amiga, sempre que chegávamos ao fundo do poço da desesperança, existe uma tribo perdida por aí. Logo, é só nos acharmos em um coletivo e saberemos que não estamos sozinhos na luta contra a intolerância, contra a ignorância, contra o egoísmo, contra o individualismo, contra a opressão, contra a violação de direitos...
Portanto, para nós assistentes sociais, sempre teremos que escolher neste imenso “rebanho”.
A escolha sempre será dicotômica: ou “ovelhas” que seguem sem questionar porque logo ali receberão as benesses do patrão; ou as “ovelhas negras”, que não negociam seu Projeto Ético-Político e conseqüentemente sua dignidade.
Com certeza, com todas as intempéries, com todas as ameaças, com todas as dificuldades, a minha escolha sempre será a defesa intransigente dos direitos humanos e a busca por uma sociedade mais justa e igualitária.
Feliz dia dos assistentes sociais a todas as “ovelhas negras” que não aceitam a “canga” da opressão, porque sabem que a “canga” do patrão traz o brilho fácil da opressão e mata a dignidade da vida...

Maria da Graça Türck

segunda-feira, 7 de maio de 2007

OS “HOSPEDEIROS” DA OPRESSÃO: DIGNOS REPRESENTANTES DA CLASSE DOMINANTE

Quem se defende porque lhe tiram o ar
Ao lhe apertar a garganta, para este há um parágrafo
Que diz: ele agiu em legítima defesa. Mas
O mesmo parágrafo silencia
Quando vocês se defendem porque lhes tiram o pão.
E no entanto morre quem não come, e quem não come o suficiente
Morre lentamente. Durante os anos todos em que morre
Não lhe é permitido se defender (BRECHT, 2006, p.73).


Logo, votar pela redução da maioridade penal é fácil para quem vem vivendo e se alimentando da desigualdade social.
É fácil argumentar a barbárie com belas palavras revestidas da hipocrisia e do cinismo dos dignos representantes da classe dominante.
É fácil apelar para o emocional de uma população medrosa pelo recrudescimento da violência social.
É fácil achar o caminho para manter a opressão, com o apoio dos oprimidos, aprisionados pela sua própria alienação e, conseqüentemente, pela própria negação de sua identidade de classe.
É fácil justificar salários altos, pela argumentação de sua própria competência profissional que só existe, com certeza, na classe dominante.
É fácil descaracterizar e desqualificar a corrupção, porque esta tem origem no núcleo da classe dominante.
É fácil encontrar argumentos para continuar criminalizando os sem-tetos, os sem-terras, os sem-trabalho, os sem-comida, os sem-tudo!
É fácil ser “hospedeiro” da opressão, para oprimir os seus iguais, sem se dar conta de sua própria opressão!
É fácil ter um preço!
É fácil vender a dignidade para manter-se no topo de uma sociedade perversa e excludente!
O que é difícil é ser assistente social e nos orientarmos em uma sociedade onde tudo está à venda, até mesmo a dignidade...

Maria da Graça Maurer Gomes Türck

segunda-feira, 23 de abril de 2007

GARANTIA DE DIREITOS E PRECONCEITO: UM DESAFIO PARA OS ASSISTENTES SOCIAIS

Por volta de 2003, em Porto Alegre, em um evento em que participei como palestrante, veio ao meu encontro um homem de aproximadamente uns 45 anos, vestindo uma calça jeans, uma camiseta preta, com os cabelos cumpridos, amarrados em um “rabo de cavalo”. Me olhou, sorriu, me cumprimentou e disse: Graça, não lembras de mim?
Olhei interrogativamente e ele disse: No final do evento te direi quem eu sou!
Fiquei puxando pela memória. Quem seria este personagem, que com certeza carregava em sua experiência de vida, com muita intensidade, um encontro que deveria ter sido muito significativo.
Ao final do evento, ele se aproximou e disse: Lembrou?
E eu, mais do que depressa: Com certeza!
E, como um filme, uma das experiências mais marcantes que vivi profissionalmente me dominou integralmente.
Por que das mais marcantes?
Porque esta experiência me confrontou com minha subjetividade e com as minhas contradições.
No Juizado da Infância e da Juventude de Porto Alegre (1995), de posse do processo de solicitação de termo de guarda de um tio em relação a seus sobrinhos, me dirigi à recepção e chamei pelo nome do então responsável. Levantou uma mulher, com os cabelos longos e soltos, de saia, sandália, unhas compridas e pintadas e um vozeirão masculino: Sou eu, boa tarde!
Naquele exato momento, nos segundos que me separavam da resposta, eu vivi com intensidade todos os meus preconceitos, minhas dúvidas e meus receios.
Nunca foi tão difícil retomar o Projeto Ético-Político em minhas mãos e me dar conta que ao ter feito esta escolha, naqueles poucos segundos, havia enfrentado e superado o pensamento da classe dominante e ocupado o espaço de resistência na garantia de direitos.
"Podes me acompanhar? Oito anos depois do nosso encontro no Juizado, em 2003, eu recebi o retorno!
Graça, eu quero te dizer que tu para mim, és inesquecível. Nunca, ninguém tinha me tratado com tanta dignidade. Queres saber como estão, hoje, os meus sobrinhos?
"
E seguimos caminhando sob o céu cheio de estrelas, pelas ruas de Porto Alegre.
E, naquele momento, tive fortemente a certeza do lugar que eu ocupo, a quem sirvo e qual o meu compromisso como pessoa e como profissional.
Me apropriei, mais ainda, de que o cotidiano profissional em que nós assistentes sociais transitamos, a partir da Questão Social como nosso objeto, é um cotidiano de enfrentamento permanente em relação aos nossos próprios preconceitos, à nossa própria classe social e ao nosso Projeto Ético-Político.
Neste espaço, ouso inferir que não existe uma profissão que viva tão intensamente a contradição no cotidiano, em que as nossas vivências pessoais, nossos valores e princípios éticos não estejam permanentemente sendo testados.
E a forma como lidamos com estas contradições retornam ao contexto profissional e atingem diretamente ao usuário, sujeito de nossa intervenção. São nestes momentos que se diferencia o discurso do compromisso!

quinta-feira, 19 de abril de 2007

Filmografia Social




Grand Canyon é um filme que retrata bem a relação tensa entre brancos e negros nos Estados Unidos - e porque não dizer do mundo ocidental inteiro também. É a eterna procura por um respiro em uma sociedade tensa, corrosiva e sem saída.



É mais um filme que você encontra no Centro de Entretenimento E o Vídeo Levou.

Acesse pelo menu e veja a resenha do filme!

segunda-feira, 16 de abril de 2007

COLABORADORES VERSUS TRABALHADORES: O QUE ESTÁ EM JOGO?

Quem circula no âmbito das empresas está se confrontando com uma figura de linguagem que está dominando o cenário do trabalho:
“Colaboradores”.
Na linguagem cotidiana empresarial existe um esforço em substituir o trabalhador por colaborador.
O que está em jogo neste cenário que vai se explicitando, primeiro, pela linguagem?
A negação da luta de classes.
Ao transformar o trabalhador em “colaborador” está se inaugurando uma nova artimanha na exploração do trabalho. Isto é, esta denominação vai atingir diretamente a subjetividade do trabalhador “vendendo” a ilusão de que ele, trabalhador, passa a fazer parte da empresa ao ascender socialmente pelo auxílio que presta ao colaborar.
Logo, não fica explicitado para ele que, ao colaborar, ele transforma a relação de trabalho em ajuda, em auxílio, isto é, ele, “colaborador”, participa sem pertencer.
Portanto, não reivindica, simplesmente aceita pela doce ilusão de que está se inserindo no clube fechado dos patrões, se enredando na armadilha posta para transformá-lo cada vez mais em coisa. E, ao ir perdendo o seu vínculo de classe, ao negar sua identidade, vai enfraquecendo seu coletivo e, conseqüentemente, vai deixando de assumir o seu papel na história, renunciando a garantia de seus direitos.
E o assistente social? Como se posiciona nestes espaços sócio-ocupacionais?
Assume o “colaborador” negando o trabalhador?
Implementa seu processo de trabalho na manutenção da exploração?
Nega também ao trabalhador o direito de sua identidade de classe?

(...) Sentindo que a violência
Não dobraria o operário
Um dia tentou o patrão
Dobrá-lo de modo vário.
De sorte que o foi levando
Ao alto da construção
E num momento de tempo
Mostrou-lhe toda a região
E apontando-a ao operário
Fez-lhe esta declaração:
-Dar-te-ei todo esse poder
E a sua satisfação
Porque a mim me foi entregue
E dou-o a quem bem quiser.
Dou-te tempo de lazer
Dou-te tempo de mulher. Portanto, tudo o que vês
Será teu se me adorares
E, ainda mais, se abandonares
O que te faz dizer não.

Disse e fitou o operário
Que olhava e que refletia
Mas o que via o operário
O patrão nunca veria.
O operário via as casas
E dentro das estruturas
Via coisas, objetos
Produtos, manufaturas.
Via tudo o que fazia
O lucro do seu patrão
E em cada coisa que via
Misteriosamente havia
A marca de sua mão.
E o operário disse: Não!

-Loucura!- gritou o patrão
Não vês o que te dou eu?
- Mentira! – disse o operário
Não podes dar-me o que é meu

E um grande silêncio fez-se
Dentro do seu coração
Um silêncio de martírios
Um silêncio de prisão.
Um silêncio povoado
De pedidos de perdão
Um silêncio apavorado
Com o medo em solidão.

Um silêncio de torturas
E gritos de maldição
Um silêncio de fraturas
A se arrastarem no chão.
E o operário ouviu a voz
De todos os seus irmãos
Os seus irmãos que morreram
Por outros que viverão.
Uma esperança sincera
Cresceu no seu coração
E dentro da tarde mansa
Agigantou-se a razão
De um homem pobre e esquecido
Razão porém que fizera
Em operário construído.

(Vinícius de Moraes)

Quem nasceu da relação capital e trabalho nunca poderá ser transformado em “colaborador”, porque através da história foi forjado pela resistência no enfrentamento da exploração do trabalho.

segunda-feira, 2 de abril de 2007

QUAL É O SIGNIFICADO DO ACOLHIMENTO?

“Nem me fale em acolhimento! É só preencher fichas cadastrais!” - fragmentos da fala de um aluno do Curso de Serviço Social, 2007.1.

O sentido semântico da palavra acolhimento, segundo o Dicionário Aurélio, traz para a sua apropriação “a consideração, atenção, recepção”. Logo, significa que o acolhimento é, antes de tudo, um ato de urbanidade, isto é, “cortesia”. Portanto, o acolhimento vai acontecer em um espaço relacional construído pelo diálogo, onde a escuta sensível sempre estará presente. Implica, portanto, que dois ou mais sujeitos irão compor este espaço através de um objetivo comum, de um interesse. E, neste contato, é importante que a empatia também possa estar presente como uma estratégia que oportunizará “penetrar na experiência de outra pessoa em um espaço democrático (...)para compartilhar experiências” (BURGESS in BIESTEK, S.J., 1965, p.7.).

Ao trazer a empatia para o ato de acolhimento, ela vai, então, qualificá-lo saindo da simples cortesia para aprofundar a competência relacional, na interação com outros sujeitos.

Portanto, não é exercitar a pieguice, mas aprofundar o conhecimento para utilizá-lo com competência teórico-metodológica, ético-político e técnico-operativo na garantia de direitos. Não é utilizá-lo como um discurso vazio, fácil, mas utilizá-lo na garantia da interlocução e do protagonismo dos sujeitos do processo de trabalho do assistente social.

Logo, para o Serviço Social criar um espaço de acolhimento, é necessário construí-lo em um espaço de resistência em que seu Projeto Ético-Político consolide a orientação social da profissão, isto é, a defesa intransigente dos direitos humanos e a busca por uma sociedade mais justa e igualitária. É estar atento à violação de direitos e se apropriar da compreensão da subjetividade dos sujeitos, objetivada pelos processos sociais que os mantêm em patamares de desigualdade social nos diversos espaços que transitam na busca de seus direitos.

Logo, o acolhimento para o Serviço Social tem que trazer na sua essência alguns princípios que irão consolidar a garantia de direitos independente das diferenças que cada sujeito explicita através de sua história individual e de seu pertencimento a determinada classe social.

Como: garantir a identidade individual, sem rótulos, que possa demarcá-lo como a “coisa”. Garantir um espaço para a livre expressão de sua subjetividade e opiniões. Garantir sua dignidade, independente de suas escolhas. Garantir a sua aceitação como sujeito de sua história, independente de seu comportamento. Garantir ao sujeito que seus atos não o condenem socialmente, impossibilitando a esperança da superação. Garantir seu livre arbítrio e respeito às suas decisões. Garantir aos usuários do Serviço Social a confiabilidade em relação às suas informações.

Logo, o acolhimento implica em transitar nos espaços relacionais onde a Rede Interna vai se consolidando pela flexibilidade, pela disponibilidade e pela qualificação para executar um processo de trabalho que viabilize a garantia de direitos aos sujeitos que trazem em suas vidas todas as expressões da Questão Social.

quarta-feira, 28 de março de 2007

As palavras e as coisas

" E Joris se pergunta: por que um judeu que reivindica a terra que foi foi dada por Deus é um “ultranacionalista”, enquanto que um muçulmano que pensa da mesma forma é um “fundamentalista”? Por que um governante árabe que escolheu uma política diferente daquela dos ocidentais é um “anti-ocidental” e um governante ocidental que escolheu uma política diferente daquela dos orientais não é chamado de “anti-oriental”? Alguém já viu um líder político estadunidense ser chamado de “radicalmente antiárabe”? Já viram o governo Bush qualificado de “um governo radicalmente antiárabe”? "

Leia o texto de Emir Sader na íntegra em Saiu por Aí - acesse pelo menu ao lado.

terça-feira, 27 de março de 2007

segunda-feira, 26 de março de 2007

Curso de Redes

No dia 26 de março a Assistente Social Maria da Graça Türck estará em Bento Gonçalves para palestrar sobre As Mediações da Rede no Concreto no 3º Encontro de Capacitação da Rede Social, pela Prefeitura da cidade.

quinta-feira, 22 de março de 2007

Filmografia Social


Joe Gould tem um segredo. Um segredo espalhado pela cidade. Ele guarda manuscritos daquilo que chama a "História Oral de Joe Gould". Um livro que clama ser o maior do mundo, a história das vociferações humanas. Um apanhado do que pode ser a explicação das dores, sofrimentos, da solidão de quem hoje vive preso à rotina do concreto.


É mais um filme que você encontra no Centro de Entretenimento E o Vídeo Levou.

Acesse pelo menu e veja a resenha do filme!

quarta-feira, 21 de março de 2007

"Para Revista VEJA, Editora Abril Viemos por meio deste informar aos editores e responsáveis da Revista VEJA que toda a comunidade Guarani de Morro dos Cavalos está indignada e transtornada com a reportagem intitulada "Made in Paraguai", publicada na Edição 1999, de 14 de março de 2007, páginas 56, 57 e 58, de autoria do jornalista José Edward Lima, em que é tratado o processo de Demarcação da Terra Indígena Morro dos Cavalos, Palhoça, Santa Catarina".

Leia o texto na íntegra em Saiu por Aí através do menu ao lado.

segunda-feira, 19 de março de 2007

AS AVES DE RAPINA DO SOCIAL!

A esperança de um mundo melhor sem grandes transformações bombásticas, mas que garanta, no mínimo, a dignidade das pessoas, é um desejo que parece tão distante!

É como vislumbrar lá longe uma luz tênue e difícil de alcançar. Porque é necessário, antes de tudo, se respeitar a vida, a dignidade e os direitos. É necessário partilhar e compartilhar. É necessário abrir o espaço para a verdade, para o diálogo das diferenças.

É preciso olhar o outro e estender a mão. É necessário que a energia dos sujeitos seja movida pela ética para a conquista de relações que privilegiem o humano em detrimento à mercadoria.

É necessário então, acabar com as Aves de Rapina do Social. Os porta-vozes da opressão, da indiferença social, da ambição sem limites, de poder, de dinheiro e de visibilidade.

As Aves de Rapina estão atentas a qualquer movimento de mudança. Tem todo o espaço do mundo para achincalhar os ideais. Para desqualificar os sonhos. Para transformar crianças e adolescentes em monstros. Para tripudiar na sede de justiça.

As Aves de Rapina do Social têm os olhos acesos e brilhantes para ver e atacar qualquer movimento de esperança.

Elas culpabilizam a todo momento a natureza, por exemplo, pela mortandade dos peixes no rio dos Sinos em São Leopoldo; pela infestação de cascudos em Bagé; e pelo aquecimento da terra.

As Aves de Rapina trabalham silenciosamente e traiçoeiramente na eliminação da esperança! Estão em todo o lugar. Olho para os lados, lá estão elas. Olho para cima, lá estão elas. Olho para baixo, lá estão elas!

Elas ocupam todos os espaços, não deixando nenhum lugar para quem ainda tem esperança por um mundo melhor.

As Aves de Rapina do Social aplaudem a matança dos inocentes, culpabilizam a pobreza, esterilizam as adolescentes e criminalizam os movimentos pelos direitos.

As Aves de Rapina do Social estão belas e soltas circulando por aí, bem articuladas para continuarem matando a esperança.

Até quando?!

sexta-feira, 16 de março de 2007

Artigos Diversos

"...e Deus disse: faça-se o gaúcho. E o gaúcho se fez"

"Poupar sangue brasileiro o mais possível, particularmente
de homens brancos da província, ou índios, pois você bem sabe
que essas pobres criaturas ainda nos podem ser úteis no futuro
"
(Caxias para Pedro de Abreu (Bagé, 09 de novembro de 1844
"confidencial" AHRGS, caixa 17, n. 171), comandante da
operação de assassinato do contingente negro das
tropas de David Canabarro, trama acertada previamente
entre esse último e Caxias)

"Mas nos deram espelhos e vimos um mundo doente"
Renato Russo - "Índios"

"Vamos celebrar nossa bandeira nosso passado de absurdos gloriosos"
Dado Villa-Lobos, Renato Russo e Marcelo Bonfá - "Perfeição"


Vá em Artigos Diversos e confira mais um retirado do Boa Noite pro Porco - este de maio de 2006.

quinta-feira, 15 de março de 2007

Filmografia Social

Confira a sugestão de filme da semana:

Em busca da terra do nunca,
de Marc Foster

Acesse Filmografia Social no menu ao lado.

quarta-feira, 14 de março de 2007

Saiu por Aí

Veja mais uma charge do Kayser no Saiu por Aí.
Acesse pelo menu ao lado ou clique na figura.

terça-feira, 13 de março de 2007

Bibliografia Social

"...É reencontro irado e amoroso, no qual, jamais abandona a convicção da urgência, da liberdade coletiva e da cidadania encarnada e vivificante. A ira desponta quando deslinda as entranhas de uma história de conjunturas vitalmente maléficas e, acima de tudo, homicidas; o amor emerge quando acredita de forma irredutível na possibilidade de despedaçar as condições deletérias que esgarçam a vida compartilhada..." - Comentário de Mario Sergio Cortella sobre o livro Pedagogia da Esperança, de Paulo Freire.

Confira a dica de leitura na Bibliografia Social.

quarta-feira, 7 de março de 2007

Saiu por Aí

Confira no Saiu por Aí, acessando pelo menu ao lado, mais um artigo do blog BOA NOITE PRO PORCO - este sobre a "moral de cuecas" de uma campanha contra a pirataria.



"(...)Foi em função disso que descobri, finalmente, que a NET Serviços Porto Alegre é uma operadora associada à ABTA. Ora, como a NET Serviços Porto Alegre é uma empresa do grupo NET Serviços, por sua vez um grupo comandado pela mexicana Telmex e pela Globo Participações, da família Marinho, então a NET Serviços, empresa da Globo Comunicação e Participações SA (Globopar), muito provavelmente também é associada à ABTA.

Bem, mas se a InfoGlobo Comunicações SA, a Rádio Globo SA e a Globo.Rede SA, também elas empresas da Globo Comunicação e Participações SA, devem, juntas, em torno de R$ 22 milhões para a Previdência Social, que moral tem uma empresa pertencente à família Marinho para assinar embaixo de uma campanha preocupada com sonegação de impostos e com crimes que resultam em severas perdas ao Estado e à sociedade como um todo? Acaso não recolher a contribuição previdênciária não traz ululantes maiores prejuízos ao Estado e à sociedade como um todo do que o furto de sinal de TVs por assinatura? Acaso também não é "só para se divertir" nas Bahamas e na Europa às custas do trabalhador brasileiro que tais contribuições não são recolhidas?
(...)"

segunda-feira, 5 de março de 2007

A REALIDADE INSTITUCIONAL E O PROCESSO DE TRABALHO DO ASSISTENTE SOCIAL

Trabalhar nos espaços de resistência e ter como orientação social da profissão a garantia de direitos é, no mínimo, uma luta permanente para nós, assistentes sociais.

Nas instituições somos uma categoria contratada para manter o “status quo”, porque ainda somos utilizadas para garantir políticas sociais compensatórias e a manutenção do assistencialismo.

E, não resta dúvida, somos uma categoria cujos outros profissionais se arvoram no “direito” de dizer com todas as letras o que devemos fazer.

Por que isto acontece?

No meu ponto de vista, porque ainda não nos apropriamos, na prática, dos Fundamentos Teórico-Metodológicos, Ético-Políticos e Técnico-Operativos.

Não nos damos conta que ser assistente social é assumir um lado, o lado da garantia de direitos. E, para tanto, é necessário ter muita clareza da concepção de sociedade pela qual vamos lutar para garantir estes direitos.

É necessário, portanto, nos darmos conta de que o instituído tem compromisso com o pensamento hegemônico da classe dominante, e que o instituinte traz, na sua essência, para nós assistentes sociais, a ocupação dos espaços de resistência, logo, a articulação de coletivos contra-hegemônicos na garantia de direitos.

Portanto, somos bem-vindos nos espaços institucionais ou sócio-ocupacionais quando assumimos o objeto dado, isto é, quando consentimos em trabalhar a partir do que nos mandam realizar, sem crítica, sem contestação.

E somos mal vistos e perseguidos quando, ao re-elaborarmos o objeto dado, implementamos o nosso processo de trabalho a partir da articulação dos fundamentos do Serviço Social.

No entanto, para manter a coerência teórica, é necessário aprofundar os conhecimentos adquiridos para, então, a partir de estratégias, se poder garantir e consolidar espaços de resistência na luta contra a violação de direitos.

Maria da Graça Türck

sexta-feira, 2 de março de 2007

Filmografia Social

No aniversário de 60 anos do patriarca de uma família muito rica, as relações se mostram conflituosas como qualquer outra família: pequenas discussões, alguns contratempos e um certo abalo emocional em razão da perda recente de uma de suas filhas. Eis que no jantar um fato chocante vem à tona. Festa de Família trabalha de uma maneira crua as relações pessoais, por isso pode parecer um filme difícil de ser assistido.



É mais um filme que você encontra no Centro de Entretenimento E o Vídeo Levou.

Acesse pelo menu
e veja a resenha do filme!

quarta-feira, 28 de fevereiro de 2007

"Em suma, uma empresa privada é criada para gerar lucro aos seus proprietários, o que é possível se há pessoas em desespero ou risco de vida. Quanto maior o índice de desespero, maior a oportunidade para o lucro".

Leia o texto na íntegra no Saiu por Aí.

segunda-feira, 26 de fevereiro de 2007

TOLERÂNCIA ZERO EM RELAÇÃO AO OPORTUNISMO DA CLASSE DOMINANTE BRASILEIRA

A discussão que hoje toma conta da sociedade brasileira, comandada pelos “dignos representantes da classe dominante deste país” – leia-se o setor da mídia conservadora – é a redução da maioridade penal. Sempre que acontece um crime violento em que se tenha um adolescente envolvido os porta-vozes da dita sociedade dos “homens de bem” vêm a público clamar por esta redução.
Quanta hipocrisia!
Mas o que está por trás deste clamor?
Naturalmente, a necessidade quase visceral de se culpabilizar a pobreza, isentando-se de responsabilidade na consolidação da garantia de direitos para todos.
Em casos envolvendo também maiores de idade, ninguém questiona a participação dos adultos, mas, sim, somente dos adolescentes. Por trás desse clamor, se desvenda, então, o real interesse da elite brasileira.
“Vamos trancafiá-los com 16, quiçá com 14 anos, ou, quem sabe, vamos julgá-los como adultos com 9 anos, ou, então, não vamos deixá-los nascer, esterilizando todas as mulheres pobres deste país. Estas irresponsáveis que dão a luz sem parar a estes futuros bandidos”.
Cada vez mais se explicita na sociedade brasileira a luta de classes. Nunca ficou tão escancarado o preconceito, a pequenez, a mediocridade, a alienação e a prepotência da elite brasileira.
Longe de mim se validar a irresponsabilidade individual da violência.
Aprendi como Assistente Social que num comportamento violento existem vários níveis de responsabilidade.
A social, quando a desigualdade sustenta os privilégios e a concentração de renda. A familiar, quando as relações afetivas se sustentam através da violência doméstica e de abandono sem e com ruptura de presença. E a individual, quando a subjetividade do sujeito sucumbe à banalização da violência.
Mas também aprendi que, em uma sociedade como a nossa, na qual o capitalismo mais selvagem dita as regras, a responsabilidade desta casta seleta tem maior peso.
Sendo assim, enquanto não se cumprir o mínimo, isto é, educação com qualidade e respeito, teremos crianças e adolescentes na rua, sendo transformados pela violência a que são cotidianamente expostos.
Não à redução da menoridade penal!
Sim à garantia de direitos que a Lei 8069/90 preconiza no Estatuto da Criança e do Adolescente!
No entanto, quero mais.
Quero punição exemplar para quem usa levianamente diferentes espaços para pregar a violação de direitos, com o intuito de aliviar sua própria consciência ao se omitir da responsabilidade na manutenção desta sociedade excludente e perversa.
Quero uma discussão responsável em relação à violência individual, familiar, institucional, social, econômica e política.
Quero respeito às diferenças.
Quero o fim do des-serviço que os órgãos de comunicação prestam, consolidando relações em que levar vantagem reduz a zero a urbanidade entre os sujeitos.
Quero que todos tenham acesso ao conhecimento.
Quero ficar surda para a eloqüência dos oportunistas.
Quero justiça para punir os atos que violam direitos, porque sei que por trás de um comportamento violento sempre existirá a esperança da superação – se acreditarmos que o ato é condenável, mas o homem é resgatável.
Maria da Graça Maurer Gomes Türck

sexta-feira, 23 de fevereiro de 2007

RS: Governo Tucano Encena a Segurança Pública

"É onde a polícia deveria estar que ela sumiu. O Instituto de Educação em Porto Alegre, que ameaça não começar as aulas em março, porque toda a fiação foi subtraída, depois que o 'brigadiano' residente foi enviado para o front, conferir RG e Carteira de Habilitação".

Leia o texto na íntegra em Artigos Diversos.

quinta-feira, 22 de fevereiro de 2007

Filmografia Social

Na dica da semana, o documentário Notícias de uma Outra cidade, de Wagner Machado, sobre o jornal Boca de Rua.

quarta-feira, 21 de fevereiro de 2007

terça-feira, 20 de fevereiro de 2007

SERVIÇO SOCIAL E OS ESPAÇOS SÓCIO-OCUPACIONAIS OU INSTITUCIONAIS

Não existe um dia na vida de um assistente social que ele, ao se defrontar com espaços sócio-ocupacionais ou institucionais diferenciados, não se pergunte: E agora?

Por trás deste questionamento está posta a eterna insegurança que nós manifestamos constantemente em relação à articulação teórico-prática.
Em sua essência esta questão nos confronta com a consolidação de nossa identidade ao nos depararmos com o objeto dado aos assistentes sociais pela própria instituição. Eis aí, o grande desafio. Como trabalharmos com o objeto institucional sem que o mesmo se torne o nosso próprio objeto e a nossa identidade profissional se torne a do próprio espaço sócio-ocupacional ou institucional? Será que sempre necessitamos reinventar nosso processo de trabalho? Será que ele deve ser sempre diferente a partir de cada demanda institucional?

Podemos então refletir um pouco a partir desta constante angústia profissional que nos acompanha cada vez que nos defrontamos com espaços sócio-ocupacionais ou institucionais, que trabalham com demandas/objetos institucionais diversificados.
A Questão Social como objeto do Serviço Social leva, a nós, assistentes sociais, a nos inserirmos, nos mais diferentes espaços de trabalho, porque ao assumirmos como nosso Projeto Ético-Político a “defesa intransigente dos direitos humanos e a busca por uma sociedade mais justa e igualitária” abrimos um amplo e imenso universo de trabalho posto em um só espaço, o da resistência. Logo, a orientação social dada pelo Projeto Ético-Político define onde devemos chegar e qual o objetivo profissional que devemos atingir. Sempre será a garantia de direitos, porque vamos trabalhar com usuários que trazem em suas vidas as mais diferentes expressões da Questão Social.

É necessário, portanto, articular os fundamentos teórico-metodológicos, éticos-políticos e técnico-operativos e consolidar a identidade profissional nestes espaços, a partir da finalidade, objeto e objetivos do Serviço Social. Ao re-elaborarmos o objeto, o movimento seguinte é continuarmos nos apropriando e aprofundando o conhecimento da demanda institucional para então instituir e consolidar o nosso processo de trabalho. Este, sempre terá o mesmo eixo. O que será diferente? Será um espaço do outro, com demandas institucionais diversificadas que estarão indicando como a Questão Social se configura naquela instituição ou naquele espaço sócio-ocupacional.

Não podemos a cada desafio, inventar a roda. É necessário, isto sim, aprofundar o conhecimento através de estudo permanente para que a realidade que emerge da Questão Social não nos aprisione por um conhecimento cristalizado e desconectado com os desafios que esta mesma realidade nos brinda a cada dia.

sexta-feira, 16 de fevereiro de 2007

Artigos Diversos

Depois de alguns meses de recesso, estamos reativando a seção Artigos Diversos com um excelente texto de Hélio Sassen Paz sobre internet e sociedade:

"Quem vai mudar o Brasil daqui a 10, 15, 20 ou 30 anos não são os sempre egoístas e reis do caixa dois da classe A, nem seus pelegos daclasse B: são os homens e mulheres maduros da classe C, seus filhos e netos que, até lá, já farão parte de uma classe B mais madura e mais humana".

Vá até os Artigos Diversos pelo menu ao lado.

quinta-feira, 15 de fevereiro de 2007

Filmografia Social

Alguém para Dividir os Sonhos, dirigido por Tim Hunter é a dica de filme da semana. Confira!

quarta-feira, 14 de fevereiro de 2007

Saiu por Aí

Assista ao documentário A Revolução Não Será Televiosionada, de Kim Bartley e Donnacha O’Briain.

Acesso pelo menu ao lado.

terça-feira, 13 de fevereiro de 2007

Bibliografia Social

Acesse Bibliografia Social pelo link no menu ao lado e confira a dica de leitura: Hannah Arendt & Karl Marx - O Mundo do Trabalho.

quinta-feira, 8 de fevereiro de 2007

Filmografia Social


Dave Spritz é o homem do tempo do telejornal de Chicago e está sendo sondado para trabalhar em rede nacional. A proximidade de um distanciamento completo de sua família o levam a repensar a vida e (re)agir. Dave sente e se esforça para resolver suas questões pessoais da sua maneira, às vezes isso quer dizer dificultá-las ainda mais.



É mais um filme que você encontra no Centro de Entretenimento E o Vídeo Levou.

Acesse pelo menu
e veja a resenha do filme!

quarta-feira, 7 de fevereiro de 2007

Saiu por Aí

Da série powerpoints, na seção SAIU POR AÍ uma apresentação sobre infâncias roubadas. Muito bonito mesmo.

Acesse pelo menu ao lado e confira!

terça-feira, 6 de fevereiro de 2007

Bibliografia Social

- Universo Feminino

HISTÓRIA DAS MULHERES NO BRASIL

A história das mulheres não é só delas, é também aquela da família, da criança, do trabalho, da mídia, da literatura e das suas imagens frente à sociedade. É a história do seu corpo, da sua sexualidade, da violência que sofreram e que praticaram, da sua loucura, dos seus amores e dos seus sentimentos.

Acesse BIBLIOGRAFIA SOCIAL pelo menu ao lado e conheça mais esta indicação de leitura!

segunda-feira, 5 de fevereiro de 2007

O SIGNIFICADO DO ENSINO-APRENDIZAGEM DA QUESTÃO SOCIAL PARA OS ASSISTENTES SOCIAIS

Questão traz na sua essência o nó górdio para ser desatado e social, a realidade concreta para ser decifrada.

No entanto, a apropriação da Questão Social busca na perspectiva teórica marxista o seu conhecimento e sua apropriação por uma vertente teórica que vai dar condições de compreender a sociedade capitalista latino-americana. É poder ler além do aparente e ir fundo na compreensão do que está posto, por exemplo, na manchete de capa que o Correio do Povo/RS (05.02.2007) trouxe à respeito da violência no Rio Grande do Sul:

Delitos têm queda recorde no Estado

Ao mesmo tempo, se contrapõe com o relato de uma cidadã que mandou um e-mail sobre sua indignação ao denunciar pelo telefone um roubo ocorrido em sua casa (03.02.2007). Esta, foi surpreendida com a seguinte pergunta: “Qual era a cor da camisa do ladrão?”. Como o ladrão encontrava-se sem camisa, logo, a pergunta ficou sem resposta e a situação ficou por isso mesmo.

Portanto, ensinar a Questão Social, é dar condições teóricas para que o futuro assistente social possa ir além do aparente para aprender e compreender qual é a origem da desigualdade social e como ela é consolidada pela falsa informação e pela alienação.

E os representantes do capital têm na própria mídia os seus interlocutores para distorcer fatos e violar direitos ao sonegar o direito a informação correta.

Ensinar a Questão Social como objeto do Serviço Social é dar condições para que o aluno se aproprie do cotidiano e criticamente identifique os caminhos da manipulação midiática oficial, a alienação posta pela mercantilização das relações, o voyeirismo de um Big Brother, a mediocridade consolidada por uma educação bancária, que eficientemente ensina a passar nos vestibulares através de fórmulas muito bem decoradas. Mas não ensina a pensar o cotidiano que massacra a criatividade e que não permite ao sujeito escolhas que não sejam as determinadas pelo mercado.

Esta é a Questão Social, que vai se manifestar no comportamento do sujeito que bebe além da conta, que consome sem limites as quinquilharias que brilham, por um status sem sentido. Que “cheiram” para estar “in”, em busca de uma falsa “felicidade”, ignorando sua decadência física, moral e ética.

Ensinar a Questão Social para os futuros assistentes sociais é dar a exata dimensão da desigualdade social que se constitui pela violação de direitos.

Maria da Graça Maurer Gomes Türck

quarta-feira, 31 de janeiro de 2007

Saiu por Aí

"Parece piada de mau gosto. Está lá, no site do Governo do Estado, a notícia de que o advogado Renato Lauri Breunig assumirá na próxima quinta-feira, como diretor-presidente da Fundação Estadual de Proteção Ambiental".

Acesse Saiu por Aí no menu ao lado e leia a notícia na íntegra.

terça-feira, 30 de janeiro de 2007

Bibliografia Social

Confira na Bibliografia Social (acesso pelo menu ao lado) os livros: Elogio de La Culpa, de Marcos Aguinis e Psicanálise da Maternidade, de Nancy Chodorow.

segunda-feira, 29 de janeiro de 2007

O DESAFIO PARA TRABALHAR COM GARANTIA DE DIREITOS

O primeiro desafio que nós, assistentes sociais, temos que nos confrontar para trabalharmos com garantia de direitos é nos apropriarmos da perspectiva teórica que desvenda a violação de direitos em uma sociedade latino-americana. É irmos em busca da contradição, da totalidade e da historicidade. Um trio categorial imprescindível para entender, por exemplo, o morador de rua que cotidianamente atravessa nosso caminho ao perambular pelas ruas de qualquer cidade brasileira.

Não é possível trabalharmos com garantia de direitos a partir do que se está tentando implantar na sociedade gaúcha – que a violência é doença.

As artimanhas que a irresponsabilidade de parte da sociedade hegemônica, dita pensante, utiliza para justificar uma sociedade desigual chega às raias da hipocrisia mais perversa.

Como é cômodo julgar a violência pelo viés da doença. Aí, tudo se explica e intencionalmente a responsabilidade vai se diluindo e consolidando a alienação.

Pai agressor, cidadão desempregado, culpa de quem? Provavelmente deste homem, que naturalmente, não estudou porque não quis, está desempregado porque não se capacitou e agride o filho porque é doente.

Como é fácil e cômodo trabalhar com uma compreensão teórica que nega a sociedade de classe, que ignora a desigualdade e que explica a violência pela desadaptação e pela doença.

Como é fácil propor soluções, como o controle da gravidez precoce com adolescentes “pobres”! Como é fácil utilizar justificativas em que teremos menos “bandidos” para assombrar os “homens de bem” da sociedade brasileira, estes, sim, “trabalhadores” que se beneficiam da concentração de renda, do agronegócio e do sistema financeiro, dentre tantos outros...

Trabalhar com garantia de direitos não é fácil e, para nós, assistentes sociais, que temos como orientação de nossa profissão a garantia intransigente de direitos e a busca por uma sociedade mais justa e igualitária, é mais difícil.

É mais difícil porque temos que assumir que o nosso objeto de trabalho é a Questão Social, e que o nosso espaço de atuação vai se localizar exatamente na contradição, ocupando os espaços de resistência.

Não temos escolha, porque esta profissão assumiu na sua origem os “pobres” como sujeitos de sua intervenção, logo, temos que explicitar a nossa posição frente às desigualdades sociais. Assistente social sem posição em relação à violação de direitos e sem a apropriação da categoria totalidade tem o título, mas não sabe a que veio como profissional. Fazer de conta frente à violência cotidiana é negar a própria profissão que elegeu para exercer. É negar a história de uma profissão que vem sucessivamente se superando para encontrar um caminho para dar voz e vez para quem tem todos os seus direitos negados.

Sabemos que foi no transcorrer da consolidação do Serviço Social como profissão que nós, assistentes sociais brasileiros, como categoria, ampliamos a nossa compreensão teórica do surgimento da “pobreza” latino-americana e encaramos de frente a desigualdade social, não como produto de uma patologia, mas, sim, como produto intencional da relação capital e trabalho que se instituiu a partir da Questão Social.

Logo, é necessário que cada vez mais, nós, assistentes sociais, nos apropriemos do conhecimento teórico que faz o contraponto ao que está posto na sociedade brasileira e que dá sustentação ao nosso processo de trabalho.

Que possamos assumir com ousadia o nosso Projeto Ético-Político para irmos para a luta competente pela garantia de direitos, com a certeza de que a dignidade profissional se conquista a cada dia que a luta se realiza.

Maria da Graça Maurer Gomes Türck

quarta-feira, 17 de janeiro de 2007

A IMBECILIDADE A SERVIÇO DA VIOLAÇÃO DE DIREITOS...

No domingo, 14.01.2007, li no jornal Zero Hora, digno(?) representante da imprensa marrom, que circula no sul do país, o comentário da chamada “articulista política” Rosane Oliveira a respeito do “trato” que a atual gestão da prefeitura de Porto Alegre está “obsequiando” os moradores de rua da capital do Rio Grande do Sul.

"Mesmo que os sem-tetos resistam em se mudar para os abrigos oferecidos pela prefeitura, fechar as pontes do Dilúvio foi uma medida acertada do prefeito José Fogaça, que ofereceu uma opção digna para quem mora em condições desumanas".

Ao me deter sobre este comentário, meu estômago reclamou: “Chega de deglutir! Não vais te expressar, assistente social?! Teu Projeto Ético-Político não é a defesa intransigente de direitos?"

E aqui estou sentindo o nojo Sartreano tomando conta de mim...

Pobre Porto Alegre, que já foi a capital dos direitos, ao sediar o Fórum Social Mundial – ao buscar espaços de convivência nas diferenças étnicas, culturais e de classe.

Pobre Porto Alegre, hoje reduzida à mediocridade, à insensibilidade, à avidez do lucro e ao desrespeito aos direitos.

Como cidadã, como assistente social, não posso me calar frente à tamanha ignomínia, frente à omissão social, frente ao marasmo descomprometido de uma população que vê calada, paralisada e descomprometida a violação de direitos! Esta, escondida atrás de uma retórica emplumada que representa o que há de mais retrógrado e violento nas relações sociais postas em uma sociedade capitalista excludente terceiro mundista.

"É muito difícil para um morador de rua como eu conseguir trabalho formal. A sociedade quer que eu tenha qualificação, experiência de vários anos e também um comprovante de residência. Às vezes, penso que não faço parte mesmo dessa sociedade, pois só tem valor quem tem dinheiro" (L.C.G., 40 anos, 2004).

Ignorar quem são os moradores de rua, de onde eles surgem, é desconhecer a Questão Social, é virar as costas para a violência transvestida pelo desemprego, pelo preconceito, pela dependência química e etílica, pelo abandono, pelo salário de fome, pela fragilidade das políticas públicas, pelo trabalho informal, pela corrupção institucional, pela concentração de renda.

Até entendo que o dito “cidadão de bem”, se sinta mal em olhar para os moradores de rua, para estes, a atual gestão da Prefeitura de Porto Alegre faz bem, porque está “limpando” a cidade. Logo, quem não vê não se envolve e aplaude a medida, justificando que os abrigos estão disponíveis, que esta população está na rua porque quer, ignorando intencionalmente a desfiliação social que a sociedade capitalista brinda aos moradores de rua.

"Quando eu morei no Viaduto da Azenha, nós é que fazíamos nossa comida. Ganhávamos ou juntávamos restos pela cidade e depois juntava e fazia uma comida só para todos. Era bom, pois o cardápio era variado todos os dias" (R.O., 21 anos, 2004).

Agora, não tem mais Viaduto. O único direito de ir e vir, de permanecer, está sendo negado aos moradores de rua, que já têm todos os seus direitos negados na capital que, um dia, foi reconhecida pelo mundo como a capital da garantia de direitos...

Como dói ter consciência...

Maria da Graça Maurer Gomes Türck

quarta-feira, 10 de janeiro de 2007

HOMENAGEM PÓSTUMA

À MESTRA, ASSISTENTE SOCIAL LÚCIA CASTILHO, COM CARINHO E AGRADECIMENTO.

No dia 09/01/2007, ao abrir o e-mail, tomei conhecimento do falecimento de minha Mestra, Professora Assistente Social, Lúcia Castilho.

E quero, neste momento de profundo pesar, prestar minha homenagem àquela que marcou indubitavelmente a minha construção como sujeito e como assistente social.

Mestra que me ensinou a pensar reflexivamente, a buscar o conhecimento, a amar o Serviço Social e a Filosofia, em anos duros de repressão ao livre pensar.

Suas aulas, muitas vezes difíceis de acompanhar pelas metáforas usadas, hoje compreendidas com muito maior discernimento, porque distanciadas da época da ditadura e da mediocridade galopante, continuam a fazer parte permanente de minha essência como pessoa e como profissional.

Com certeza, o Serviço Social ficou mais órfão pela perda de uma das figuras mais humanas, mais comprometidas e pelo imenso conhecimento que legou às gerações de Assistentes Sociais.

Querida Mestra, a dor e a saudades são imensas, e só posso te dizer obrigada.

Obrigada por ter compartilhado a tua humanidade e o teu saber. Obrigado por fazer parte de minha construção.

Obrigado...

POA, PUC/RS – Serviço Social, 10/12/1976

quinta-feira, 4 de janeiro de 2007

O APARTEID É AQUI!...

Tirar uma semana e ir comemorar o 2007 na praia de Balneário Camburiu, Santa Catarina, céu e mar azul, foi tudo o que queria.

Praia maravilhosa, tempo impecável, sol brilhante, mas, de repente, olhamos para os lados, e o aparente começa a ser desvendado.

Carros importados desfilando pela Avenida Atlântica. Ferrari estacionada, brilhante com seu vermelho impecável.

De um lado, o mar azul, no asfalto, o desfile da classe dominante em seus carrões importados, em um espaço de terra em que o m² tem seu valor triplicado, só possível de ser desfrutado por quem pode jogar dinheiro pela janela.

Ao longo da Av. Atlântica, um paredão de edifícios imponentes, que chega a ser assustador pelo poder que deles emana...

Na praia, aparentemente, todos nós nos igualamos, por desfrutarmos da mesma areia, do mesmo sol e do mesmo mar. Mas um olhar mais atento começa a descortinar as diferenças pelas jóias exibidas, pelas bebidas consumidas, pelo comportamento exibicionista de alguns freqüentadores.

Ampliando, então, o olhar, nos damos conta de que a negritude inexiste na praia, a não ser acompanhada por seus companheiros de outra etnia. Portadores de Necessidades Especiais ou Deficiência Física, um número ínfimo, que não figurará em nenhuma estatística, com certeza, e nem pobres.

Mas a desigualdade é explicitada pelos vendedores ambulantes, que o tempo todo caminham no sol escaldante pela orla, para venderem a mercadoria trazida do Nordeste. Ou, então, por vendedores de cerveja, de jornais e de babás.

O Apartheid é aqui. Ele está espraiado em todo o Brasil. E traz a sua marca escancarada pelos muros dos condomínios de luxo, encontrados, por exemplo, na Praia da Boa Viagem, em Recife. Ou na Estrada do Mar, para quem vai para a Praia de Capão da Canoa, no Rio Grande do Sul. Ou no Balneário Camburiu, em Santa Catarina.

O Apartheid é aqui...

2007 entra pedindo um grande debate da sociedade brasileira por parte, ao menos, daqueles que não se conformam com a desigualdade social, daqueles que lutam pelos direitos, daqueles que sabem que, quando a “corda” não segurar mais, a avalanche dos injustiçados cobrará as contas...

Maria da Graça Maurer Gomes Türck