domingo, 30 de dezembro de 2007

SERVIÇO SOCIAL: O QUE FICOU PARA 2008?

Um 2007 que finda foi um ano de muitos desafios para o Serviço Social, uma profissão que vem traçando seu caminho na contramão do instituído consolidado pelo neoconservadorismo que lentamente, mas nem tanto, vem tomando conta do cotidiano das pessoas.
Ouvir nos espaços acadêmicos o discurso da pluralidade para justificar que no Brasil não existem mais classes sociais, no mínimo, para os assistentes sociais, é um contra senso, já que seu campo de atuação sempre foi o da pobreza. Na época, a leitura que o Serviço Social fazia da pobreza trazia embutida a justificava da carência, logo, resolvendo a carência individual, o trabalho estaria realizado.
Bons tempos aqueles, para os acomodados de hoje, em que o Serviço Social tinha como seu objeto a mera “resolução de problemas”, quer fosse individual, quer, institucional. Foi a fase que gosto de chamar infantil, ingênua, necessária para o crescimento de uma profissão jovem ainda, que estava tateando em um mundo desconhecido, levada pela mão de seu pai – o capital.
Hoje, quando o Serviço Social já atingiu a fase adulta, que rompeu teoricamente com esta leitura de realidade e estabeleceu a tensão necessária à mudança nos campos de prática, propiciar o retorno do neoconservadorismo é no mínimo perverso. Perverso porque traz embutida em sua lógica argumentativa a retórica do novo: é novo dizer nas empresas que não se tem mais trabalhador, mas sim colaborador; é novo ensinar para os alunos que a complexidade dá sustentação à intervenção na realidade para o Serviço Social, que, segundo palavras da grande pesquisadora MINAYO, “a complexidade é só uma maneira de pensar a realidade, não tem método, nem metodologia”; é novo pregar aos quatro ventos, na área do Serviço Social, em alguns espaços acadêmicos, as diretrizes curriculares e assassiná-las nas salas de aulas.
Pergunto, então, porque não ir para os pós-graduação e construir este novo para ser discutido no âmbito da categoria, para depois ser ensinado? Não, a moral dessa lógica perversa é ir minando cabeças e mentes iniciantes no mundo acadêmico. É uma lógica que impõe sem discussão e aos poucos vão destruindo o que tão arduamente foi conquistado.
No entanto, espaço e escuta ainda existem. Mas por quê?
E a resposta vem imediata: alguns pensadores atuais do Serviço Social necessitam ouvir a voz das bases. Elas clamam pelo caminho que possa garantir a aplicabilidade da teoria na prática. Para uma profissão eminentemente interventiva é necessário para sua sobrevivência, a partir de sua orientação social dada pelo seu Projeto Ético-Político, a garantia desta articulação tendo como eixo a Questão Social.
Logo, é preciso dar com urgência à ameaça do neoconservadorismo que perpassa pela profissão respostas no enfrentamento do cotidiano através da articulação dos fundamentos em que se saia do discurso para uma ação consistente e qualificada que possibilite a garantia de direitos dos nossos usuários que trazem em suas vidas todas as expressões da Questão Social.
E o que fica para os assistentes sociais em 2008? A luta pela manutenção do Projeto Ético-Político e dos fundamentos do Serviço Social, mas mais do que tudo. É consolidar a articulação entre a teoria na prática para instituir a interlocução de direitos. Fica também a luta pela autonomia da profissão a partir de seu referencial teórico no enfrentamento ao poder instituído pelo seu próprio pai – o capital!

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