segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

SERVIÇO SOCIAL E A CATEGORIA CONTRADIÇÃO

A categoria Contradição é fundamental para o Serviço Social, porque ela define a própria existência desta profissão. Sem sua apropriação, o Serviço Social retorna às suas origens de subserviência e de complementaridade de outras profissões. Retorna aos fundamentos do assistencialismo para dar conta de um social reduzido às carências e também da subalternidade para explicar o social a partir da patologia ou da culpabilização dos sujeitos e de suas famílias. Logo, para se apropriar da categoria Contradição é necessário não negar seu passado e a intencionalidade de sua criação. Porque para uma profissão que tem o social como seu espaço de atuação avançar, é necessário, antes de tudo, superar o reducionismo de leitura do social.

É preciso avançar dialeticamente para entender este social que se movimenta em ondas circulares em um processo de sínteses provisórias que se movimenta pelas sínteses forjadas na tese, antítese e sínteses.

E, para tanto, é necessário se apropriar das categorias teóricas do Método Dialético Materialista Histórico para entender este social em contínuo movimento que materializa sempre o instituído, isto é, a desigualdade social. Logo, a contradição nos dá outra dimensão do social, faz com que a desigualdade deixe de ser o centro de nossos processos de trabalho e torna a resistência o eixo principal dos processos de intervenção. Portanto, nos acena com a apropriação da desigualdade social como a aparência que encobre o real concreto. Que vai desvendar a estrutura da sociedade capitalista de cunho periférico que se funda exatamente nessa desigualdade social, que viola os direitos mais elementares de se viver com dignidade da população trabalhadora.

Aí, vamos entender o compromisso da classe dominante. Sua fúria preconceituosa com a universidade para todos. Sua má vontade contra as cotas, a violência contra as minorias. A culpabilização de “Deus” pelas enchentes em São Paulo. E a escuta inútil da voz de uma mulher de 70 anos neste mesmo estado: “Só faz mudanças para judiar da pobreza. Mas nós não merece isso não. Nós merece ser alguém na vida. Nós tira sujeira da casa de vocês e nós fica aqui atolado na lama!!!” - neste grito de alerta e de socorro está materializada a Questão Social pela desigualdade social que é visível e pela resistência que só é desvendada pela apropriação da contradição que aponta o social aparente construído e consolidado pela violação de direitos. E é esta apropriação da contradição pela ótica dos direitos que dá sentido e significado a esta profissão: SERVIÇO SOCIAL!

Assistente Social Maria da Graça Maurer Gomes Türck

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Muito além do cidadão Kane

É NECESSÁRIO IR NA HISTÓRIA PARA ENTENDER O QUE OCORRE HOJE NA MANIPULAÇÃO DOS MEIOS DE COMUNICAÇÃO A SERVIÇO DOS INTERESSES ESPÚRIOS EM DETRIMENTO DOS DIREITOS DA POPULAÇÃO BRASILEIRA. ESTÁ CHEGANDO A HORA DE DARMOS UM BASTA, PARA GARANTIR E CONSOLIDAR OS DIREITOS.

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

A INFORMAÇÃO: UM DIREITO A SER CONSOLIDADO!!!

As tragédias climáticas que vêm assolando São Paulo e Rio de Janeiro desmascaram a informação a serviço da desinformação articulada com os interesses espúrios do capital. E ler esta realidade a partir do Método Dialético Materialista é uma obrigação de qualquer assistente social que tem como orientação social o Projeto Ético-Político da profissão.

É importante e fundamental porque direito se constrói e se consolida com a informação. E ela se constitui em uma estratégia fundamental para a democracia e a conquista de direitos. Negar os fatos, esconder as responsabilidades é o que nos brindam cotidianamente a mídia corporativa.

São Paulo embaixo d’água, “culpa de São Pedro!”. As autoridades municipais e estaduais estão isentas de responsabilidade. Ora, a chuva só castiga os trabalhadores! Os moradores dos Jardins estão protegidos, porque tem saneamento básico. A tragédia humana é esquecida, as promessas, de 16 anos continuam renovadas e esquecidas. As lágrimas dos trabalhadores se confundem com os pingos da chuva que não cessam. E quem deve informar, cobrar, denunciar, esconde o óbvio porque está a serviço não da população, mas do capital, que, concentrado na mão de poucos, ainda, avidamente, aumenta seus lucros, pavimentando estradas sem drenagem adequada, desrespeitando o leito do rio, jogando a sujeira química e humana em suas águas, desrespeitando o meio ambiente num surto de construção civil desenfreada, onde o lucro é o único a ser respeitado. Mas isto não é denunciado, é posto embaixo do tapete dos interesses espúrios. E a população desassistida e desinformada, continua com seus direitos violados por quem deveria garantir e consolidar direitos através da operacionalização articulada das políticas públicas.

No Rio de Janeiro, 648 mortes escancara a irresponsabilidade dos agentes políticos e a desinformação da mídia corporativa, que ao avaliar a tragédia, culpa o governo federal sem a mínima crítica e com a defesa intransigente de interesses de uma classe dominante, que torce o nariz para tragédias que se abatem sobre os trabalhadores. Esquecem de perguntar onde a Fundação Marinho colocou os R$ 24.000.000,00(!) repassados pelo governo do estado do Rio de Janeiro para aplicar na ajuda as vítimas de tragédias anteriores. Não perguntam por que não foram utilizados recursos federais em 2010. Esquecem de informar que sem projetos não se libera dinheiro público. E que, agora, as três cidades serranas se articularam em consórcio para elaborar projetos para captar recursos e conseguir realizar obras de prevenção e de sustentação as vítimas desta tragédia imensurável.

Logo, o Método é fundamental. Sem ele, nós assistentes sociais não conseguiremos dar visibilidade ao invisível. Trabalhar coletivamente, consolidar movimentos sociais que cobrem de governantes, independente de partido político, a materialização de políticas públicas que garantam direitos. E, principalmente, denunciar e pressionar quem no uso de uma concessão pública, como os meios de informação, se prestem a desinformação que leva a violação de direitos. Ocupar espaços de resistência é ir além da aparência e garantir estratégias para a responsabilização de todos em diferentes patamares, onde vidas são perdidas pela ganância do lucro fácil.

Assistente Social Maria da Graça Maurer Gomes Türck

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

REFLEXÕES SOBRE O SERVIÇO SOCIAL!!!

Passado o ano de 2010 é necessário emergir reflexivamente o que fui encontrando ao longo desse ano. Mesmo retrocedendo processualmente na história, existem pontos que sempre permanecem. Encontramos assistentes sociais formadas em diversos anos, em diferentes universidades, mas com as mesmas dificuldades. Muitas com uma solidez teórica bem fundamentada e coerente, outras, excelentes pesquisadoras, mas a grande maioria tem um traço em comum: a fragilidade na mediação teoria e prática.

Inicio o ano de 2011 com a mesma questão que me acompanha ao longo de minha trajetória profissional: por que a formação não dá conta desta articulação? Por que os Fundamentos do Serviço Social muito bem apropriados por estes profissionais não chegam a serem materializados na prática? Existem várias inferências sobre esta realidade da prática miúda dos assistentes sociais. Inferências estas que ouso expor algumas, para o debate:

- Falta de maior rigor na formação teórica;
- Falta de ir às fontes para ensinar a teoria e o Método em Marx;
- Dificuldades de materializar o Método na “prática miúda” dos assistentes sociais;
- A não inclusão da Questão Social como eixo de articulação dos currículos;
- O desconhecimento do Projeto Ético-Político profissional como orientação social da profissão e como este desconhecimento repercute na sua “prática miúda”;
- A não apropriação da contradição como materialidade para executar a mediação teoria e prática.

Enquanto o fosso entre a prática e a teoria continuar aumentando, a profissão continuará se fragilizando, porque a escuta continuará inútil. A academia permanecerá no seu espaço e a prática continuará no andar de baixo construindo práticas distanciadas dos Fundamentos da profissão.

Esperamos que 2011 possa possibilitar o diálogo reflexivo que movimente a discussão da profissão agregando os Fundamentos a “prática miúda” dos assistentes sociais.
Assistente Social Maria da Graça Maurer Gomes Turck

quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

O TEMPO NÃO PARA: SALVE 2011!!!

Parafraseando Cazuza, que nos indica que inexoravelmente o tempo não para, nos dá a dimensão exata do movimento dialético, onde a contradição que sustenta este movimento nos aponta para um novo tempo em 2011.
Retomando 2010, foi um ano profícuo, de desafios, de conquistas, de recuos, avanços e ampliação de espaços pessoais, afetivos e profissionais.
E o que fica é a impermanência das derrotas e das conquistas. Este movimento é a própria essência da vida e do novo tempo que vem se consolidando.
Em relação ao Serviço Social, é necessário consolidar o caminho, ampliar o horizonte, deixar que a escuta da elite pensante da profissão se aproxime dos assistentes sociais da “prática miúda” para a articulação, construção e ampliação do conhecimento que dê conta da materialização do Projeto Ético-Político profissional.
Se houve um tempo em que foi necessário fechar para conquistar e consolidar espaços e conhecimentos profissionais é chegado outro tempo. O tempo da construção do coletivo profissional onde todos possam contribuir com seu conhecimento e sua experiência. Urge neste 2011, que acaba de chegar, que a academia se aproxime da prática e que a prática se aproprie do conhecimento, para que o serviço Social se consolide como uma profissão, que pela sua orientação social está antenada com este novo tempo.
Feliz 2011 a todos os assistentes sociais que cultivam a esperança e a utopia de um novo mundo que se constrói no cotidiano das pessoas através de sua “prática miúda”.

Assistente Social Maria da Graça Maurer Gomes Turck