quinta-feira, 4 de janeiro de 2007

O APARTEID É AQUI!...

Tirar uma semana e ir comemorar o 2007 na praia de Balneário Camburiu, Santa Catarina, céu e mar azul, foi tudo o que queria.

Praia maravilhosa, tempo impecável, sol brilhante, mas, de repente, olhamos para os lados, e o aparente começa a ser desvendado.

Carros importados desfilando pela Avenida Atlântica. Ferrari estacionada, brilhante com seu vermelho impecável.

De um lado, o mar azul, no asfalto, o desfile da classe dominante em seus carrões importados, em um espaço de terra em que o m² tem seu valor triplicado, só possível de ser desfrutado por quem pode jogar dinheiro pela janela.

Ao longo da Av. Atlântica, um paredão de edifícios imponentes, que chega a ser assustador pelo poder que deles emana...

Na praia, aparentemente, todos nós nos igualamos, por desfrutarmos da mesma areia, do mesmo sol e do mesmo mar. Mas um olhar mais atento começa a descortinar as diferenças pelas jóias exibidas, pelas bebidas consumidas, pelo comportamento exibicionista de alguns freqüentadores.

Ampliando, então, o olhar, nos damos conta de que a negritude inexiste na praia, a não ser acompanhada por seus companheiros de outra etnia. Portadores de Necessidades Especiais ou Deficiência Física, um número ínfimo, que não figurará em nenhuma estatística, com certeza, e nem pobres.

Mas a desigualdade é explicitada pelos vendedores ambulantes, que o tempo todo caminham no sol escaldante pela orla, para venderem a mercadoria trazida do Nordeste. Ou, então, por vendedores de cerveja, de jornais e de babás.

O Apartheid é aqui. Ele está espraiado em todo o Brasil. E traz a sua marca escancarada pelos muros dos condomínios de luxo, encontrados, por exemplo, na Praia da Boa Viagem, em Recife. Ou na Estrada do Mar, para quem vai para a Praia de Capão da Canoa, no Rio Grande do Sul. Ou no Balneário Camburiu, em Santa Catarina.

O Apartheid é aqui...

2007 entra pedindo um grande debate da sociedade brasileira por parte, ao menos, daqueles que não se conformam com a desigualdade social, daqueles que lutam pelos direitos, daqueles que sabem que, quando a “corda” não segurar mais, a avalanche dos injustiçados cobrará as contas...

Maria da Graça Maurer Gomes Türck

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