sexta-feira, 7 de julho de 2006

PROCESSOS SOCIAIS E EXPRESSÕES DA QUESTÃO SOCIAL: UM DESAFIO NO COTIDIANO DOS ASSISTENTES SOCIAIS

A Violência contra o idoso é uma expressão da Questão Social.

Ao nos determos sobre a violência contra esta faixa da população, vamos detalhadamente identificando os Processos Sociais que estão imbricados nesta expressão: preconceito, isolamento social, abandono, violência física e aposentadoria indigna. Ao mesmo tempo, se tem também os movimentos dos idosos na garantia de seus direitos, que redundaram, por exemplo, no Estatuto do Idoso, a partir da Política Nacional do Idoso – Lei nº 8.842 de 4 de janeiro de 1994.

Logo, ter nesse contexto a Questão Social como objeto do Serviço Social é também se apropriar dos espaços de resistência para se fazer frente, de forma competente, à violação de direitos. Para o Assistente Social, o desafio no exercício de sua profissão é trazer a articulação do cotidiano com os Processos Sociais, entendidos como um espaço de tensão entre o capital e o trabalho, e se apropriar da contradição posta nesta relação. É a partir daí que o Projeto Ético-Político dá o direcionamento para que a profissão não se exima de ter uma posição.

Como, então, ter este entendimento amplo, a partir do Método Dialético Materialista, e trabalhá-lo no “miúdo”? No cotidiano?

A Questão Social chega para nós profissionais na figura de um usuário, neste caso, o idoso, trazendo em sua fala seu sofrimento: “meu filho bate em mim todos os dias!”. Esta fala está carregada por processos que foram moldando sua subjetividade, através da subjetivação/objetivação, e delineando seus espaços relacionais de violência.

Ignorar que o Processo de Trabalho do Assistente Social se inicia por um sujeito e pelo seu sofrimento, é negar este indivíduo singular. E não vê-lo inserido em uma sociedade capitalista, em que as relações sociais se articulam a partir da reificação, fetichização, mais-valia, alienação e da luta de classes, é reduzir a desigualdade social a um mero “problema Social” de responsabilidade individual e obscura.

Mas é neste movimento dialético de apropriação de um contexto social amplo, a partir da leitura de um fenômeno através das categorias de historicidade, totalidade e contradição, que o Processo de Trabalho do Assistente Social vai garantindo direitos a um sujeito singular, sim, cujo sofrimento vai explicitando a Questão Social em toda a sua trajetória de vida.

Maria da Graça Maurer Gomes Türck

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