A moradia deste usuário está localizada na zona periférica da cidade de Viamão/RS. Aparentemente é um espaço bem localizado, onde se mescla o urbano com o bucolismo da zona rural, com todos os elementos necessários para um contexto de boa convivência, se constituindo em um território com tudo para a consolidação de um ambiente saudável.
No entanto, o que se vê, está longe da possibilidade concreta do que poderia ser. O que torna impossível a transformação desta realidade?
O álcool!! Mas não é o “crack”? Não são os adolescentes “viciados”, que estão a ameaçar os “homens de bem” da sociedade gaúcha?
Não! Não! É o álcool – aquele que “desce redondo” e aprisiona os tolos na dependência sem volta. É aquele que é saboreado junto com a imagem da atriz global – Juliana Paes. É aquele que encoraja os motoristas a dirigirem “sem lenço e sem documento”, matando os transeuntes, trabalhadores e motoristas sérios, neste trânsito sem lei e sem compromisso com a vida humana. É aquele que “turbina” os torcedores nos campos de futebol – os empurrando para a violência gratuita sem consciência, porque as ações irresponsáveis estão sustentadas pela euforia etílica. É aquele “que matou o guarda”, cuja mensagem subliminar deixa explicito que só os “machos” conseguem digeri-lo.
É aquele que funciona como “cobertor interno”, nas noites frias de inverno, agasalhando os que já não são nada...
É aquele que subsidiará a copa do mundo em 2014 no Brasil, logo, é necessário, desde já, convencer a “peble ignara” que um gole a mais não faz mal, pelo contrário, o gole vai sustentar a falsa alegria, o falso brilho e encherá as ruas com gritos de já ganhou, numa euforia movida a álcool, logo, sem a autenticidade da torcida que nasce do espírito esportivo.
Lá, naquele pequeno território em Viamão, não é o “crack” que está matando. É o álcool que campeia pelos rostos de homens jovens, adultos e idosos, que circulam cambaleantes pelas ruas, porque são os “bares da cachaça” que sustentam as famílias, que produzem a violência, o abandono, a doença. Neste pequeno território a miséria se expressa pelo álcool que se constituí em ferramenta importante dos poderosos para a manutenção do poder, para aniquilar os direitos, para produzir “zumbis”.
Portanto, quem deveria pagar o Benefício de Prestação Continuada a este exército de mortos vivos deveriam ser as fábricas de cerveja: a skol, a brahma, a bohemia, a polar e tantas outras, como também as de cachaça, como a 7 campos.
Não é o “crack” que ameaça os “homens de bem”, não são os adolescentes, são os poderosos, os dignos representantes do capital que investem na desumanização, no uso consciente da dependência etílica e vão minando vidas, para obterem mais lucro. É disso que a mídia coorporativa deveria tratar - braço comprometido do capital, cujos funcionários, alguns, jornalistas?, há muito esqueceram o significado da palavra ética.
O cotidiano profissional nos esfrega na cara todos os dias as expressões da Questão Social e enfrentá-las é conseguir dar o tom exato ao denunciar as responsabilidades coletivas por trás de uma solicitação individual de Benefício de Prestação Continuada, que por si só, já aponta a vida destruída pela negação de muitos direitos.
Assistente Social Maria da Graça Maurer Gomes Türck
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