terça-feira, 30 de maio de 2006

ABANDONO: UMA EXPRESSÃO DA QUESTÃO SOCIAL!

Abandono, cujo significado semântico é “deixar, largar, desamparar, desistir de, menosprezar” (BUARQUE FERREIRA, 1985, p.1), indica o ato de abandonar.

O abandono, simplesmente, em muitas situações, não se visualiza, se sente. Também faz parte da violência. De qualquer ato de violência: do abuso sexual à negligência. Da delinqüência aos meninos de rua. Do morador de rua ao idoso asilado.

Abandonar é, antes de tudo, se eximir de responsabilidade afetiva de quem, um dia, convivemos no cotidiano, no início da vida ou, então, ao longo da vida.

Abandonar é violência na medida em que o abandono traz na sua essência o desamparo. No entanto, julgar o abandono é o caminho mais fácil para quem não consegue compreender as relações sociais que nos aprisionam na vertente do lucro - priorizar a mais-valia, fazer a apologia ao individualismo, propiciar ao homem a necessidade permanente da competição, do ter.

E o resultado é o abandono. É o isolamento social. Para ter, deixo de conviver. Para manter, convivo com quem me trará ganhos. E, gradativamente, o abandono vai se instituindo nas relações. Ou pelo abandono sem ruptura de presença, que aparece através da delinqüência infanto-juvenil ou na violência intrafamiliar, ou através do abandono com ruptura de presença, circulando na história de vida de mães que abandonam ou de meninos de rua. Rever essas relações é se apropriar do abandono.

Ao abandonar, se fortalece a violência e a justificativa dos poderosos.

Olhar para o abandono é olhar também para a falta de educação, de saúde, de emprego e de comida. É se dar conta que caminham juntos ao abandono, a economia e a política na manutenção da violação de direitos.

Maria da Graça Maurer Gomes Türck

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