segunda-feira, 20 de outubro de 2008

Questão Social = Questão de Polícia?

Retirado do blog Dialógico

Caros(as) companheiros(as)

Coloquei em anexo para quem não teve a oportunidade de conhecê-la, a surpreendente e contundente matéria da Zero Hora de 18/10/2008, feita a partir de depoimentos de oficiais e soldados da Brigada Militar sobre a repressão desencadeada contra a Marcha dos Sem e o piquete dos bancários em greve, mobilizações de trabalhadores ocorridas em 16/10/2008.
A reportagem mostra que a Brigada Militar está dividida sobre como tratar as mobilizações dos trabalhadores gaúchos, que se repetem cada vez mais fortes. De um lado, o seu Comandante, Coronel Mendes, é radical na defesa da repressão, e a tem aplicado de forma selvagem contra o MST, o CPERS, o movimento dos desempregados, e agora, aos bancários em greve. De outro lado, estão os oficiais e soldados que não aceitam a orientação do Comandante, e querem o diálogo com os movimentos.
Os críticos à orientação do Comandante parecem preocupados com a possibilidade de serem responsabilizados criminalmente pelos danos físicos e morais que as ações da Brigada Militar estão causando à dezenas de trabalhadores gaúchos. Certamente não ignoram as condenações de militares responsáveis por assassinatos e tortura na Argentina e, inclusive no Brasil, onde o Coronel do Exército Carlos Alberto Brilhante Ustra foi declarado torturador pela Justiça de São Paulo.
Se não bastasse a preocupação daqueles que tem voz de mando, a intranqüilidade chegou aos soldados. É ilustrativa a declaração dada à Zero Hora por um soldado do Batalhão de Operações Especiais da Brigada Militar:
“Se a ordem é ir para cima, tu vai, e os caras do outro lado vão reagir. Um dia vai estourar uma grande bronca e seremos nós que sentaremos no banco dos réus. A gente vai em todos os confrontos. Nossa escala é de 24 horas, a gente já dorme pronto, ao lado das granadas, do escudo e do capacete, da perneira, da joelheira. O que achei mais ridículo em todos estes anos de BM foi a revista para identificar professores. Eram todos colegas ganhando pouco como a gente.”
O aparelho repressivo próprio do Estado do Rio Grande do Sul está dividido sobre como agir em relação ao movimento dos trabalhadores. Esta em cheque a Governadora Yeda, a responsável maior pela política repressiva levada a cabo pelo Comandante da Brigada Militar. Das duas uma: Ou os oficiais e soldados serão punidos disciplinarmente, ou o Comandante da Brigada Militar será exonerado. Creio que se depender de Yeda, o Coronel Mendes continua no cargo.
Os movimentos dos trabalhadores não podem ser espectadores do desdobramento desta crise na Brigada Militar, que tende a agravar-se.
Não queremos um estado policial militar no Rio Grande do Sul. Não queremos a questão social tratada como questão de polícia, como na República Velha e na ditadura, onde sindicalista era tido como “baderneiro.” A repressão que está sendo desencadeada contra os movimentos sindicais e populares já está fora de controle e representa uma ameaça às liberdades democráticas.
Precisamos exigir a ação da Comissão de Direitos Humanos da Assembléia Legislativa, a apuração completa das agressões contra os bancários e a Marcha dos Sem, com a punição dos responsáveis e a exoneração do Comandante da Brigada Militar.

PELA LIBERDADE DE MANIFESTAÇÃO DOS TRABALHADORES

Saudações sindicais
Em 19/10/2008
Clovis Carneiro de Oliveira
Secretário Geral do CPERS-Sindicato

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