O cotidiano se constitui em um espaço onde a vida acontece e, para nós assistentes sociais, é neste que vai se explicitar a Questão Social na vida dos sujeitos – pela forma como a desigualdade social se explicita ou, então, pelos espaços de resistência que se instituem.
Logo, esta é uma contradição que confronta.
São nesses momentos que me pergunto: em que mundo nós vivemos? Em que mundo nós concretizamos os nossos processos de trabalho? Como se constitui um olhar ampliado ao se negar a contradição e conseqüentemente o Projeto Ético-Político?
Têm-se, então, duas vias: uma, que se apropria dessa realidade social, forjada pela relação capital e trabalho, que, ao olhar para os lados, consegue se apropriar da desigualdade social, da exploração, do resultado dessa desigualdade, posta na mão, por exemplo, do brigadiano das fotos que se seguem, que assume o lado do capital ao tentar deter pela força do cassetete a ocupação do espaço de resistência. Os fundamentos do Serviço Social possibilitam, então, ao assistente social, através de seu processo de trabalho, desvendar o que está posto nestas fotos. O poder do capital encarando o legítimo direito de se reivindicar direitos através da imposição do cassetete. Calando-se, assim, o direito pela violência. Logo, é a partir de fundamentos que os assistentes sociais elegeram para dar conta de sua intervenção na realidade social que se constitui o Projeto Ético-Político, que dá a orientação social para a profissão e que permite a apropriação do Método Dialético Materialista para se dar conta de uma leitura de sociedade, neste caso, mais especificamente da realidade latino-americana, da realidade do Brasil, da realidade do Rio Grande do Sul.
A outra vertente, que começa a se instituir nos meios acadêmicos e aos poucos vai se explicitando pelas falas de alguns assistentes sociais, vem da negação da contradição posta na sociedade. Temos que ouvir seguidamente que trabalhador pode ser visto como colaborador, que a Teoria Marxista apresenta um viés míope, que não amplia o seu olhar e que, então, a chamada teoria da complexidade contemplaria esta ampliação. É duro presenciar este nível de debate dentro de uma categoria que vai trabalhar com todas as expressões da Questão Social, que escancara uma DESIGUALDADE, que explicita com intensidade a exploração.
Esta leitura de realidade pode, então, produzir a seguinte compreensão das fotos: é necessário manter a ordem. Estes baderneiros precisam aprender que não é assim que se luta. E assim, portanto, que se vai justificar, até teoricamente, a truculência com que vêm sendo tratados os movimentos sociais no RS. Logo, a partir dessa perspectiva, os assistentes sociais vão se apropriar de teorias que não tencionam a contradição, que preferem retomar o trato com o fenômeno social a partir do sujeito e de seu contexto afetivo e social mais restrito. Esta postura teórica que vem se instituindo vagarosamente em espaços acadêmicos e profissionais vai de encontro ao Projeto Ético-Político da profissão, transformando a intervenção do assistente social em uma mera prática burocrática e de resolução de problemas, perdendo-se drasticamente a dimensão do direito.
É necessário garantir o Projeto Ético-Político, porque é ele nos dá a dimensão exata de nosso estar no mundo como profissão!
5 comentários:
Neste espaço não são permitidos comentários de pessoas sem identificação que se propõem a chafurdar ao invés de construir compreensões acerca dos temas propostos.
Infelizmente, o comentário acima, deletado por nós, caracterizou-se por ser ofensivo, sem argumentação e anônimo.
Torcemos de sobremaneira que, em sendo esta pessoa um Assistente Social, estas não sejam as características de sua prática profissional.
Não se preocupe, não faço parte dessa categoria profissional, apenas estudo a teoria citada neste post e considerei o comentário muito superficial. Mas tudo bem, aqui não é o local de debater outras teorias e sim o espaço profissional único e exclusivo dos Assistentes Sociais, não retornarei a este Blog. Um abraço e sucesso a todos!
"...construir compreensões acerca dos temas propostos".
Caro, Silas.
O que este destaque significa para você?
Tenho o seu primeiro comentário salvo e você jamais quis debater coisa nenhuma acerca da temática. Você foi grosseiro e ofensivo.
E tem mais, em um espaço democrático, como estamos tentando que este seja, de debate de idéias, achar que algo é "superficial" sem argumentar, sem contrapor, simplesmente rotulando a idéia é o cúmulo do comportamento paradoxal.
Assim fica muito fácil, não?
Grato pela visita.
Caro, Guga
Certamente a minha interpretação do que você destacou acima é muito diferente da sua, afinal ninguém tem a obrigação de compactuar das mesmas ideologias.
Não pretendo gerar nenhum debate, esse espaço não foi idealizado para isso.
Se você se sentiu ofendido com alguma expressão por mim utilizada peço desculpas, mas não concordo com o que foi postado.
Postar um comentário