quinta-feira, 12 de junho de 2008

EM TEMPOS DE BARBÁRIE, O PROJETO ÉTICO-POLÍTICO DO SERVIÇO SOCIAL


Hoje, em Porto Alegre, 12/06/2008, ao amanhecer o dia, a contradição se fez presente, iluminada pelos raios de sol, em um dia lindo de outono.

O dia está iluminado. No entanto, a névoa da barbárie instituída no Rio Grande do Sul, que vem aos poucos se consolidando pelos que vêm governando este estado, através de um projeto político de cunho neoliberal, se explicitou barbaramente através da repressão policialesca imposta pela mão-de-ferro de uma ditadura travestida pela falácia da democracia.

Como cidadã, gaúcha e assistente social, me sinto profundamente envergonhada e enojada com o contexto social gaúcho.

Me pergunto: como chegamos a isto?

Como permitimos que uma elite perversa, egoísta, excludente, que campeia neste estado e que vem se instituindo pela força, pela mentira, pelo desrespeito às diferenças, pela voracidade predatória, tira com tanta arrogância os direitos dos cidadãos gaúchos?

É nesta hora que o Projeto Ético-Político do Serviço Social se explicita pela necessidade de tomarmos posição frente a essa barbárie. Frente à articulação nojenta dos órgãos da “grande” imprensa, cujos “jornalistas”, dignos representantes da opressão, cotidianamente “vomitam” em seu próprio Código de Ética – se de fato este existe (sim, ele existe! Clique aqui). Onde a desfaçatez, a ignomínia, o mau-caratismo e a manipulação da informação se fazem presente no cotidiano.

Eu sou assistente social e tenho a obrigação ética de denunciar a violação de direitos, de denunciar a barbárie, de dizer chega!

A garantia de direitos se constrói no concreto, não no discurso. Se constrói no respeito à diversidade, no respeito às divergências, na consolidação de espaços de convivência democrática.

Chega de criminalizar os movimentos sociais, a pobreza. Chega de defender a opressão, a violência, a truculência. Chega de sufocar pelo cassetete a dignidade dos sujeitos. Chega de dar condições aos truculentos a oportunidade de divulgar suas análises pífias e mentirosas a respeito das legítimas reivindicações dos cidadãos gaúchos, cada vez mais espoliados de seus direitos – agora, no de ir e vir. Chega de rasgar a Constituição, tão duramente conquistada. Chega de nominar de baderneiros quem luta por direitos!

Neste momento que escrevo, minha indignação é tão intensa que nenhuma palavra poderia descrevê-la. No entanto, como assistente social, cidadã e gaúcha, só posso dizer que quem foi forjado na luta sabe como ocupar os espaços de resistência. E que quem aprendeu com a vida que a dignidade não tem preço entende que, contra a barbárie, estamos sempre prontos para a luta, na defesa “intransigente de direitos e pela busca de uma sociedade mais justa e igualitária”.

Por isso sou assistente social!

Um comentário:

Anônimo disse...

Hoje fui assistir a um evento na OAB, para discutir as formas de prevenir a violência. E mais uma vez a contradição estava posta:A fala conservadora se faz presente no discurso da prevenção e do combate de quem vê a "delinqüncia" e a "conduta desviante". A fala de que é "ótimo" ter mais de mil presos no sistema carcerário e que é melhor ainda a construção de mais presídios. e principalmente de que a Questão Social não existe que é só para Assistentes Sociais de que na brigada não existe a Questão Social. Fiquei horrorizada! Mas sei que é preciso ouvir e refletir sobre a fala positivista, para trabalhar no contrafluxo. É preciso ver a hipocresia para poder garantir direitos!