segunda-feira, 12 de junho de 2006

A CRIMINALIZAÇÃO DA POBREZA É UMA TENTATIVA DE LEGALIZAR A VIOLAÇÃO DE DIREITOS?

Criminalizar a pobreza é explicitar a luta de classes, é a tentativa permanente de legalizar a violação de direitos, que hoje se encontra mais recrudecida.

Nos espaços sociais mais imprevisíveis, se escuta a fala de representantes que deveriam garantir direitos, na defesa da culpabilização da pobreza, ao se referirem à violência cotidiana. Logo, os sujeitos que trazem em suas vidas todas as expressões da Questão Social são tratados como "pobres". Não como sujeitos. Mas simplesmente como pobres.

Pobres – “irresponsáveis, que se tornam fábricas de filhos”. Pobres – “negrinhos ranhentos”.

Pobres – “filhos drogados, com mães irresponsáveis”. Pobres – “menores infratores”.

Fala-se irresponsavelmente. Fala-se assim em espaços públicos, oferecendo-se receitas na contenção da violência, as quais circulam também na grande mídia.

E onde se faz o contraponto?!

Em que espaço se pode discutir a concentração de renda?! A falta de uma formação profissional que priorize o conhecimento em detrimento de ideologias?!

Onde priorizar uma ação que implemente o Estatuto da Criança e do Adolescente, sem os ransos do antigo Código de Menores?!

Onde se pode ter a informação sobre um adolescente autor de ato infracional, sem que se fale de um menor infrator?!

Onde se pode discutir planejamento familiar sem que se direcione exclusivamente para os pobres “fabricantes de filhos” e, conseqüentemente, culpados pela violência?

Onde se apropriar dos meandros da sociedade capitalista da América Latina, que consegue, competentemente, manter a desigualdade social e convencer os que vivem esta desigualdade a defender as estruturas e os instrumentos sociais de sua própria opressão?!

Onde buscar o entendimento de que o aparente mascara a realidade e mantém a alienação?!

Com certeza, para nós, Assistentes Sociais, a resposta está imbricada na apropriação de nosso Projeto Ético-Político, na garantia permanente dos direitos humanos e na busca permanente de uma sociedade mais justa e igualitária e, conseqüentemente, ocupando os espaços de resistência na interlocução destes direitos.

Maria da Graça Maurer Gomes Türck

Um comentário:

Anônimo disse...

COMENTÁRO DA ALUNA MARA.
Neste domingo visitei vó Dina, que contou-me o quanto foi feliz na sua infância/adolescencia com seus pais e seus 8 irmãos no interior do Estado.
Hoje pela manhã vindo para o trabalho, vi dois homens lendo jornal.
O que estes fatos tem a ver com o artigo?
Por que hoje em dia fala-se em pobres fabricando filhos e com isso proliferando a violência, se nossos avós mesmo com uma família numerosa podiam viver dignamente.
E os dois homens lendo jornal?
Bem, o primeiro saía da padaria vestido para o trabalho lendo seu jornal. E o segundo, um morador de rua lia seu jornal encostado na lixeira.
Mas...morador de rua sabe ler?
Não deveria ser todos "analfabetos" por isso que estão na rua e não conseguem um emprego?
Então o discurso que a violência está ligada ao grande número de filhos, e a falta de educação aumenta a criminalidade, torna-se vazio, uma vez que nossos avós mal sabiam ler, e mesmo assim viviam dignamente, e seus lares congregavam uma família numerosa,e até hoje adoramos ouvir suas histórias, que tornam-se um exemplo de vida para nós.