Agora, mais do que nunca, entendo MARX e a sua necessidade de entender a humanidade ao analisá-la pela ótica da economia política. Uma civilização que vem se construindo através do mercado e, sistematicamente, vem perdendo a dimensão de sua própria humanidade.
“Olhos que não querem ver”, MARX sabia o significado. Olhos que querem ver são olhos que enxergam com a alma, em que o ser humano tem significado de sujeito singular e não de “coisa”.
É muito dinheiro para poucos e muita fome para muitos. Londres, Paris, Frankfurt, centros nervosos do capital internacional, alheios à dor da humanidade, centrados no mercado, no lucro e na exploração, locais onde a fetichização se concretiza pela centralidade e luminosidade dada à “coisa”.
Logo surge a pergunta que nunca quer calar, se organiza e se concretiza: como a Questão Social se expressa na Europa Ocidental?
A resposta vem forte, pela voz e gestos de seus cidadãos mais comuns.
Londres: “os negros não gostam de trabalhar de dia, são preguiçosos e ficam acordados à noite”. As praças públicas cercadas em bairros de luxo, só quem tem a chave do portão as freqüenta. Por quê? Porque os moradores do bairro as cuidam, pagam, são privatizadas, logo, excludentes.
Paris: empregos subalternos ocupados por estrangeiros de países de 3º mundo. Eles aprendem que neste mundo, se tiverem dinheiro, terão valor. Logo, para consegui-lo, aprendem que têm que enganar, extorquir.
Frankfurt: “eles estão dormindo na rua porque querem. Não querem trabalhar. Começam com drogas e terminam com vinho. O governo lhes dá condições de albergue, mas ficam na rua porque querem”.
Pelo jeito, não se questiona a sociedade de classes. Parece que não existe. Tudo é culpa do sujeito ou das etnias. Logo, pode-se inferir que a Questão Social na Europa se expressa pela alienação, através do preconceito que se viabiliza pela exclusão, muito bem caracterizada nas relações cotidianas.
Maria da Graça Maurer Gomes Türck
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