segunda-feira, 7 de maio de 2007

OS “HOSPEDEIROS” DA OPRESSÃO: DIGNOS REPRESENTANTES DA CLASSE DOMINANTE

Quem se defende porque lhe tiram o ar
Ao lhe apertar a garganta, para este há um parágrafo
Que diz: ele agiu em legítima defesa. Mas
O mesmo parágrafo silencia
Quando vocês se defendem porque lhes tiram o pão.
E no entanto morre quem não come, e quem não come o suficiente
Morre lentamente. Durante os anos todos em que morre
Não lhe é permitido se defender (BRECHT, 2006, p.73).


Logo, votar pela redução da maioridade penal é fácil para quem vem vivendo e se alimentando da desigualdade social.
É fácil argumentar a barbárie com belas palavras revestidas da hipocrisia e do cinismo dos dignos representantes da classe dominante.
É fácil apelar para o emocional de uma população medrosa pelo recrudescimento da violência social.
É fácil achar o caminho para manter a opressão, com o apoio dos oprimidos, aprisionados pela sua própria alienação e, conseqüentemente, pela própria negação de sua identidade de classe.
É fácil justificar salários altos, pela argumentação de sua própria competência profissional que só existe, com certeza, na classe dominante.
É fácil descaracterizar e desqualificar a corrupção, porque esta tem origem no núcleo da classe dominante.
É fácil encontrar argumentos para continuar criminalizando os sem-tetos, os sem-terras, os sem-trabalho, os sem-comida, os sem-tudo!
É fácil ser “hospedeiro” da opressão, para oprimir os seus iguais, sem se dar conta de sua própria opressão!
É fácil ter um preço!
É fácil vender a dignidade para manter-se no topo de uma sociedade perversa e excludente!
O que é difícil é ser assistente social e nos orientarmos em uma sociedade onde tudo está à venda, até mesmo a dignidade...

Maria da Graça Maurer Gomes Türck

Um comentário:

Anônimo disse...

É dificil fazer um trabalho de acordo com o projeto ético político , sem desagradar os chefes. Se estes estiverem satisfeitos com o trabalho desenvolvido pelos as, desconfie! O profissional comprometido com a profissão é o "ovelha negra" apedrejado, estigmatizado, e quase sempre sozinho na hora do acirramento da contradição