A essência de todo o atravessamento que hoje emerge neste contexto acadêmico reflete a contradição do que está posto na sociedade capitalista contemporânea: garantir direitos ou, então, ser hospedeiro da opressão para responder as exigências do mercado.
Logo, para ser Assistente Social e estar professora e orientadora de TCC’s é necessário se apropriar do significado deste trabalho para a formação do profissional Assistente Social.
A primeira opção traz em sua essência a compreensão de que este Trabalho se constitui em um momento ímpar para os alunos que estão concluindo o curso de graduação. É um momento precioso em que o aluno deve se apropriar de todo o conteúdo teórico aprendido e articulá-lo com a prática construída nos Estágios I e II, por exemplo. Em que a experiência da realidade concreta retorna para o conhecimento aprendido e, pela reflexão, produz condições de superá-lo ao se elaborar o TCC.
É o momento do aluno, em que ele vai se apropriando, agora, não mais como aluno, mas como futuro profissional, dos fundamentos do Serviço Social.
E aos professores, ao orientar, cabe acompanhar com mão firme esta caminhada de reflexão em que juntos discutem, refletem e aprendem em movimentos de permanente superação do conhecimento. Este é o sentido do TCC e de sua orientação.
No entanto, o que hoje a realidade nos confronta?
Com a dor do aluno comprometido com a sua escolha. Que, ao chegar neste momento, se dá conta de sua fragilidade teórica, pela fragmentação da aprendizagem. Pela dificuldade de se conectar com as diretrizes curriculares. Pela falta de tempo, por estar sempre no terceiro turno do dia. Pela falta de articulação entre a teoria e a prática.
Também, neste contexto, se tornam visíveis alunos, futuros profissionais, cujo diploma é mais importante do que a profissão. Que seu interesse é o interesse do mercado. Que seu objetivo é se qualificar para somente aquilo que o mercado oferece, banalizando o Projeto Ético-Político da profissão. Logo, este momento que pode ser intensamente produtivo para alguns alunos, para outros é um entrave a mais a ser superado, portanto, os meios acabam justificando os fins. E são estes alunos que vão, então, dar guarida à “falcatrua”, ao contratar serviços de terceiros que vendem os trabalhos prontos, aviltando, dessa forma, a profissão, vendendo o conhecimento e coisificando o futuro profissional. Neste ato, passa a existir a co-responsabilidade através de duas vias que vai validando e consolidando a mercantilização do ensino como bem explicita CHAUÍ:
Se a universidade for um supermercado, então, nela entram felizes consumidores, ignorando todo o trabalho intelectual contido numa aula. (...) Recebem os conhecimentos como se estes nascessem dos toques mágicos de varinhas de condão. E, no momento das provas, ou querem resgatar os preços ou querem sair sem pagar ou abandonam o carrinho com as compras impossíveis xingando os caixas (...). É assim a universidade? Se o for, nossa produtividade será marcada pelo número de produtos arranjados nas estantes, pelo número de objetos que registramos nos caixas, pelo número de fregueses que saem contentes (apud MACIEL, 2006, p. 68).
Assim, aos poucos, vamos “formando” Assistentes Sociais hospedeiros que, para garantirem um lugar no mercado, vão perdendo o sentido ético da profissão.
Maria da Graça Türck
Um comentário:
ok adorei a discussão
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