É neste espaço em que a contradição emerge com força que vamos aprendendo o significado da resistência e da interlocução de direitos. É neste espaço que o Projeto Ético-Político do Serviço Social se constitui por esta interlocução através da Perícia Social.
No entanto, é necessário que os assistentes sociais se apropriem da Perícia Social como especificidade da profissão e não como um instrumento em que a documentação vai se constituir somente como um relato das situações dos sujeitos, oportunizando a Justiça assumir como de sua inteira responsabilidade as decisões sobre a vida destes mesmos sujeitos sem nenhum contraponto, através das sentenças dos juízes.
Muitas vezes escutei que no espaço de Justiça não dava para trabalhar como assistente social. Estas afirmativas sempre me remeteram ao Método Dialético Materialista Histórico, em que fica claro que para trabalhar com a Questão Social é antes de tudo se apropriar do espaço de resistência para inverter a lógica da sociedade capitalista, que se vale de uma Justiça de classe para punir quem se encontra na base da pirâmide social e dar guarida para quem se encontra no topo desta pirâmide.
A Perícia Social como especificidade tem o poder de materializar no conteúdo do documento Estudo Social a equidade e trazer para a decisão judicial a compreensão dialética da sociabilidade reificada imbricada na vida de um sujeito com seus direitos violados ou então, ampliando sua responsabilidade na violação de direitos praticada por um sujeito individual. Esta é a essência da Perícia Social como especificidade do Serviço Social, é materializar o Projeto Ético-Político profissional na ocupação do espaço de resistência em um local onde o poder instituído é carregado de contradições.
Assistente Social Maria da Graça Maurer Gomes Turck
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