A posição corajosa assumida pela categoria, após 200 oficinas promovidas pela Associação Brasileira de Ensino e Pesquisa em Serviço Social (ABEPSS), foi publicizar e oficializar a violação de direitos ao reconhecer que seu campo de luta é a Questão Social.
É um caminho sem volta, porque esta profissão nasceu com o estigma da caridade e da ajuda aos esfomeados, aos miseráveis, a esta população que se caracteriza pelos sem nada e que ainda se constitui em usuários do Serviço Social, independente dos Assistentes Sociais vê-los como carentes ou, então, como sujeitos com seus direitos violados.
Logo, negar a vertente teórica que ampliou o conhecimento dos Assistentes Sociais, que indicou o caminho a ser seguido, que consolidou sua identidade, é negar, que na trajetória de vida de nossos usuários, a violação de direitos existe.
O Projeto Ético-Político não deixa escolha. É o reconhecimento da Questão Social como produto da sociedade capitalista contemporânea, que tem “seu núcleo constitutivo formado pelo tripé capital, trabalho e Estado”. E cuja sustentação é realizada pelo “pilar fundamental, dado pelo sistema hierarquizado de trabalho, com sua alienante divisão social, que subordina o trabalho ao capital, tendo como elo de complementação o Estado político” (ANTUNES).
Esta é a essência necessária para a apropriação da desigualdade social e do contraponto que o Projeto Ético-Político faz ao que esta aí, a violação de direitos constituída na vida dos sujeitos que chegam nas diversas instituições que executam as políticas públicas, em busca de uma sobrevivência marginal.
O caminho dos Assistentes Sociais é, portanto, avançar, qualificar e enfrentar teorias pós-modernas, que, frente a esta sociedade perversa e excludente, propõe para o Serviço Social a negação da Questão Social, em um franco retrocesso às conquistas teóricas que fizemos e à possibilidade de romper na prática com o tarefismo profissional a partir da apropriação do aparente, com a entrevista pura e simples, utilizada como processo de trabalho e como os resultado deste trabalho, os encaminhamentos intermináveis que não levam a nada, a não ser, com a permanente violação de direitos.
O Projeto Ético-Político nos compromete como Assistentes Sociais, não permite recuos e nem negociação. Quem não se qualifica para ver além do aparente, de se comprometer com este mundo invisível dos sem direitos, escolheu errado a profissão, logo, ainda há tempo para ir em busca de outras plagas.
Já quem tem o Projeto Ético-Político como sua bússola sabe que a luta é constante e permanente e, principalmente, sabe que esta profissão é a única que tem como compromisso profissional e ético a garantia de direitos e que transforma seu conhecimento e sua competência em instrumentos de interlocução dos que não têm voz nem vez nesta sociedade que prima pela violação dos mesmos.
Maria da Graça Türck
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